A Polícia Civil de São Paulo apreendeu dez fuzis em uma operação em um sítio de Aguaí, no interior do estado, conforme anunciou a Secretaria de Segurança Pública nesta segunda-feira. Três dos armamentos contêm o brasão do Exército da Bolívia, e os agentes também encontraram 1,5 tonelada de cocaína pura no local.
O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) afirma que o grupo alvo da ação está envolvido no tráfico e na venda de armamentos para criminosos especializados no roubo de carros-fortes em ações no estilo do “novo cangaço”. A 4ª Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio (Disccpat) investigava o grupo há quatro meses.
Em junho, um endereço de Cordeirópolis no qual o bando escondia armas e drogas foi descoberto pelos policiais. Ao irem ao local, no entanto, os suspeitos já o haviam abandonado. O monitoramento de um dos envolvidos levou ao sítio em Aguaí, a 200km da capital.
Os policiais relataram ter enfrentado dificuldade no início das investigações em acompanhar os criminosos devido ao esquema de distribuição das armas e da droga. Assim que chegava, o material era rapidamente separado e colocado em um comboio. Em seguida, os veículos se separavam pela zona rural do estado, o que dificultava o rastreamento pelas autoridades.
Na avaliação dos investigadores, o grupo se aproveitou da rota da droga para traficar também armas.
— O bando estava aproveitando a logística do transporte de drogas para carregar o armamento. No Brasil, as armas e as drogas eram pulverizadas para outras organizações criminosas. Percebemos a movimentação deles na véspera e conseguimos identificar o imóvel que eles usariam para receber a mercadoria — disse o delegado Fábio Sandrin.
Os policiais cercaram o sítio e conseguiram prender três suspeitos. No caminhão de um deles foram encontrados dez fuzis, sendo um tipo AR 10, 6 FAL calibre 7.62, um AK calibre 7,62 e dois SIG ponto 30. A presença de insígnias do exército boliviano seriam um indicativo de onde elas foram desviadas até chegar nas mãos dos criminosos de São Paulo.
Se confirmada a origem, os armamentos serão devolvidos às Forças Armadas do país vizinho. Foram apreendidas também 355 munições e 53 carregadores.
A droga encontrada no sítio foi avaliada em R$ 120 milhões. Os presos, com idades de 27, 31 e 42 anos, foram encaminhados à sede do Deic, onde seguem detidos. Dois deles já tinham passagem criminal e seriam os responsáveis por cuidar da logística e do armazenamento das drogas e armas.
Fonte: OGLOBO