Torcida ironiza eliminação do Corinthians na Libertadores e medo de rebaixamento. Vitória sobre Liverpool genérico não ilude Luxa

São Paulo, Brasil

“Vende-se jogador. Valor: 1 Coca 2 coxinhas.”

“Corinthians, retiro de jogadores.

“É velho, machucado ou ruim de bola? Jogue aqui.”

“Jogadores milionários, incompetentes e amadores.”

“Atenção, diretoria, a Fiel não está à venda.”

“Diretoria omissa, corrupta e criminosa.”

“Entreguem o Corinthians ao povão.”

“Empresários são o câncer do Corinthians.”

“Duilio incompetente.”

“Chapa Renovação e Transparência, o câncer do Corinthians.”

Estas foram as faixas que as organizadas levaram à Neo Química Arena.

Além de inúmeros narizes de palhaço.

E nada de cantos de incentivo ao time.

Torcedores sentados em silêncio.

O protesto era pela vexatória eliminação precoce na Libertadores.

Pela ameaça de rebaixamento no Brasileiro.

Pelas vendas incrivelmente baixas de jogadores muito promissores, como Pedro.

Foi nesse clima constrangedor que o time do Corinthians, recheado de garotos, venceu com facilidade o fraquíssimo Liverpool uruguaio, por 3 a 0. E se garantiu na Copa Sul-Americana. Gols de Matheus Araújo, Adson e Felipe Augusto.

Vanderlei Luxemburgo não estava entusiasmado na coletiva. Muito pelo contrário. Ele, que poupou vários titulares ontem, porque está com medo do rebaixamento no Brasileiro, tratou de avisar que não desgastará atletas com a Sul-Americana.

Desde que assumiu o Corinthians, ele avisou ao presidente Duilio Monteiro Alves que o elenco não tinha condições de disputar três competições: Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil ao mesmo tempo.

E também matou a esperança sobre a Libertadores.

Queria colocar garotos ainda na partida contra o Argentinos Juniors, faltando três rodadas para acabar a fase de grupos. Foram os líderes do elenco, Fagner, Fábio Santos, Gil e Paulinho, que pediram para jogar na Argentina. Pelo treinador, entrariam os garotos e os jogadores importantes seriam poupados.

Luxemburgo sabia que seria muito cobrado pela eliminação.

E foi, na décima Libertadores que disputou na carreira e acabou desclassificado na fase de grupos.

Ele confirmou que foram os atletas que pediram para jogar contra o Argentinos Juniors, ao contrário do que ele planejava. E que ao assumir viu que o Corinthians não tinha elenco para disputar a Libertadores.

“Quando falei que não tinha elenco para disputar, a Libertadores é uma competição totalmente diferente do que é a Sul-Americana.”

Ou seja, ele sabia que a competição era forte demais para o atual Corinthians.

Luxemburgo convenceu a direção corintiana de que a Sul-Americana não interessa. Vai mesmo colocar garotos na fase eliminatória. A prioridade é evitar o rebaixamento no Brasileiro. Ele usa como desculpa “uma vaga na Libertadores”. Mas, como o blog vem afirmando desde o início do torneio nacional, a prioridade é tentar evitar novo rebaixamento do clube para a Série B.

Além de fazer do Corinthians “franco atirador” na Copa do Brasil.

“Já conversei com o Duilio, Alessandro [gerente], é que temos a Copa do Brasil, uma competição de seis jogos para ganhar, e no Brasileiro uma busca da Libertadores para que a gente possa ir.”

“Não tenha dúvida que, entre Sul-Americana, Copa do Brasil e Brasileiro, a Copa do Brasil e Brasileiro vão ser as prioridades.

Sobre a polêmica visão assumida de que o Corinthians não tinha time para nem sequer se classificar na fase de grupo da Libertadores, ele foi claríssimo.

“Foram os jogadores que quiseram jogar contra o Argentinos, depois não fomos bem contra o Del Valle e fomos eliminados.”

Luxemburgo sabe quanto o Liverpool é fraco. E que a vitória por 3 a 0 não deve iludir. E que a grande atuação dos garotos que escalou tem grande parte da explicação na fragilidade uruguaia.

O treinador foi encurralado. Teve de falar sobre a estranha negociação de Pedro, jogador de 17 anos que era considerado um “fenômeno” na base. Comparável a Endrick. Só que o rival Palmeiras vendeu seu jogador por R$ 400 milhões. E o corintiano rendeu R$ 46 milhões, em uma transação que o Zenit ficou com 50% dos direitos do atacante.

Luxemburgo segue com suas analogias incompreensíveis: comparou a saída do atleta a uma macarronada.

“[A venda] está encaminhada, caminhando para ter uma solução. Não posso falar que está definido…

“O meu pensamento: futebol é igual macarrão, se come quente, se esfriar é muito ruim. Não vai na lanchonete italiana e comer macarrão frio.

“Pelo que tenho conversado, a base é um ativo do clube. Se aparecer uma possibilidade boa de negociação, não vejo por que não fazer. Deixa caminhar, está caminhando para consolidar a venda. Chegamos a um consenso que, se confirmar, vejo como uma transação de futebol, pelos valores de mercado, vejo que faz parte.

“É um moleque que estava aí e tem oportunidade de vender. É um negócio, precisa fazer negócio. O ativo do clube está muito na base. Essa molecada de hoje antes era um valor, depois do jogo, sendo observado, é um ativo do clube. São ativos importantes”, ressaltou o técnico, que sabe da enorme dívida corintiana.

A capacidade de Luxemburgo de esquecer nomes de garotos da base é histórica.

Mas ele deve se adaptar aos novos tempos.

O aviso veio do goleiro reserva Carlos Miguel, que não quer saber de jornalistas nem de ninguém chamando os jovens jogadores de “meninos”.

“Sobre os meninos, para mim não são mais meninos. O que fizeram hoje mostrou para todo mundo: antes de chamar eles de moleques, chama pelo nome.

“Todos são adultos, hoje, jogaram como gigantes.”

Terão de provar que são adultos na sequência da Copa Sul-Americana.

Vencer o fraquíssimo Liverpool genérico, uruguaio, não é uma façanha.

Muito longe disso…

Fonte: r7

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