“E agora, nós vamos invadir sua praia!”. O trecho da música do Ultraje a Rigor, lançada há 38 anos, poderia ser trilha sonora do que está passando no Rio de Janeiro, nos dias que antecedem a final da Copa Libertadores, entre Fluminense e Boca Juniors, neste sábado (4).
Segundo o Consulado Geral da Argentina no Rio de Janeiro, mais de cem mil torcedores do Boca são esperados na cidade maravilhosa, para acompanhar a grande decisão.
A prefeitura da capital fluminense montou um esquema “de guerra”, próximo ao modelo adotado na cidade, durante a Copa do Mundo de 2014. No sábado, mais de 670 agentes municipais trabalharão na operação da final.
A fim de evitar um clima bélico nas ruas do Rio, o prefeito Eduardo Paes (PSD), que já declarou que não tem ingressos para a partida, “e nem quer ter”, evitou incentivar a rivalidade com os argentinos, e disse que eles “são bem-vindos”.
“Quero ressaltar que os torcedores do Boca Juniors são bem-vindos no Rio. Eles são adversários, não são inimigos. O carioca sabe receber muito bem os turistas. Estaremos atentos às hostilidades, é algo que não vamos aceitar. Isso afasta a vinda do turista”, afirmou o mandatário.
Apesar do apelo de Paes, houve diversos relatos nas redes sociais de agressão contra argentinos nas ruas do Rio.
Segundo relato contado na Rádio Continental 590, da Argentina, torcedores do Boca Juniors, incluindo mulheres, crianças e idosos, que portavam qualquer peça de roupa que remetia ao clube, foram agredidos por membros de uma torcida organizada do Fluminense.
“Todos os torcedores comuns do Boca, família, crianças serão bem-vindo ao Rio. Já os m… da ‘La 12’ fiquem atentos a rua”, declarou a Sobranada, uma das principais organizadas do Flu, pelas redes sociais, ameaçando a barra brava dos rivais.
Temido líder de torcida estará no Rio
Entre os cem mil xeneizes que estarão em solo brasileiro, um deles é Rafael Di Zeo. Um senhor de 61 anos, de cabelos e barbas grisalhas. Esta talvez não seja a descrição ideal para falar sobre o homem que lidera a La 12, a barra brava mais temida da Argentina, já foi preso e acusado de envolvimento em uma tentativa de assassinato.
Autodenominada como “os donos da história”, a La 12, é a grande representante da torcida do Boca nas arquibancadas. Diferente do Brasil, os países sul-americanos chamam os seus grupos de “barra brava”, ao invés de torcida organizada. São formas de organização diferentes, que também fazem festas espetaculares noes estádios, mas também figuram as páginas policiais.
Di Zeo faz parte do grupo desde a década de 90, e se envolveu em uma série de brigas violentas nas ruas de Buenos Aires contra arquirrivais. Em 2007, ele e o irmão foram detidos e presos por terem cometido um ataque contra torcedores do Chacarita Juniors, anos antes. Ficou encarcerado até 2011.
No mesmo ano, foi acusado de ser mandante da tentativa de assassinato de um homem em uma boate. Em 2015, foi absolvido. Pela série de acusações contra si, e pelas seguintes brigas que membros da La 12 se envolviam, Di Zeo passou anos proibidos de entrar em qualquer estádio argentino.
Como a justiça nunca conseguiu obter provas contundentes para condená-lo, ele voltou para as arquibancadas, embora nunca tenha perdido a influência. Agora, além da liderança da barra brava, Rafael quer ser presidente do Boca Juniors, e já lançou campanha pelas redes sociais.
Fonte: r7