A primavera começou neste domingo com uma expectativa de ondas de calor intensas, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Nesta primeira semana, segundo alertas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de altas temperaturas para todo o país. No entanto, no Rio Grande do Sul, a chegada de uma frente fria a partir de domingo deve provocar chuvas fortes no estado.
O Inmet emitiu um alerta de Perigo Potencial para a onda de calor que cobre uma faixa de 11 estados, desde o Amazonas, até o Rio Grande do Sul. Nestas regiões, a temperatura deve permanecer 5ºC acima da média até terça-feira.
Chuvas no RS
A defesa civil do Rio Grande do Sul emitiu neste domingo um alerta para o risco de inundação. Até quarta-feira, diversas regiões do estado poderão ter acumulados de chuva de até 300 milímetros. Em quatro dias, pode chover o correspondente ao volume somado de dois meses.
Os 300 mm correspondem à soma do que chove em junho e julho historicamente em Porto Alegre, que são dois dos três meses de maior precipitação na região. A situação mais preocupante se refere às regiões da Campanha, Sul, Litoral Sul e Costa Doce.
Além da precipitação, os ventos são sinal de alerta, pois podem chegar a até 80 km/h. Os temporais também poderão vir acompanhados de descargas elétricas e granizo.
A elevação nos níveis dos mananciais alcança as bacias hidrográficas da metade sul, incluindo Butuí-Icamaquã, Ibicuí, Quaraí, Santa Maria, Negro, Vacacaí-Vacacaí Mirim, Baixo Jacuí, Camaquã, Mirim-São Gonçalo e Litoral Médio.
“Primaverão”
Durante a estação, o Brasil deve experimentar temperaturas acima da média histórica, que poderão ser uma das principais preocupações deste período. Segundo o Prognóstico Climático para a Primavera de 2024, publicado pelo Inmet, a primavera será marcada por episódios de calor extremo, influenciados pelo fenômeno La Niña, com impactos tanto na saúde pública quanto na agricultura.
O calor deve ser um problema recorrente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. O ar seco e a irregularidade das chuvas vão intensificar os períodos de temperaturas elevadas, com maior risco de ondas de calor entre outubro e dezembro.
As precipitações, que retornam gradualmente a partir de outubro, não serão suficientes para impedir o avanço da seca em partes dessas regiões, afetando diretamente a agricultura, principalmente nas fases iniciais do plantio de soja e milho. O Inmet alerta que a primavera será um período crítico para monitoramento, visto que as altas temperaturas podem acentuar a evaporação do solo, prejudicando as plantações.
Na Região Norte, especialmente no sul da Amazônia, a combinação de calor intenso e baixa umidade trará um aumento na incidência de queimadas e incêndios florestais, com outubro sendo o mês mais crítico.
A previsão indica menos chuvas do que o esperado para o período, tornando a região ainda mais suscetível ao fogo. Em contrapartida, áreas como o sudoeste do Amazonas e o Acre podem receber volumes de chuvas dentro ou acima da média, mas ainda enfrentam riscos relacionados ao calor prolongado.
O Nordeste também será afetado pelo calor, especialmente no interior e oeste da região, onde as temperaturas devem ultrapassar a média histórica. O fim da estação chuvosa trará meses mais secos para grande parte do território, com alto risco de ondas de calor, principalmente nos estados do Piauí e Maranhão. O sudeste da Bahia será uma exceção, com chance de registros chuvas mais próximas da média, o que deve amenizar a situação no local.
A Região Sul terá uma primavera marcada pela irregularidade das chuvas. Estados como Paraná e Santa Catarina devem registrar precipitações abaixo da média, o que poderá impactar o solo e prejudicar as lavouras. No entanto, o Rio Grande do Sul pode apresentar chuvas mais regulares, favorecendo as plantações. A chegada de ondas de calor em dezembro também ameaça a umidade do solo, essencial para a nova safra agrícola.
De acordo com o Inmet, o calor extremo durante a primavera será impulsionado por altos níveis de radiação solar e padrões climáticos intensificados pelo La Niña; a situação deverá colocar as regiões mais quentes do país em estado de alerta.
Para ser caracterizado como onda de calor — expressão que se popularizou no ano passado após nove ocorrências do fenômeno —, é preciso ficar pelo menos cinco graus acima da média por um período de cinco dias ou mais.
O cenário, conforme explicam os especialistas, tem implicações diretas na saúde pública, com o aumento questões relativas à desidratação e problemas respiratórios, além dos impactos na agricultura, com risco de perdas em culturas sensíveis ao calor e à falta de água.
Fonte: OGLOBO