PM acusado de matar lutador Leandro Lo idealizou projeto contra violência doméstica

O policial militar Henrique Otávio Oliveira Velozo, acusado de ter matado o campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo durante uma briga em um clube na zona sul de São Paulo, idealizou um projeto da corporação, em 2019, chamado Segunda Força, que tinha como objetivo ensinar artes marciais a mulheres para que pudessem se defender em episódios de violência doméstica.

Em uma entrevista divulgada pelas redes sociais da Associação de Oficiais Militares do Estado de São Paulo, a Defenda PM, no dia 9 de dezembro de 2019, Henrique afirma que pratica artes marciais desde criança e idealizou o projeto, principalmente, para ensinar técnicas de defesa pessoal às mulheres.

“Tive a ideia e comecei a esboçar o projeto. Quando o coronel Fábio assumiu o comando da Escola Militar, deu oportunidades para ideias de projetos sociais, e eu apresentei a minha”, disse.

Ele afirma, ainda, que decidiu aliar os conhecimentos de defesa pessoal à inteligência emocional. “Entendi que isso poderia aprimorar a defesa”, explicou.

Na época, segundo o PM, 13 mulheres participavam do projeto. O limite inicial era de 20 pessoas, já que o curso era um “piloto”.A Defenda PM para saber se o acusado ainda faz parte da associação e detalhes sobre a participação dele no projeto, mas, até o momento, não obteve retorno.

Henrique Velozo passou por audiência de custódia na tarde desta segunda-feira (8) no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital, e o juiz entendeu que ele deve permanecer preso pela morte do lutador Leandro Lo. O tenente foi encaminhado para o presídio Romão Gomes.

Leandro Lo teve morte cerebral confirmada após ter sido baleado na cabeça pelo PM durante um show no Esporte Clube Sírio. Segundo a mãe da vítima, Fátima Lo, o tenente, por ser lutador de jiu-jítsu, conhecia Leandro. Os familiares suspeitam que Henrique tinha a intenção de provocar a vítima e agiu de forma premeditada.

Condenação em 2017 por agressão
Segundo documento do TJM (Tribunal de Justiça Militar), o policial estava de folga quando agrediu com socos o companheiro de farda Flávio Alves Ferreira, que trabalhava na madrugada de 27 de outubro de 2017, data do ocorrido.

Henrique Velozo e o primo Lury Oliveira Nascimento frequentavam a casa noturna The Week. Um grupo de sete pessoas começou a discutir com Iury e, em determinado momento, partiu para cima da vítima e de Henrique. Ambos ficaram feridos.

Os envolvidos foram expulsos da balada, e a Polícia Militar, acionada. O policial Flávio Alves Ferreira, que estava atendendo à ocorrência, se afastou, com um braço, de Henrique, que desferiu um soco no rosto dele. O policial de folga, que aparentava estar embriagado, também desacatou outros policiais no local.

Em 15 de setembro de 2020, Henrique foi julgado e absolvido em primeira instância, uma vez que as agressões não estavam evidentes no corpo de Flávio. Porém ele foi julgado em segunda instância após uma apelação do Ministério Público de São Paulo, desta vez com vídeos que comprovavam as agressões.

O policial foi condenado a cumprir nove meses em regime aberto, que começaram em 20 de julho deste ano.

Fonte: Com informações da Agência Estado

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