O Brasil vive mais uma semana de crise climática e o Fantástico percorreu quase 2 mil quilômetros pelos estados do Acre, Amazonas e Rondônia. Os cenários são desoladores com queda do nível da água dos rios e fumaça dos incêndios que alteraram dramaticamente a rotina de brasileiros que vivem nessas regiões.
Na Amazônia Legal, as queimadas dobraram em relação ao ano passado. O Rio Madeira, quarto maior do Brasil, atingiu o menor nível de água já registrado. São dados que assustam e geram incertezas para o futuro.
Em Humaitá, cidade que fica às margens do Rio Madeira, o ribeirinho Ademar da Silva Moreira explica que agora precisa caminhar muito mais para pegar a água no rio e, a cada dia, o trajeto fica maior.
A água é para a plantação da esposa, Raimunda da Silva Moreira.
Em outro ponto do rio, próximo à fronteira com Rondônia, a reportagem pegou uma carona com Francisco. Ele mostra a fumaça, que começa a tomar conta do ambiente na estrada.
“A gente não sabe de onde está vindo isso. Se é da estrada ou se é dos campos, porque tá demais, tem dia que a gente não enxerga nada. Agora que até deu uma clareada, olha como tá”, fala.
Mais adiante, é possível ver um canal que dava no Rio Madeira e que secou: não existem mais barcos ou peixes.
Impacto social e econômico
Em Rondônia, o baixo nível da água impacta a economia de diferentes maneiras. Os bancos de areia se tornam obstáculos para a navegação.
Já a geração de energia elétrica corre risco de ser interrompida com a menor vazão do rio na região das usinas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia. Na capital Porto Velho, a combinação da falta de chuva com queimadas provoca caos no aeroporto local.
🛬❌ Entre agosto e setembro, já foram mais de 40 pousos e decolagens cancelados pela baixa visibilidade.
Quem também sofre muito com essa seca toda são os animais. Um exemplo são os jacarés.
Acre o tomado pela fumaça
A última parada da reportagem do Fantástico foi no Acre. São mais de 500 quilômetros até a capital Rio Branco e, o que chama atenção é o fato de não ter nenhuma região que não tenha uma fumaça cinza provocada pelas queimadas.
Sem chuva e sem asfalto, o resultado é muita poeira. Ao lado da estrada, o que se vê são muitas fontes de fumaça.
Quase na divisa entre os dois estados, uma fumaça mais escura, de uma grande queimada. Como não tem brigadista ou bombeiro, as chamas destroem tudo.
Em Rio Branco, as máscaras voltaram a fazer parte da vida da população.
Para se ter uma ideia da situação, na semana passada, quando São Paulo apareceu como a metrópole com a pior qualidade de ar do planeta, respirar na capital era o equivalente a fumar quatro cigarros por dia.
Nesta semana, na capital acreana, a estimativa era de 30 cigarros.
Em Sena Madureira, a duas horas de Rio Branco, o Rio Iaco ficou apenas com 32 centímetros neste domingo: o pior índice da história.
As vizinhas Maria de Souza e Maria do Socorro moram à beira de um afluente, o Rio Caetê. Depois de um AVC há dez anos, Maria de Souza não pode mais andar, mas com o rio no nível normal dava até para dizer que os peixes vinham até ela.
Apesar da dificuldade, Maria de Souza não perde o bom humor. “Dois baldão para tomar banho a hora que quer, é benção”, diz.
Fonte: FANTASTICO