Saúde começa vacinação contra mpox no dia 13; saiba quem poderá se imunizar

Com 46 mil doses à disposição do PNI (Programa Nacional de Imunizações), o Ministério da Saúde se prepara para dar o pontapé inicial na campanha de vacinação contra a mpox (varíola do macaco). A aplicação do imunizante começa na próxima segunda-feira (13), conforme informou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, ao Estadão.

A reportagem também teve acesso ao informe técnico enviado a estados e municípios. Segundo o documento, para a vacinação pré-exposição, estarão elegíveis pessoas que vivem com HIV/Aids que tenham “contagem de linfócitos T CD4 inferior a 200 células” e profissionais que trabalham diretamente com orthopoxvírus em laboratórios. Para a pós-exposição, entram no grupo pacientes com suspeita ou confirmação da doença, classificados como de exposição de risco alto ou médio.

Considerando-se que não há mais disponibilidade de imunizante no mercado (o ministério havia comprado 49 mil, mas só recebeu 46 mil, conforme o documento), a estratégia de vacinação continua enquanto durarem os estoques.

A primeira remessa de imunizantes, com 9,8 mil unidades, foi recebida pelo Brasil ainda em outubro. Por unanimidade, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) havia aprovado a utilização das vacinas Jynneos/Imvanex ainda em agosto, tendo prorrogado a dispensa de registro por mais seis meses em fevereiro deste ano.

O documento também traz o desenho epidemiológico do surto no País até a semana sete de 2023 (12/2/2023 a 18/2/2023). No total, houve notificação de 50.803 casos suspeitos para mpox: 10.301 (20,3%) foram confirmados; 339 (0,7%) classificados como prováveis; 3.665 (7,2%), suspeitos e 36.498 (71,8%), descartados. No período, foram registradas 15 mortes.

A curva de casos mostra crescimento a partir de julho e pico em agosto. Depois, a partir de setembro, tendência de queda, embora casos continuem a ser notificados. Essa persistência, segundo o documento, é o que justifica a necessidade da campanha e o foco em pacientes com potencial de agravamento da doença.

“Considerando o panorama epidemiológico da infecção por mpox, com persistência de casos confirmados no território brasileiro e, apesar de tendência decrescente no mundo inteiro, a frequência de óbitos e a ocorrência de morbimortalidade são maiores entre as pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA), em especial naquelas com status imunológico de contagem de linfócitos T CD4 inferior a 200 células”, diz o documento.

“Felizmente, o cenário epidemiológico é de declínio”, afirma Ethel. “Como o vírus ainda está circulando — não há eliminação, mas controle —, é importante vacinarmos para maior proteção dos mais vulneráveis ao desenvolvimento de quadros clínicos mais graves ou mais expostos ao vírus.”

Questionada sobre o porquê de a vacinação começar só agora, Ethel disse que “recebemos [o governo] com as doses sem uso e pedimos à Anvisa autorização para utilizar as vacinas”.

O Estadão buscou também o Ministério da Saúde, por meio de sua assessoria de imprensa, que confirmou que a campanha começa em março, mas não informou a data de início. A pasta destacou que a estratégia e o público prioritário para vacinação foram acordados com estados e municípios.

À reportagem, o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga disse que a “Anvisa concedeu o registro das vacinas em caráter excepcional e vinculado a realização de monitoramento” e que “a área técnica recomendou que fosse realizada uma pesquisa sobre a responsabilidade de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz”.

“Até o final da gestão, a Conep [Comissão Nacional de Ética em Pesquisa] não havia aprovado o protocolo da pesquisa”, disse Queiroga. “Segundo fui informado, o TCLE [Termo de Consentimento Livre e Esclarecido] apresentado pelos pesquisadores não tinha sido aceito pela Conep.”

Vacina e campanha
Inicialmente, a pasta vai repassar para as unidades federativas só o quantitativo suficiente para imunizar 50% da população-alvo da vacinação pré-exposição. “O envio de mais doses dependerá do andamento da vacinação e, a depender da demanda local, as UF deverão solicitar ao Ministério da Saúde os envios de remessas adicionais”, diz o documento.

“Será mantido um estoque estratégico no nível estadual e no nível central visando a redistribuição frente à evolução do cenário epidemiológico e ocorrência de novos casos”, completa. A estimativa da Saúde é que haja pouco mais de 16,3 mil pessoas com HIV/Aids elegíveis no país, de acordo com dados do sistema público de saúde dos últimos seis meses do ano passado.

O imunizante a ser utilizado é o Jynneos, que, segundo a pasta, é uma “vacina viva”. “Produzida a partir da cepa Vaccinia Ankara-Bavarian Nordic (MVA-BN) modificada, um Orthopoxvírus atenuado e não replicante contra varíola e varíola de macaco, que induz respostas imunes humorais e celulares aos Orthopoxvírus.”

O esquema de imunização é de duas doses (de 0,5 ml cada uma), com quatro semanas de intervalo (28 dias). Essa vacina é indicada para uso em adultos com idade igual ou superior a 18 anos.

Grupos elegíveis para vacinação pré-exposição
1 – Pessoas que vivem com HIV/Aids: homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais, com idade igual ou superior a 18 anos e status imunológico identificado pela contagem de linfócitos T CD4 inferior a 200 células nos últimos seis meses.

2 – Profissionais de laboratório que trabalham diretamente com Orthopoxvírus em laboratórios com nível de biossegurança 3 (NB-3), de 18 a 49 anos de idade.

Grupos elegíveis para vacinação pós-exposição
1 – Pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas, prováveis ou confirmadas para mpox, cuja exposição seja classificada como de alto risco (exposição direta da pele ou de membranas mucosas à pele ou secreções respiratórias) ou médio risco (sem contato direto, mas próximo, na mesma sala ou espaço físico interno).

Fonte: Com informações da Agência Estado

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