Segurança Testemunha afirma que jovem morto após fugir de abordagem da PM em SP não estava armado Redação21 de maio de 2025014 visualizações O corpo de Natanael Venancio Almeida, de 19 anos, morto por policiais militares após uma abordagem na Zona Sul de São Paulo, será enterrado nesta quarta-feira (21). Ele foi baleado dentro de casa, segundo familiares. Nesta terça (20), a mãe de Natanael, Maria Betânia Venancio, esteve no Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer o corpo. Ela relatou que presenciou o momento em que o filho foi baleado por um policial. O caso aconteceu no fim da noite de domingo (19). De acordo com o boletim de ocorrência, Natanael fugiu de uma abordagem policial na Rua Alexandre Benois, na Vila Andrade, pilotando uma moto sem capacete, com um garupa. Os dois seguiram pela contramão até uma viela na Rua Campo Novo do Sul. Imagens de câmeras de segurança mostram parte da perseguição. Às 22h17, é possível ver o jovem fugindo de três policiais em motocicletas. No BO, os PMs relatam que dois agentes abordaram o garupa e o terceiro, Natanael, que estaria armado. Ainda segundo o documento, houve confronto, e o policial fez três disparos: dois atingiram o jovem e um acertou a mão do próprio PM. Uma testemunha que não será identificada por segurança, porém, desmentiu a versão da polícia e afirmou à TV Globo que a arma não pertencia a Natanael. “O policial colocou a arma do crime no chão”, disse. Outro vídeo gravado após a morte mostra um homem fotografando e entregando uma arma a um policial, supostamente a mesma que foi atribuída à vítima. O irmão de Natanael, Micael Venancio, também fez críticas à conduta dos agentes: “Meu irmão ficou agonizando lá. Ele morreu de hemorragia porque não foi socorrido”. O boletim de ocorrência informa que o policial que atirou estava sem câmera corporal. No entanto, nesta segunda, a própria Polícia Militar afirmou que há imagens do momento do disparo. A Corregedoria da PM investiga o caso e disse que vai começar analisando essas imagens. Ainda segundo o BO, a Polícia Civil apreendeu duas armas: a pistola calibre .40 do policial e outra pistola 9 mm atribuída a Natanael. Todas as 12 munições dessa segunda arma estavam intactas, o que indica que não foi disparada. A polícia também confirmou que Natanael não tinha antecedentes criminais. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que dois policiais foram afastados das ruas, que o caso está sob investigação do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), e que a mãe de Natanael será ouvida pela Polícia Civil nos próximos dias. O que diz a famíliaA família disse que Natanael havia saído para comprar remédio para a mãe e foi baleado quando já estava dentro de casa. Segundo os parentes, ele fugiu da abordagem policial apenas porque estava sem capacete e habilitação e temia perder a moto. A mãe de Natanael conta que ele conseguiu entrar em casa, mas foi perseguido e morto por policiais da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam). Natanael morava com o tio na região do Campo Limpo, na Zona Sul, e deixa uma filha de 1 ano e 4 meses. A ação policial gerou um protesto de moradores na noite de segunda-feira (19), que queimaram um carro na Avenida Carlos Caldeira Filho. A manifestação aconteceu uma semana após a morte de outro jovem, também de 19 anos, pela PM na região, que fica ao lado da favela de Paraisópolis. O que diz a Secretaria da SegurançaA Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que os agentes utilizavam câmeras corporais e que todas as circunstâncias dos fatos são investigadas pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa e pela Polícia Militar por meio de Inquérito Policial Militar. “As imagens serão analisadas no decorrer das investigações”, apontou a pasta. A SSP afirmou, ainda, que as armas envolvidas na ação foram apreendidas e encaminhadas para perícia e que a instituição não tolera desvios de conduta. “Laudos periciais foram solicitados ao Instituto de Criminalística e IML e, assim que concluídos, serão analisados pela autoridade policial para auxiliar no esclarecimento do caso. A Polícia Militar reitera que é uma instituição legalista, que não tolera excessos ou desvios de conduta. Qualquer denúncia de abuso por parte de seus agentes é rigorosamente investigada pela corregedoria da instituição.” A pasta disse que um policial ficou ferido na ação. Fonte: G1