São Paulo Projeto de Tarcísio de privatização da Sabesp garante apenas de 0,5% a 1% de redução na conta de água para 92% dos clientes Redação2 de maio de 2024042 visualizações Previsto para ser votado em definitivo na Câmara Municipal de São Paulo nesta quinta-feira (2), o projeto de privatização da Sabesp proposto pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) assegurou a redução de somente 0,5% a 1% para mais de 92% dos clientes da empresa no estado de São Paulo. Embora o governo paulista tenha afirmado logo depois do 1º turno na Câmara de SP que já estava autorizada a redução de 10% na conta de água para os paulistas, na prática, essa redução vale para apenas 959 mil usuários de baixa renda (7,41% do total de clientes atuais da empresa). A Sabesp tem quase 12,9 milhões de clientes no estado. Desse total, 403 mil são considerados em situação vulnerável e 555 mil, de tarifa social. Esses dois grupos serão contemplados com a redução de 10% na conta anunciada por Tarcísio, enquanto o restante, 11,09 milhões de clientes (92,6% do total), receberão apenas 1% de redução na conta, no caso de usuários residenciais, e 0,5%, para usuários comerciais e industriais. Quantos são os atuais clientes da Sabesp: Residencial Vulnerável – 403.311 (redução de 10% na conta)Residencial Social – 555.780 (redução de 10% na conta)Residencial Normal – 11.097.367 (redução de 0,5% a 1% na conta)Total residencial – 12.056.458 (redução de 0,5% a 1% na conta)Total Geral: 12.942.843Fonte: Sabesp Questionada pelo g1 sobre o valor irrisório de redução assegurado até agora pelo governo no processo de privatização para a maioria dos clientes da empresa, a secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, Natália Resende, disse que considera os valores expressivos. Nas contas da secretária, a redução de 1% para os clientes residenciais vai deixar a conta ligeiramente mais barata ao longo dos anos do que se a empresa não fosse privatizada. “Ao longo do tempo, a tarifa vai ficar sempre abaixo do que seria a estatal. Isso a gente está deixando tudo amarrado e escrito, para o usuário também acompanhar e ficar bem transparente”, afirmou Resende. Aumento de 6,4% em 10 de maioAs tarifas de água da Sabesp são reajustadas anualmente em maio pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp). Neste ano, a agência autorizou o reajuste de 6,4% para todos os 12,9 milhões de clientes da empresa. Esse aumento da conta de água começa a valer em 10 de maio deste ano. Isso significa que, se a privatização acontecer ainda neste ano, como prevê a gestão Tarcísio, a conta de água vai ficar apenas 3,7% mais barata para os clientes em situação vulnerável ou da tarifa social do que é nesta quinta (2) – uma semana antes do reajuste anual da tarifa começar a valer. Para o usuário normal, que representa 92,6% do total de clientes da empresa, com a privatização que pode ser aprovada em definitivo na Câmara Municipal de SP e selar de vez o repasse da Sabesp para a iniciativa privada, o valor da conta após a privatização será 5,4% mais caro do que é atualmente, antes do reajuste de 10 de maio. Votação em 2º turno na Câmara de SPA privatização da Sabesp já está aprovada na Assembleia Legislativa de SP (Alesp) desde dezembro do ano passado. Mas como a cidade de São Paulo é o maior cliente da empresa no estado, a gestão municipal precisa autorizar a alteração da empresa a partir do momento em que ela for privatizada. Segundo especialistas, sem a autorização da cidade de SP para ingressar no novo regime, dificilmente alguma empresa privada se interessaria em comprar a estatal. Na capital paulista, os vereadores já aprovaram a privatização em 1º turno no dia 17 de abril, após uma sessão cheia de confusão e bate boca, que terminou com 36 votos favoráveis a privatização e 18 contrários (veja aqui como votou cada vereador no 1º turno). Mas para começar a valer, o projeto de lei do prefeito Ricardo Nunes (MDB) autorizando a privatização precisa passar por segunda votação na Casa. O cronograma pensado pelo presidente da Casa, o vereador Milton Leite (União Brasil), é realizar a nona e última audiência pública durante a manhã desta quinta (2) e iniciar a votação no plenário na tarde do mesmo dia. O presidente do Legislativo – aliado de Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas – acredita que o projeto será aprovado, mesmo sob protesto e pressão, durante a noite. Parte dos vereadores, entretanto, acredita que a votação pode se estender até sexta ou até mesmo sábado. “Imprevisível”, alegou Milton Leite à GloboNews. Determinação judicialNa semana passada, a juíza Celina Kiyomi Toyoshima, da 4ª Vara de Fazenda Pública da Justiça de São Paulo, determinou a suspensão da segunda votação até que seja feito um laudo de impacto orçamentário. Segundo os Núcleos Especializados de Defesa do Consumidor e de Habitação e Urbanismo, ainda não foi apresentado. A decisão também ordena que todas as audiências públicas previstas sejam realizadas antes da segunda votação, o que, segundo a Câmara, já está previsto no trâmite. De acordo com a manifestação da Defensoria Pública de São Paulo, o calendário divulgado propôs a realização de sete audiências públicas entre 15 e 27 de abril. No entanto, em 16 de abril, entre a primeira e a segunda audiências públicas, foi noticiado que iria ocorrer a primeira votação em 17 de abril. Portanto, no dia da segunda audiência pública, também ocorreu a votação do projeto de lei, inviabilizando a participação popular. Em sessão na Câmara na semana passada, o vereador Milton Leite alegou que os trâmites legais estão sendo cumpridos e que não há violação da determinação. “Nós estamos cumprindo os trâmites legais. Não foi determinada a interrupção do processo, portanto, seguimos com plena tranquilidade.” Fonte: G1