Brasil Segurança Suspeita de aliciar crianças na Grande BH vai responder por ao menos quatro crimes Redação19 de abril de 2023048 visualizações A mulher de 53 anos presa em Belo Horizonte, nesta terça-feira (18), sob suspeita de manter crianças em cárcere pode pegar quase 20 anos de prisão, caso a investigação confirme a existência dos crimes. O delegado Diego Lopes explica que Terezinha Pereira dos Santos vai responder por quatro crimes apenas no inquérito instaurado pela Polícia Civil em Belo Horizonte. São eles: maus-tratos, cárcere privado, tortura e abandono de incapaz. O procedimento foi instaurado após as crianças serem encontradas em um apartamento no bairro Lagoinha, na região noroeste da capital mineira. A divisão policial de São Joaquim de Bicas, cidade da região metropolitana onde a mulher vivia em uma chácara com outras famílias, tem um outro inquérito em andamento. “Lá, eles investigam os mesmos crimes, além de trabalho escravo e a morte de um menino de 4 anos”, detalhou Lopes. O garoto citado pelo delegado é Emanuel Alves Robes, filho de Kátia Cristina Alves Robes, de 30 anos, que morava no sítio de Terezinha. A mulher foi presa em 6 de fevereiro como suspeita de matar o filho. Ela nega. Em uma carta escrita na prisão, Kátia disse que se mudou para o local a convite da proprietária que ele teria conhecido em uma rodoviária. Kátia disse ainda que ela era obrigada a realizar tarefas domésticas, era impedida de ir embora e que os filhos eram recolhidos durante o dia. Veja o que se sabe até o momento sobre o caso e detalhes da prisão de Terezinha:Onde e quando Terezinha foi presa? Terezinha Pereira dos Santos, de 53 anos, foi presa no Centro de Belo Horizonte na manhã desta terça-feira, 18 de abril. Ela pegava um ônibus metropolitano com duas crianças do sexo feminino quando foi abordada, próximo à Praça Sete, no ‘coração da cidade’. Havia um mandado de prisão aberto contra ela desde o último 22 de março, expedido pela Vara Especializada em Crimes contra Criança e o Adolescente de Belo Horizonte, a pedido da Polícia Civil. Como a polícia encontrou Terezinha? Terezinha foi presa por policiais militares. Os agentes encontraram a mulher após receberem denúncia indicando que a mulher estaria em atividade suspeita na região central de Belo Horizonte. Segundo o major Rodrigo Alencar, da PM, o denunciante relatou que já havia visto a mulher em reportagens e destacou que ela estava acompanhada por duas crianças. A Record TV Minas e o R7 divulgaram a imagem da então procurada pela polícia, em primeira mão, no início de março. Quem são as duas crianças que estavam com Terezinha quando ela foi presa? Duas garotas estavam com Terezinha Pereira dos Santos no momento em que a mulher foi presa em Belo Horizonte. De acordo com a Polícia Civil, elas são netas de Terezinha. A mãe das garotas é Lalesca Pereira dos Santos, de 29 anos, filha de Terezinha. Lalesca foi presa em 22 de março, também como suspeita de envolvimento no abandono de dois garotos no apartamento do bairro Lagoinha. A idade das garotas não foi revelada. Ambas foram encaminhadas para o Conselho Tutelar. Com a localização das meninas, a Polícia Civil em Belo Horizonte passa a investigar suposta subtração de incapaz, conforme explica o delegado Diego Lopes. “Preciso esclarecer como e porquê as crianças estavam com a Terezinha. Naturalmente, com a ausência de um genitor, a guarda e a responsabilidade passa para o outro genitor”, ressaltou o agente. O que Terezinha disse ao ser presa? As informações divulgadas pelas polícias Civil e Militar indicam que Terezinha não falou muitas coisas ao ser presa. A mulher disse que estava na região central de BH voltando de uma consulta médica – tese que foi refutada pelo delegado responsável pelo caso. Sobre os meninos abandonados no apartamento no bairro Lagoinha, em fevereiro deste ano, que são filhos de Kátia Robes, Terezinha limitou-se a dizer que os garotos de 9 e 6 anos foram para o local sozinho. “A partir dessa pergunta, ela percebeu que era algo mais complexo e optou por ficar em silêncio”, detalhou o delegado Evandro Radaelli. O que Terezinha fazia no Centro de BH quando foi presa? Os delegados responsáveis pelo caso não acreditam na versão apresentada por Terezinha sobre o que ela estava fazendo no Centro de BH. A mulher relatou que estava em uma consulta médica. Os agentes acreditam que a suposta aliciadora estava em busca de uma forma de conseguir dinheiro. “Ela vivia, basicamente, com o dinheiro de auxílios. A maior parte deles estavam em nome de terceiros. A gente identificou a situação e atuamos no sentido de informar às autoridades a irregularidade no recebimento dos benefícios. Houve o estrangulamento financeiro dela. Por isso, acreditamos que Terezinha tenha ido ao Centro justamente para tentar capitanear recursos”, explica o delegado Evandro Radaelli. Como é a personalidade de Terezinha? As informações divulgadas até o momento indicam uma personalidade dúbia. O delegado Evandro Radaelli revelou que pessoas que conhecem Terezinha pessoalmente afirmam que ela tem comportamento violento. “Essas testemunhas não queriam prestar depoimento enquanto Terezinha não fosse presa”, conta. Apesar disto, segundo o delegado, ela se mostrou “calma e tranquila” ao ser presa”. “É um tipo de pessoa que, trabalhando a muitos anos, a gente sabe que existe e que são seres humanos complexos. Por tudo que foi apurado, a gente vê que ela trabalha ludibriando as pessoas. Aqui ela foi conosco extremamente acessível e delicada, justamente para passar a ideia de uma senhora frágil – o que as investigação não indicam ser verdade”, comenta o delegado. Onde está a mãe dos meninos abandonados no apartamento em BH? Até esta quarta-feira (19), Kátia Cristina Alves Robes, de 30 anos, seguia presa. Ela é apontada como responsável por matar um outro filho de 4 anos agredido, mas nega as acusações. Onde está o marido de Kátia? Wellington Camelo Gomes, então marido de Kátia e padrasto dos meninos abandonados, está morando em João Pinheiro, cidade localizada a 400 km de Belo Horizonte. Kátia relatou em uma carta que Terezinha havia dito, primeiro, que Gomes fugiu com outra mulher. Depois, teria dito que o homem morreu de Covid-19. Ao ser localizado por um jornalista da cidade, Gomes contou que vivia com Kátia Robes e as crianças e que não encontrou mais a família um dia ao voltar do trabalho. Ele não explicou, no entanto, por que não procurou os filhos e a esposa. Gomes contou, ainda, que uma pessoa supostamente do Conselho Tutelar relatou que a companheira havia fugido com outro homem. Segundo o delegado Diego Lopes, Gomes já prestou depoimento e não apresentou “nada de relevante para a investigação”. Fonte: r7