Brasil Rússia colocou espiões no Brasil, diz New York Times Redação21 de maio de 2025018 visualizações Em uma história que parece vinda de um filme ou de uma série, o jornal The New York Times revelou nesta quarta-feira a atuação de espiões russos no Brasil. Conforme a publicação, a intenção dos agentes não era espionar o governo brasileiro, mas criar identidades, laços e até mesmo negócios no País para usá-los como pano de fundo em operações ilegais nos Estados Unidos, Europa e no Oriente Médio. Uma vez “vestidos” com o verniz verde-amarelo poderiam atuar em ofensivas de interesse russo sem despertar a atenção de que trabalham para o presidente Vladimir Putin. Um dos citados é Artem Shmyrev, membro da inteligência russa. Ele criou uma empresa de impressões 3-D e morava em uma apartamento no Rio de Janeiro com a sua namorada brasileira. O disfarce ia além do trabalho e do relacionamento amoroso. Shmyrev tinha uma certidão de nascimento e um passaporte com o nome de Gerhard Daniel Campos Wittich, um “brasileiro” de 34 anos. Shmyrev ficou como uma célula adormecida por seis anos e ansioso para entrar em ação. A vida dupla do russo também inclui uma esposa na Rússia, que também atua como agente de inteligência. A impaciência com a situação ficou evidente em uma mensagem enviada a ela em 2021. “Ninguém quer se sentir como um perdedor”, escreveu. “Por isso que continuo trabalhando e com esperança”, acrescentou na comunicação à amada. Ele não está sozinhoConforme o The New York Times, Shmyrev não era o único agente russo em território brasileiro. A investigação do jornal mostra que a Rússia usou o Brasil para abrigar uma linha de montagem de espiões. E o fez usando operadores de elite, considerados até mesmo ilegais. A partir daí, e com a criação de laços, esses homens e mulheres viveram eventos através dos últimos anos que sustentariam as suas novas identidades. Um dos colegas de Shmyrev iniciou um negócio de venda de joias. Outra atuava como modelo. Há ainda um pesquisador que chegou a trabalhar na Noruega, enquanto um casal tinha o costume de viajar a Portugal. Os disfarces, porém, começaram a ser descobertos e de maneira discreta por agentes de contra-inteligência do Brasil. Nos últimos três anos, as investigações encontraram padrões e a partir deles foi possível identificar cada um dos espiões russos. A operação chamada de Leste, deflagrada pela Polícia Federal, prendeu duas pessoas até o momento, mas encontrou nove russos. O trabalho policial do Brasil não ficou restrito ao território brasileiro. A atuação foi estendida para oito países, com a colaboração das inteligências dos Estados Unidos, Israel, Holanda e Uruguai. Com a atuação dos agentes brasileiros, a iniciativa russa de colocar espiões treinados no Brasil sofreu um duro golpe. Alguns agentes que não foram presos, mas identificados, agora serão difíceis de serem realocados. Outros foram obrigados a retornar para a Rússia e ficaram sem perspectiva de trabalhar no exterior novamente. A equipe da PF, segundo o The New York Times, é a mesma que trabalhou nas investigações da tentativa de golpe envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus ministros. Espião em São PauloUm dos casos relatados pelo The New York Times traz a história de Sergey Cherkasov. O espião russo foi primeiramente encontrado pela CIA, que passou o recado para a Polícia Federal. Depois de ter a entrada negada na Holanda, ele conseguiu ingressar no Brasil por São Paulo. Num primeiro momento, os agentes não o prenderam, mas ele ficou sob vigilância, até ser detido por porte de documentos falsos apesar de alegar que era brasileiro. Fonte: r7