A Corregedoria Nacional de Justiça deu cinco dias para que o juiz Valmir Maurici Júnior explique os vídeos em que aparece agredindo e humilhando a companheira.
O juiz Valmir Maurici Júnior, da 5ª vara cível de Guarulhos, na Grande São Paulo, não está trabalhando. O Tribunal de Justiça do estado não informou o motivo.
A investigação da Corregedoria Nacional de Justiça é para saber se os fatos narrados em um inquérito policial podem configurar a prática de infrações disciplinares graves e se existe a necessidade de um afastamento formal dele do cargo.
Em uma decisão publicada nesta terça-feira (28), o Conselho Nacional de Justiça informou:
“O corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, destacou que as supostas infrações disciplinares denotam a violação do dever de manutenção de uma conduta irrepreensível na vida pública e particular, afrontando a lei orgânica da Magistratura Nacional, bem como a não observância das regras de dignidade, honra, decoro e integridade que devem nortear a conduta de todos os magistrados”.
Além dos vídeos em que o juiz aparece agredindo e humilhando a mulher, o CNJ também está analisando fotos em que aparecem o nome e o cargo do juiz carimbados nas nádegas de mulheres.
Outra imagem mostra uma mulher com um livro “Constituição Federal Interpretada”, edição de 2014. O nome do juiz aparece como um dos autores.
Os registros das fotos indicam que elas foram tiradas antes de Valmir Maurici Júnior se casar com a companheira que o denuncia por violência física, sexual e psicológica. Foi ela quem entregou as fotos à polícia.
No depoimento, em dezembro, ela disse que o material estava em um cofre na casa onde moravam. No mês seguinte, a Justiça decretou sigilo no caso.
“E aí eu vejo que não era só comigo, que ele fazia com muitas outras mulheres. Fazendo vídeos, escondendo câmeras e coisas assim”, contou a mulher do juiz.
Durante o casamento, a mulher gravou algumas imagens de agressões em casa.
Valmir: Sai daqui.
Vítima: Você cuspiu na minha cara. Eu já te falei que não é para fazer isso. Seja civilizado.
O caso foi revelado nesta segunda-feira (27) pelo g1. A mulher afirmou à polícia que um outro vídeo, gravado pelo marido, também estava no cofre e que as imagens eram usadas para chantageá-la. As cenas, segundo ela, mostram uma relação sexual sem o consentimento dela.
Ainda em dezembro, antes da Justiça decretar o sigilo do caso, a mãe da denunciante também gravou uma entrevista. Ela disse que, quando a filha saiu de casa, o juiz passou a intimidar a família toda.
“Ele me ligou e ele disse assim: eu sei onde você mora, eu sei onde seus filhos moram. E muito, muito xingamento. Muita coisa horrível, sabe? “, relembrou.
Depois que a mulher entregou o material à polícia, tudo foi encaminhado ao Ministério Público de São Paulo, que classificou o comportamento do juiz como violento e manipulador. Os promotores estão analisando 24 itens, entre HDs, pen drives e um computador.
A defesa do juiz Valmir Maurici Júnior declarou que nega veementemente as acusações e que repudia vazamentos ilegais de processos que correm em segredo de justiça.
Fonte: G1