A Polícia Civil da cidade de São Paulo prendeu na manhã desta terça-feira (16) um professor negro acusado de sequestrar e roubar uma idosa em Iguape, município do litoral paulista, por volta das 9h do dia 31 de outubro de 2023. Segundo a vítima, os crimes ocorreram na Avenida Adhemar de Barros, no Centro.
Mas, de acordo com a Escola Estadual Deputado Rubens do Amaral, na Zona Sul de São Paulo, Clayton Ferreira Gomes dos Santos estava dando aulas de educação física no mesmo horário e dia em que ocorreram os crimes. A escola fica na Rua Filipe Cardoso, no Jardim da Saúde.
Além do diretor da escola, a defesa e a família dele também alegam que o educador é inocente e que sua prisão é ilegal (saiba mais abaixo).
Clayton, que tem 40 anos, não dá mais aulas nessa escola, na capital, que fica 200 quilômetros distante do local no litoral onde uma aposentada de 73 anos contou ter sido abordada por um homem e duas mulheres que estavam num Chevrolet Celta preto. O motorista era um homem negro, de acordo com a vítima. Ela se identificou como sendo parda.
Segundo a idosa, os sequestradores obrigaram ela a entrar no veículo. Depois a levaram até uma agência bancária, onde mandaram fazer dois saques, que totalizaram R$ 11 mil.
Em seguida, os bandidos, de acordo com a idosa, disseram para depositar o dinheiro na conta de uma das mulheres da quadrilha. Mais tarde, o grupo roubou seus cartões de banco e a abandonou em uma rodovia.
Professor trabalhava na hora do crime
Segundo o diretor escolar Vilson Sganzerla, Clayton trabalhou no dia 31 de outubro de 2023 no horário em que ocorreram os crimes.
O diretor encaminhou para a defesa de Clayton cópia da ficha de ponto do professor na data de quando ele foi acusado de ter cometido sequestro e roubo em Iguape.
Advogado cita preconceito
Polícia prende professor negro acusado de sequestro e roubo no litoral de SP, mas escola diz que ele dava aulas na hora dos crimes
Clayton dos Santos foi preso nesta terça (16) após idosa reconhecê-lo por foto como sendo o homem que a assaltou em outubro de 2023 em Iguape. Advogado aponta preconceito racial e tenta descobrir como que foto do educador, que não tem antecedentes criminais, foi usada pela polícia.
Professor Clayton Ferreira dos Santos foi preso pela polícia acusado de sequestro e roubo no litoral, mas, segundo a escola, ele dava aulas na capital no momento do crime — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal
Professor Clayton Ferreira dos Santos foi preso pela polícia acusado de sequestro e roubo no litoral, mas, segundo a escola, ele dava aulas na capital no momento do crime — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal
A Polícia Civil da cidade de São Paulo prendeu na manhã desta terça-feira (16) um professor negro acusado de sequestrar e roubar uma idosa em Iguape, município do litoral paulista, por volta das 9h do dia 31 de outubro de 2023. Segundo a vítima, os crimes ocorreram na Avenida Adhemar de Barros, no Centro.
Mas, de acordo com a Escola Estadual Deputado Rubens do Amaral, na Zona Sul de São Paulo, Clayton Ferreira Gomes dos Santos estava dando aulas de educação física no mesmo horário e dia em que ocorreram os crimes. A escola fica na Rua Filipe Cardoso, no Jardim da Saúde.
Além do diretor da escola, a defesa e a família dele também alegam que o educador é inocente e que sua prisão é ilegal (saiba mais abaixo).
Clayton, que tem 40 anos, não dá mais aulas nessa escola, na capital, que fica 200 quilômetros distante do local no litoral onde uma aposentada de 73 anos contou ter sido abordada por um homem e duas mulheres que estavam num Chevrolet Celta preto. O motorista era um homem negro, de acordo com a vítima. Ela se identificou como sendo parda.
Segundo a idosa, os sequestradores obrigaram ela a entrar no veículo. Depois a levaram até uma agência bancária, onde mandaram fazer dois saques, que totalizaram R$ 11 mil.
Em seguida, os bandidos, de acordo com a idosa, disseram para depositar o dinheiro na conta de uma das mulheres da quadrilha. Mais tarde, o grupo roubou seus cartões de banco e a abandonou em uma rodovia.
Professor trabalhava na hora do crime
Documento enviado pela escola para advogado de professor mostra que ele deu aulas na capital na hora em que foi acusado de sequestrar e roubar idosa no interior — Foto: Reprodução
Documento enviado pela escola para advogado de professor mostra que ele deu aulas na capital na hora em que foi acusado de sequestrar e roubar idosa no interior — Foto: Reprodução
Segundo o diretor escolar Vilson Sganzerla, Clayton trabalhou no dia 31 de outubro de 2023 no horário em que ocorreram os crimes.
“Ele trabalhou na escola. Eu fiz a declaração. O que afirmei [é] que [Clayton] trabalhou num determinado tempo na escola. Parece sim existir equívoco [na prisão dele]”, falou Vilson nesta quarta ao g1.
O diretor encaminhou para a defesa de Clayton cópia da ficha de ponto do professor na data de quando ele foi acusado de ter cometido sequestro e roubo em Iguape.
Advogado cita preconceito
Clayton é professor atualmente da Escola Estadual Maria José, na Bela Vista, Centro de São Paulo. Segundo seu advogado, Danilo Reis, o cliente e uma das mulheres foram reconhecidos pela vítima por fotografias apresentadas a ela pela polícia de Iguape.
O advogado não sabe como a foto de Clayton foi parar no banco de imagens mostradas pela polícia à vítima. “Ele nunca teve passagens criminais anteriores”, afirmou Danilo.
O advogado suspeita até na possibilidade de que alguém ainda não identificado possa ter usado a foto e documentos de seu cliente de maneira criminosa para prejudicá-lo.
A pedido da polícia de Iguape, e com a concordância do Ministério Público (MP) da cidade, a Justiça local decretou a prisão temporária de Clayton em 17 de novembro de 2023.
Danilo não soube informar se a outra mulher identificada pela vítima por foto foi presa também. “Só posso dizer que Clayton não conhece essa outra suspeita, nunca a viu. Ele sequer esteve em Iguape antes. Foi acusado pela polícia de dirigir o carro usado nos crimes, mas ele não tem nem carteira de habilitação. Não sabe dirigir e só usa transporte público”.
A defesa do professor entrou na Justiça com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) solicitando que a prisão temporária de Clayton seja revogada. A alegação é de que ele não cometeu os crimes porque estava trabalhando.
“Entre esta quarta e quinta-feira [18] algum desembargador do TJ irá analisar o pedido de liminar que pedimos para ele ser solto”, disse Danilo.
Nesta quarta, Clayton passará por audiência de custódia no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste, onde a Justiça deverá manter a prisão dele.
“O juiz da audiência de custódia só verifica se a prisão foi feita de maneira correta pelos policiais, então não caberá a ele revogar essa prisão”, falou o advogado.
No entendimento da defesa, o professor está passando por “constrangimento ilegal” por causa “injusta prisão”.
Policiais prenderam professor em delegacia
Segundo Claudia Gomes, esposa de Clayton, ele foi preso após atender um pedido da policia para comparecer ao 26º Distrito Policial (DP), Sacomã, na Zona Sul.
A mulher contou que seu marido recebeu uma carta na portaria do prédio onde moram na capital para ir à delegacia esclarecer informações que ele havia dado num boletim de ocorrência eletrônico que fez do furto de seu celular. Clayton não conseguiu reaver o aparelho furtado dele.
“Como que pode um inocente ter que provar que ele é inocente? Só no nosso país acontece isso de um inocente ter de provar que é inocente. A pessoa fica apavorada, sem saber de nada”, falou a esposa do professor.
O que diz a SSP
Procurada para comentar o assunto, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) respondeu que a prisão de Clayton seguiu o que a investigação policial apurou e teve a concordância do MP e da Justiça.
Mas informou que qualquer irregularidade da delegacia tem de ser comunicada pelas partes à Corregedoria da Polícia Civil:
“O caso é investigado pela Delegacia de Iguape, que identificou, após trabalho de polícia judiciária, o homem citado como suspeito de um roubo em Iguape, em 31 de outubro de 2023, quando uma mulher de 73 anos teve o valor de R$ 11 mil subtraído. A vítima reconheceu o suspeito e uma mulher como autores do crime.
A autoridade policial da delegacia de Iguapé reuniu o conjunto probatório e representou ao Judiciário pela prisão temporária dos investigados. O MP manifestou parecer favorável ao pedido, que foi concedido pelo juiz. O homem foi preso na manhã da terça-feira (16) após mandado policial, na zona sul da Capital e permaneceu à disposição da Justiça. Qualquer denúncia de irregularidade pode ser notificada à Corregedoria da Polícia Civil.”
Fonte: r7