Prédio desaba no Grande Recife dois dias depois de ser interditado pela Defesa Civil

Parte de um prédio residencial do tipo “caixão” — modelo de construção de alvenaria sem uso de pilares ou vigas de sustentação — desabou na manhã desta terça-feira (6), no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife (veja vídeo acima). A estrutura ruiu apenas dois dias depois que o imóvel foi interditado pela Defesa Civil, no domingo (4).

Segundo a prefeitura, não há registros de vítimas. Porém, equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil foram acionadas para fazer uma varredura no local e verificar se, de fato, ninguém foi atingido.

O acidente aconteceu às 10h51, no Edifício Kátia Melo, localizado na Rua Joaquim Marquês de Jesus. O prédio tinha quatro pavimentos, incluindo três andares e o térreo.

Imagens enviadas à TV Globo mostram os escombros no terreno onde ficava o prédio. Segundo a Defesa Civil de Jaboatão, o residencial apresentava vários sinais de risco de desabamento, como fissuras, abatimento de piso e indícios de movimentação na estrutura.

De acordo com testemunhas, equipes da Defesa Civil e da Polícia Militar foram deslocadas para o local. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) informou que foi acionado às 10h57, junto com o Corpo de Bombeiros.

Em entrevista à TV Globo, o secretário de Defesa Civil de Jaboatão, coronel Elton Moura, disse que o prédio foi desocupado durante a ação de interdição no fim de semana e que não há relatos de que havia pessoas no local (veja vídeo abaixo). No entanto, há possibilidade de que alguém tenha tentado entrar no edifício sem autorização.

A artesã Rosa Alcântara mora em frente ao prédio que desabou. Ela contou ao g1 que vive no local há 15 anos e disse que levou um susto quando ouviu o barulho do desmoronamento.

Uma moradora do Edifício Kátia Melo, identificada apenas como Alneide disse à TV Globo que vivia no segundo andar do prédio e afirmou que a estrutura do imóvel vinha dando sinais de desgaste nos últimos dias.

“No meu apartamento, a grade não estava fechando e chamei um serralheiro para abrir. Ele me disse ‘se acontecer isso de novo, esse prédio está cedendo’. Quando foi uns dias depois, no sábado, começou a porta encostando no chão e ficou sem abrir. Meu vizinho consertou, mas, no domingo, a porta não abria mais de novo. Aí eu me desesperei, porque de um dia pro outro, a porta que eu tinha consertado não abria mais… Quer dizer: estava cedendo”, relatou.

Após o desabamento, a Neoenergia informou que também enviou uma equipe ao local e cortou a energia da área para evitar novos acidentes.

“Prédios-caixão”
Conhecidos pelo formato de caixa, sem uso de vigas ou pilares de sustentação, os “prédios-caixão” são construídos sem concreto armado. Eles usam “alvenaria resistente na função estrutural”, o que significa que as próprias paredes sustentam a estrutura.

Esse tipo de edifício se tornou comum em Pernambuco na década de 1970, por ter um baixo custo de construção e tornar a obra mais ágil;
A partir dos anos 1990, os primeiros prédios-caixão começaram a desabar na Região Metropolitana. Ao menos 20 já ruíram total ou parcialmente ao longo dos anos;
Um estudo conduzido pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) apontou que havia 5,3 mil prédios-caixão nas cidades de Recife, Olinda, Paulista e Jaboatão dos Guararapes;
O levantamento também apontou que aproximadamente mil edifícios tinham risco alto de desabar, enquanto 260 apresentavam risco muito alto;
Em agosto de 2023, o g1 mostrou que 148 prédios-caixão dos classificados com risco “muito alto” de cair, ainda estavam de pé no Grande Recife, apesar de algumas demolições e desmoronamentos;
Em abril de 2023, seis pessoas morreram durante o desmoronamento do Edifício Leme, no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda. Em julho, outras 14 vidas foram perdidas na queda do bloco D-7 do Conjunto Beira-Mar, no Janga, em Paulista.

Fonte: G1

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