Porsche amarelo: MP quer ao menos 18 anos de prisão para motorista que perseguiu, atropelou e matou motoboy

O Ministério Público (MP) sugeriu à Justiça de São Paulo que o motorista do Porsche amarelo acusado de perseguir, atropelar e matar um motociclista que quebrou o retrovisor do seu carro de luxo receba uma pena de pelo menos 18 anos de prisão caso ele seja julgado e condenado pelo crime.

O MP denunciou o empresário Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, motorista do Porsche, por homicídio doloso triplamente qualificado por motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Segundo a acusação feita pela Promotoria, ele teve a intenção de matar o motoboy Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21.

O crime ocorreu em 29 de julho na Avenida Interlagos, Zona Sul da capital paulista, e foi gravado por câmeras de segurança. Mesmo sem ter bebido, Igor foi preso em flagrante pela polícia por conta das imagens. Elas mostram o empresário usando o Porsche para derrubar a moto de Pedro.

Nesta terça-feira (6), a Justiça aceitou a denúncia do MP e tornou Igor réu no processo. A juíza Isabel Begalli Rodriguez, da 3ª Vara do Júri, ainda irá marcar a audiência de instrução do caso para decidir se levará o motorista do Porsche a júri popular para ser julgado pelo crime.

Se o empresário for levado a julgamento, Igor será julgado por sete jurados no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste. Dependendo da decisão deles, o réu poderá ser condenado. Neste caso, a pena seria determinada pela magistrada.

“Se ele for condenado nos termos da denúncia, a pena pode ser fixada em torno de 18 anos de reclusão em regime fechado”, disse nesta quarta-feira (7) ao g1 e à TV Globo a promotora Renata Cristina de Oliveira Mayer.

O motorista do carro de luxo alegou em sua defesa que seguiu o motociclista, mas que não quis atropelar nem matar o piloto. A delegacia que investiga o caso irá pedir para a Polícia Técnico-Científica fazer a reconstituição do crime. Os peritos deverão usar um scanner 3D e drones para depois fazerem uma animação simulada de como ocorreu a batida entre o Porsche e a motocicleta.

O Instituto de Criminalística (IC) ainda vai analisar os vídeos do atropelamento para tentar estabelecer uma estimativa da velocidade em que os veículos estavam no momento da colisão. O limite de velocidade para a via é de 50 km/h.

A Polícia Civil também vai pedir que a Porsche, marca da fabricante do carro de luxo envolvido na batida com a moto, informe o que o velocímetro do automóvel marcava quando ocorreu o atropelamento. O veículo possui um módulo interno, uma espécie de “caixa-preta”, com informações e dados sobre ele.

Segundo um caminhoneiro que viu a perseguição e o atropelamento, o motociclista quebrou o retrovisor do Porsche, que depois saiu em disparada perseguindo a moto até derrubá-la e matar o piloto.

A namorada do empresário, que estava no banco do passageiro, sofreu ferimentos leves e foi levada a um pronto-socorro. O motorista não se feriu com gravidade. Pedro foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e teve a morte confirmada num hospital.

“Eu acompanhei um motoqueiro subindo a [Avenida] Interlagos… chutou o retrovisor da Porsche no farol. O cara da Porsche deu uma ré e foi disparadamente atrás do motoqueiro”, falou o caminhoneiro Gustavo Pinheiro. Ele deverá ser ouvido nesta semana pela delegacia que investiga o caso.

Na última semana, a Justiça converteu a prisão em flagrante de Igor em preventiva, sem prazo para sair. O empresário está detido atualmente em um presídio em Guarulhos, na região metropolitana. O g1 tenta contato com a defesa do motorista do Porsche.

A Promotoria ainda pediu que a magistrada fixe um “valor mínimo de indenização a ser pago aos familiares da vítima”. Isso porque, de acordo com o Ministério Público, “Pedro era casado e sua esposa estava grávida na data do crime”.

Uma semana antes de perseguir, atropelar e matar o motociclista, Igor usou o mesmo Porsche para seguir uma família que era sua sócia num bar que possuí no Itaim Bibi, Zona Sul da capital.

Fonte: G1

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