São Paulo, Brasil
A sensação é de um sentimento há muito perdido.
Esperança.
Bastaram duas partidas sob o comando de Dorival Junior e a Seleção Brasileira deu sinais importantes de reação.
O treinador já teve mais do que Tite nos quatro anos de preparação para a Copa do Catar.
O direito de dois amistosos contra grandes seleções europeias.
Vitória contra a Inglaterra, por 1 a 0, e empate com a Espanha, por 3 a 3, hoje, no estádio do Real Madrid, o Santiago Bernabéu.
Com direito a dois pênaltis inexistentes para os espanhóis.
E que foram validados pelo árbitro Antônio Nobre.
Por falta absurda do VAR.
A Federação Espanhola quis economizar e a CBF aceitou, portanto, não pode reclamar.
O que marca para o Brasil é o recomeço.
Com uma seleção muito mais equilibrada, consistente, realista, nas mãos de Dorival Junior.
E o aparecimento de um artilheiro, capaz de atuar à frente, como o artilheiro que o Brasil precisa há muito tempo: Endrick. Ele marcou tanto em Wembley como no Santiago Bernabeu.
Dorival tinha motivos reais para celebrar os seus dois primeiros jogos.
Testes que pouquíssimas pessoas acreditavam que o Brasil não voltaria com duas derrotas.
Na partida de hoje, o Brasil teve comportamento bipolar.
No primeiro tempo foi absolutamente envolvido pela Espanha.
2 a 1 foi um placar injusto para os europeus, que deveriam ter vencido por, pelo menos, três gols de vantagem.
Gols de Rodri, cobrando o primeiro pênalti inexistente, Olmo e Rodrygo.
No segundo, se impôs, mostrando poder inesperado de reação.
E conseguiu empatar a partida em 3 a 3.
Rodri marcou de novo, em outra penalidade irreal, Endrick fez o seu e Lucas Paquetá empatou, desta vez, em um pênalti indiscutível, no último lance do jogo.
Dorival Junior estava muito orgulhoso, com esse primeiro contato, comandando a Seleção.
“Eu acho que fatalmente todos apontariam que dois empates seriam ótimos resultados, pelos adversários, pelas lesões, pela falta de atletas, pela falta de experiência. Fizemos um jogo muito bom no final de semana, uma carga de desgaste muito alta. A Espanha, o contrário, jogou de forma alternativa contra a Colômbia. Hoje, um time titular, cheio de energia, que aproveitou bem o tempo que teve para treinar. Por isso, teve muita força e atitude para começar a partida.”
Dorival teve de encarar a cobrança pelo péssimo primeiro tempo.
E insistiu na tese do desgaste da vitória contra a Inglaterra, no sábado.
“A Espanha uma seleção que já tem um conjunto muito bem definido. Seu treinador já conhece cada movimento dos seus atletas. Saímos do Brasil há dez dias e tenho certeza e uma convicção grande que poucos acreditariam naquilo que acabou acontecendo.
“Nós jogamos um ótimo jogo na primeira partida. Hoje nos faltou um pouquinho de vitalidade, talvez de energia que gastamos no jogo anterior. Mesmo assim, a equipe mostrou uma valentia muito grande, foi atrás do resultado.”
O técnico sabe que João Gomes, Bruno Guimarães e Lucas Paquetá, que foram tão bem em Londres, hoje não conseguiram render contra os espanhóis e comprometeram o time.
“Nós tivemos três dias na nossa chegada para preparar a equipe para o jogo. Nem todos chegaram no mesmo dia. Jogadores bem integrados, observaram os materiais bem, isso antecipou o processo. Enquanto tivemos um time descansado, com energia, em Wembley, o nosso jogo foi impressionante.
“Hoje, corremos um risco de uma equipe que se preparou dois dias e outra nove. Por ser início de trabalho, preciso ter padrão, repetição, tinha obrigação de repetir o time, mesmo tendo que observar outros jogadores. Optamos por isso. Tivemos dificuldades por não ter força e energia suficientes hoje, sou sincero.
“O meio de campo deles dominou no primeiro tempo, mas no segundo corrigimos e melhoramos. Mostramos o principal, uma equipe que tem vida, que tem sentimento e foi buscar um resultado importante.”
Endrick, que mudou completamente a maneira de o Brasil, atacar, foi, outra vez, o centro das atenções após a partida.
E foi outra vez claro na análise do seu desempenho no empate.
Nem parecia um adolescente de 17 anos.
“Contra a Inglaterra, quando eu fiz o primeiro só conseguia pensar no gol, aquilo me afetou um pouco na segunda bola que eu tive. Esse jogo entrei numa leveza impressionante, estava muito tranquilo… Entrei no aquecimento no Bernabéu, antes só tinha entrado até as escadas para tirar foto, mas pude jogar. Estou muito feliz, muito contente.
“A gente quer sempre vencer. O Danilo estava falando na roda que a gente precisa vencer, mostrar a cara do Brasil, o Vini também falou pra gente colocar o Brasil no topo de onde nunca deveria ter saído. Para isso a gente precisa ganhar campeonatos, ganhar jogos. A gente não vai prometer que vai ganhar todos os jogos, mas não vai faltar raça, determinação, garra, não vai faltar nada.”
O presidente do Real Madrid, o folclórico Florentino Pérez, tão acostumados a comprar jogadores midiáticos, fez questão de ir para o vestiário do Brasil.
Teve toda a liberdade para falar com ‘seus’ jogadores.
Pediu a camisa 10 do Brasil para Rodrygo, cumprimentou Vinicius Junior.
E foi muito claro com Endrick.
“Te esperamos.”
Ele chegará em julho ao Real Madrid, quando completar 18 anos.
Nasce outra estrela mundial brasileira…
Fonte: r7