“Falta de medicamentos culminou na morte de pelo menos cinco pacientes só nas últimas semanas”. A grave afirmação foi feita recentemente pelo Sindicato dos médicos de São Paulo (Simesp). A manifestação da categoria acontece após inúmeras denúncias de funcionários e usuários do hospital eu é administrado pelo IDGT (Instituto de Desenvolvimento de Gestão, Tecnologia e Pesquisa em Saúde e Assistência Social) que também é responsável pelo Hospital Municipal da Criança e do Adolescente (HMCA).
As informações tornadas públicas pelo Simesp têm sido divulgadas há meses pela Voz de Guarulhos. Desde quando assumiu a unidade, em janeiro de 2020, o IDGT sofre denúncias devido à má gestão. A unidade de saúde, responsável pelo atendimento de milhares de pessoas, não tem medicações básicas como dipirona, omeprazol ou até mesmo as mais complexas como tramal, por exemplo. Além dos medicamentos, itens básicos para o atendimento à população como soro fisiológico de 100 ml, seringas de 20 e copos descartáveis também estão em falta.
Se não bastasse o problema, 90 % dos médicos pediram demissão, assim como havia sido divulgado pela Voz de Guarulhos.
E os problemas são ainda mais alarmantes. Quem precisa utilizar o hospital se depara com situações preocupantes como, por exemplo, elevadores com piso danificado e painéis afixados com esparadrapo, falta de álcool em gel para higienizar as mãos, falta de água para consumo e até meso de copos descaráveis.
Segundo informações, o piso da sala de cirurgia não oferece condições de trabalho para as equipes de saúde além de colocar pacientes em risco.
Desrespeito à Legislação Trabalhista
No inicio de 2020, em pleno início da pandemia do coronavírus, o hospital demitiu mais de 100 funcionários. Até o momento, segundo levantado por nossa reportagem, as rescisões de muitos ainda não foram pagas.
Nossa reportagem entrou em contato com uma ex-funcionária que desenvolveu problemas psicológicos devido ao estresse causado pela falta de pagamento de seus direitos trabalhistas.
“Não sei mais o que fazer. Fui demitida em janeiro e até hoje não pagaram meus direitos trabalhistas. Sou sozinha, tenho quatro filhos pequenos para criar. Não quero ajuda, preciso apenas receber pelo trabalho que fiz. Outro dia me ligaram e falaram que, se eu quiser, receberei a metade do que tenho direito dividido em 15 vezes. Um absurdo isso. Alguém precisa fazer alguma coisa”, desabafou.
Nota do Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo
Situação gravíssima em Guarulhos: Hospital Pimentas funciona sem medicamentos básicos e ficará sem 90% dos médicos preceptores a partir de março
O Hospital Municipal Pimentas Bonsucesso, em Guarulhos, passa por uma grave falta de medicamentos, que culminou na morte de pelo menos cinco pacientes só nas últimas semanas. Em razão do sucateamento do serviço e das súplicas por melhorias não serem atendidas, 90% dos médicos preceptores do serviço pediram demissão e os pacientes ficarão desassistidos a partir de março. Desde a troca de gestão do hospital, que passou a ser administrado pela organização social (OS) Instituto de Desenvolvimento de Gestão, Tecnologia e Pesquisa em Saúde e Assistência Social (IDGT) em janeiro de 2020, o serviço passa por inúmeros problemas que se agudizaram nos últimos meses, tornando inviável a atuação dos médicos residentes no local.
De acordo com denúncias recebidas pelo Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), o hospital sobrevive há meses com empréstimos de medicações ou com estoques esgotados com total ciência da diretoria, que nada faz para solucionar o problema. Também faltam monitores de sinais vitais e cateteres de diálise. “Pacientes já faleceram por falta de sedativos, bloqueadores neuromusculares, drogas vasoativas, trombolíticos, antiarrítmicos, antibióticos e anticoagulantes. Os médicos estão presenciando a morte de pacientes em extrema agonia sem poderem usar sedativos. Isso é um total absurdo e vai contra a ética médica”, conta Augusto Ribeiro, diretor do Simesp.
Ainda, o hospital se tornou referência de serviço de portas abertas para atendimentos de psiquiatria há três meses, mas não possui médico psiquiatra de plantão. “O atendimento contraria os direitos humanos, pois os pacientes ficam presos em um espaço pequeno, sem janelas, sem separação entre gêneros e sem banheiros aguardando por dias por uma avaliação com o especialista”, explica Ribeiro.
Outro problema enfrentado no Pimentas é a falta de tomógrafo há dois meses, fazendo com que pacientes sejam removidos para outra unidade para a realização do exame, adiando assim seu tratamento. Há algumas semanas também está em falta o aparelho de radiografia, que funciona apenas por poucas horas por dia.
Nota da Prefeitura
“A Secretaria de Saúde não foi informada oficialmente sobre as denúncias da nota do Sindicato. Também desconhece que o Sindicato tenha formalizado as denúncias em algum órgão competente. A Secretaria trabalha para garantir o melhor atendimento possível no Hospital, não permitindo que a população fique desassistida. Existe um contrato em vigor com o IDGT, que neste momento responde pela operação daquela unidade hospitalar.
Assessoria de Imprensa / Subsecretaria de Comunicação”