Polícia irá analisar se idoso que teve corpo mantido em casa por 6 meses pode ter sido vítima de homicídio

A cena macabra encontrada pelos policiais da 37ª DP (Ilha do Governador) ao entrar, na manhã desta quarta-feira, em uma casa no bairro Cocotá, na Ilha do Governador, parecia saída de um filme de terror. Em um dos cômodos, deitado na cama, os agentes se depararam com o cadáver de Dario Antonio Raffaele D’Ottavio, de 88 anos, em estado avançado de decomposição. A aparência era a de um corpo mumificado. Uma perícia preliminar indica que a morte aconteceu há pelo menos seis meses. Marcelo Marchese D’Ottavio e Tania Conceição Marchese D’Ottavio, filhos de Dario, foram presos em flagrante pelos crimes de ocultação de cadáver, resistência e lesão corporal. De acordo com o delegado Felipe Santoro, não está descartada a hipótese de morte natural, seguida da ocultação do cadáver por causa de transtorno psiquiátrico.

— Vamos analisar as causas da morte, determinar o exato momento em que isso aconteceu e também verificar se houve homicídio ou se decorreu de um estado mórbido ou uma doença. O que se sabe por enquanto é que há pelo menos seis meses esse corpo já estava no interior da residência, mas não sabemos o que fez esses irmãos o deixarem assim — disse Santoro, titular da 37ª DP.

A Polícia Civil chegou ao local após denúncias de vizinhos, que sentiram falta do idoso, nascido na Itália e popular nas redondezas. Alguns relataram que a vítima não era vista há dois anos. A data provável da morte ainda será determinada pela perícia. O corpo, de acordo com os policiais, foi mantido em um cômodo no quarto pavimento do imóvel, para ficar o mais afastado possível das casas vizinhas. O local havia sido vedado para evitar que o cheiro chamasse a atenção. A polícia vê fortes indícios de que os dois teriam mantido o corpo do pai escondido com o objetivo de continuar a receber rendimentos e benefícios do idoso.

Quando os agentes chegaram ao imóvel, onde os filhos viviam com o pai, Marcelo se mostrou agressivo e chegou a lutar com um deles. Tania tentou ajudar o irmão e também investiu contra os policiais. Os dois foram contidos e presos em flagrante.

Após a reação, os dois passaram mal e foram levados ao Hospital Municipal Evandro Freire, onde ficaram sob custódia. Ontem à noite, a Secretaria municipal de Saúde informou que o estado de ambos era estável. Os policiais encontraram bens aparentemente novos, o que levou à suspeita de que os irmãos se beneficiavam financeiramente do pai.

Outros casos
Em setembro de 2024, o corpo de Maria Auxiliadora de Andrade Santos, de 75 anos, foi encontrado por uma equipe do Samu em avançado estado de decomposição em apartamento na Vila da Penha. Lucimar, sua filha, vivia no imóvel com o cadáver trancado no quarto havia cerca de seis meses, segundo as investigações.

Em abril do ano passado, Érika Nunes chegou a uma agência bancária em Bangu levando o cadáver do tio, Paulo Roberto Braga, em uma cadeira de rodas, a fim de contrair um empréstimo. Ela conversava com o tio como se ele estivesse vivo. Com receio de que o idoso estivesse passando mal, os atendentes chamaram uma ambulância. No atendimento, foi constatada a morte, ocorrida pelo menos duas horas antes.

Em maio de 2024, vizinhos denunciaram o mau cheiro vindo do apartamento de Luiz Marcelo Ormond, no Engenho Novo, onde morava com a namorada, Júlia Pimenta. O corpo do empresário foi encontrado três dias depois de ele ter sido visto pela última vez no prédio. Estava enrolado em lençóis, sentado no sofá da sala. Dois ventiladores tentavam inibir o odor.

As investigações mostraram que Júlia havia envenenado Luiz Marcelo com morfina triturada em um brigadeirão que ela havia preparado para o namorado como parte de uma intrincada trama que envolvia uma cigana que seria sua guia espiritual. O laudo de necropsia apontou alta dosagem do medicamento e achocolatado no estômago dele.

Fonte: OGLOBO

Notícias Relacionadas

PM de SP assina contrato com Motorola na próxima semana, mas operação de novas câmeras nas fardas ficará para 2025

Veículo com embalagens de material radioativo é furtado em São Paulo, alerta Comissão Nacional de Energia Nuclear

Alunos de colégio tradicional de SP integram grupo de apologia ao nazismo no WhatsApp