Polícia procura donos de clínica acusados de torturar e matar paciente; Justiça decretou prisões de réus, que estão foragidos

A Polícia Civil procura os dois donos da clínica de terapia para usuários de drogas em Cotia, na Grande São Paulo, acusados de torturar um paciente até a morte em julho. Eles são considerados foragidos da Justiça. Até a última atualização desta reportagem não foram presos ou se entregaram.

Nesta segunda-feira (26) a Vara Criminal de Cotia decretou as prisões preventivas de Cleber Fabiano da Silva e de Terezinha de Cássia de Souza Lopes da Conceição, proprietários da Comunidade Terapêutica Efatá. Eles são enfermeiros e casados.

Cleber e Terezinha também se tornaram réus por participar da tortura e morte de Jarmo Celestino de Santana. O monitor da clínica, Matheus de Camargo Pinto, também é réu no mesmo processo e já está preso preventivamente desde julho. Prisões preventivas costumam durar até o eventual julgamento dos acusados.

De acordo com o Ministério Público (MP), os enfermeiros deram para Jarmo um coquetel de medicamentos. O objetivo, segundo eles, seria o de sedar o paciente que teria chegado agitado e agressivo à clínica. O casal já havia respondido a um processo anterior por maus-tratos contra internos em outra clínica que tinham na mesma cidade. Mas não foram responsabilizados nesse caso.

O monitor foi acusado pela Promotoria de agredir o paciente. Ele chegou a filmar e compartilhar um vídeo nas redes sociais que mostra a vítima com os braços para trás, amarrados com corda, e presos a uma cadeira. Nas imagens é possível ver outras pessoas rindo e zombando do paciente.

Matheus ainda enviou uma mensagem de voz para uma outra pessoa confirmando ter agredido o interno: “Cobri no cacete”. Em outros vídeos gravados, ele aparece rezando no local com mais internos antes do crime.

Laudo do Instituto Médico Legal (IML) concluiu que Jarmo morreu por causa dos 11 tipos diferentes de remédios que foi obrigado a tomar e pelas agressões que sofreu. A vítima tinha 55 anos.

Segundo o documento da Superintendência da Polícia Técnico-Científica, o paciente faleceu em decorrência de “fármacos psiquiátricos” e “trauma abdominal”. Ele apanhou com socos e pontapés e ainda tomou um composto com comprimidos apelidado de “Danoninho”.

O g1 procurou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) para saber se os mandados de prisões contra Cleber e Terezinha foram cumpridos e aguarda um retorno.

Policiais ouvidos pela reportagem disseram que quem tiver informações sobre o paradeiro dos procurados pode ligar para o telefone 181 do Disque-Denúncia. Não é preciso se identificar.

Procurada nesta terça-feira (27) pelo g1, a advogada Terezinha Cordeiro de Azevedo, que defende os donos da clínica, informou que não comentaria a decisão da Justiça que tornou seus clientes réus e decretou suas prisões.

Em outras ocasiões, antes da decisão judicial desta segunda, ela havia dito que “futuramente será devidamente comprovada a inocência do casal”.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa do monitor para tratar do caso. Matheus trabalhava como monitor da clínica havia duas semanas. Quando foi interrogado pelos policiais, confessou que bateu em Jarmo para contê-lo porque o paciente estava “transtornado psicologicamente” e em “surto”.

Internação de paciente

Jarmo havia sido internado na clínica em 5 de julho, quando foi levado à força para a Efatá por funcionários a pedido da família dele. A morte do paciente acabou confirmada em 8 de julho, quando deu entrada ferido num hospital em Vargem Grande Paulista, outro município da região metropolitana.

Quem o levou ao hospital foram outros monitores da Efatá. Jarmo apresentava diversas lesões de agressões pelo corpo e não resistiu aos ferimentos, segundo os médicos.

Conselho de Enfermagem

O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) também investiga se Cleber e Terezinha, que são enfermeiros, cometeram alguma infração ética e profissional em relação à clínica e ao próprio paciente morto.

As punições previstas, em caso de confirmação da infração são: advertência, multa, censura, suspensão temporária do exercício profissional ou cassação do exercício profissional pelo Conselho Federal de Enfermagem.

Segundo a Prefeitura de Cotia, a clínica de terapia era clandestina. Uma equipe da Vigilância Sanitária esteve no endereço, interditou o local e atestou que a clínica particular não tem nenhum tipo de autorização para funcionamento. Os donos alegam o contrário: de que estariam regularizados para funcionar.

Fonte: G1

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