Tarifa zero de ônibus em SP começa com passageiros divididos entre críticas e elogios; prefeito prevê 1,1 milhão de novos usuários

por Redação

A gratuidade nos ônibus municipais de São Paulo passou a valer a partir da 0h deste domingo (17). Passageiros que já testaram a novidade na capital estão divididos entre críticas e elogios ao programa da prefeitura.

A gratuidade, implantada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), vale para todos os passageiros em todos os 4.830 ônibus da cidade, em suas 1175 linhas, da 0h às 23h59. Também vai haver tarifa zero no Natal, no Ano Novo e no aniversário de São Paulo, no dia 25 de janeiro.

Uma passageira contou à TV Globo que o ônibus que utiliza normalmente costuma ser demorado — e que hoje foi pior, com 1h30 de espera. Outro passageiro reclamou da falta de ar-condicionado em um veículo.

“Achei que demorou um pouquinho, procurei no aplicativo e estava falando um horário, mas não apareceu no horário devido. Deveria colocar mais ônibus. O ar-condicionado do ônibus da minha região não estava funcionando”, relatou Andrea Sicherolli, que é controladora de acesso.

Por outro lado, teve quem também comemorou a ação e disse que a família está aproveitando a tarifa zero pra conhecer mais pontos da cidade. A dona de casa Simone Vargas é do Rio de Janeiro e gostou da medida. “Aproveitar, né. Tarifa zero. É a segunda vez que venho aqui. Queria aprender a andar em São Paulo e aproveitei. Acho que vai facilitar pra muita gente”. O marido concorda: “É uma maravilha. Nós juntos já dá R$ 9 a passagem. Espero que todo domingo tenha”, disse Edmilson dos Santos.

Uma moradora do bairro Piraporinha, região Sul da capital, flagrou um ônibus quebrado e passageiros insatisfeitos. “É bem difícil falar sobre transporte público em São Paulo. Um senhor disse que estava vindo do serviço à noite e esperou mais de 50 minutos para pegar o ônibus”, contou ela ao g1. (foto abaixo)

“Aí eu vi esse ônibus quebrado. Por que tantos ônibus quebrados? Por que demora tanto para vir um ônibus? Por que esse caos todo? Em pleno domingo, é menos frota. Fica por isso mesmo, né?”, questionou.

Prefeito estima aumento de 1,1 milhão de passageiros
Na madrugada, Nunes esteve em um ônibus no Terminal Santo Amaro, na Zona Sul, para dar o pontapé inicial do programa.

“Fazendo essa gratuidade no domingo, a gente vai fazer com que muitas pessoas, até aquelas que não usam o transporte coletivo, possam utilizar e ter essa interação com o transporte coletivo. É muito importante para, inclusive, melhorar a questão do trânsito na cidade, a questão do meio ambiente. Inclusive o bem-estar social da pessoa”, disse ele.

Otimista com o projeto, o prefeito afirmou que espera um aumento de, no mínimo, 50% no número de passageiros aos domingos — de 2,2 milhões para 3,3 milhões. “Se chegar a dobrar a quantidade de ônibus, ainda fica suficiente”, garantiu ele.

“Obviamente, no primeiro, segundo, terceiro domingo, a SPTrans vai ter que ir fazendo alguns ajustes, porque pode ser que algumas regiões tenham número maior e, outras , número menor”, informou.

Números da tarifa zero

A prefeitura vai deixar de receber R$ 283 milhões com as tarifas pagas aos domingos, e vai tirar do orçamento para cobrir esse montante. Em entrevista ao g1 em novembro, Nunes, que é pré-candidato à reeleição, já havia anunciado a implantação da tarifa zero ainda neste ano.

Segundo o prefeito, não será necessário o aumento da frota. “A própria ociosidade vai poder assimilar essa demanda”, disse. “As pessoas vão poder curtir e viver a cidade, ter suas ações desenvolvidas de esporte, cultura e lazer”, completou.

Questionado sobre a validade da medida, Nunes não deu prazo. “A intenção é manter a gratuidade para sempre.”

Só os ônibus terão gratuidade. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se manifestou contrário à tarifa zero e disse ainda que a “tarifa congelada há muito tempo prejudica a saúde das empresas”. Nesta semana, ele anunciou que as passagens de ônibus e trem passarão a custar R$ 5 em 1º de janeiro de 2024.

“Não é necessário que Metrô e CPTM tenham a gratuidade. Os ônibus atendem 100% do nosso objetivo”, disse Nunes.

O presidente da SPTrans, Levi dos Santos Oliveira, afirmou que o passageiro ainda precisará passar o bilhete no leitor das catracas para fins estatísticos. Para o usuário que não tem bilhete, é possível usar o bilhete de bordo do cobrador. Caso não haja cobrador, o motorista libera a entrada.

O relatório final que trata da tarifa zero foi aprovado na última quarta-feira (6) pela Câmara Municipal de São Paulo.

“A Câmara Municipal também fez um estudo importante para que isso possa se tornar uma realidade, é preciso um exercício financeiro. A comissão de finanças já reservou uma rubrica a respeito do projeto”, disse o vereador Fábio Riva (PSDB).

Em 1991, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina (PT), a cidade teve uma experiência regional em Cidade Tiradentes, no extremo da Zona Leste da capital, com cinco linhas de ônibus de graça, para a circulação das pessoas dentro do bairro. A medida foi extinta em meados dos anos 2000.

O governador Tarcísio disse no último dia 24 de novembro que é “absolutamente contra” a proposta de tarifa zero.

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, o governador afirmou que “não vê viabilidade” na proposta do prefeito de São Paulo em zerar a tarifa do Metrô e da CPTM.

Tarcísio disse que, para bancar a proposta, seria necessário tirar dinheiro de outras políticas públicas para bancar o sistema de transporte.

“Quanto você vai subtrair de outras políticas públicas para vir com a tarifa zero? Para mim é algo que não se sustenta, não faz sentido e nós não vamos embarcar”, completou.

Fonte: G1

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