Tudo sobre o esquema de tráfico internacional de drogas comandado pelo ex-major da PM

por Redação

Sérgio Roberto de Carvalho, 64 anos, já foi major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, da qual foi expulso em 2018 após acumular processos por vários crimes, a exemplo de exploração de jogos de azar, contrabando, fraudes e tráfico de drogas.

Ainda enquanto PM, o major Carvalho, por sua conduta na corporação, dava sinais de que era ambicioso e de que gostaria de ser um homem rico e poderoso. Aparentemente, conseguiu.

Ele se tornou um dos maiores traficantes internacionais de drogas independentes com atuação no Brasil. Segundo a Polícia Federal, Carvalho nunca foi vinculado a nenhuma facção criminosa do país, como o PCC (Primeiro Comando da Capital) ou o CV (Comando Vermelho).

A dimensão do esquema de tráfico de drogas comandado por Carvalho foi revelada quando a Polícia Federal do Paraná deflagrou a Operação Enterprise, em novembro de 2020, comandada pelo delegado federal Sérgio Stiling e pelo então coordenador de repressão ao crime organizado na época, Elvis Secco.

“No início da investigação, nós não tínhamos a dimensão dos negócios dele e, até então, o conhecíamos como Paul Wouter, um cidadão do Suriname. De lá para cá, ele ampliou suas operações e criou um modelo de negócio com parceiros na Europa e na África com um modal diversificado”, explicou Stiling.

O Núcleo de Jornalismo Investigativo da Record TV acompanhou a operação na época com exclusividade e produziu uma reportagem especial para o Domingo Espetacular. A operação identificou cifras astronômicas sobre os negócios e o poder econômico de Sérgio Roberto de Carvalho.

Ao todo, a organização criminosa chefiada pelo major Carvalho movimentou pelo menos R$ 1 bilhão de reais com o envio de remessas a outros países de mais de 50 toneladas de cocaína.

Um dos objetivos da operação, à época, era a prisão de Carvalho. Em 23 de novembro de 2020, dia da deflagração da operação no Brasil, com o apoio da Polícia Judiciária de Portugal, dois policiais federais brasileiros chegaram a tentar prendê-lo em um apartamento em que ele estaria vivendo em Lisboa com identidade falsa.

Mas o ex-major conseguiu escapar da prisão horas antes, saindo em um jato comercial de uma empresa de táxi aéreo comprada por ele na cidade de Cascais, distante 30 km de Lisboa, para Kiev, na Ucrânia. Chegou a deixar para trás uma van com 12 milhões de euros, o equivalente a R$ 66 milhões atualmente.

Desde aquele dia, começou uma caçada por meio de cooperação internacional e inclusão do nome do ex-major da PM na lista da difusão vermelha da Interpol, a lista de pessoas mais procuradas do mundo.

Tudo indicava que seu próspero negócio chegaria ao fim. Mas apenas parecia.

Mesmo foragido, segundo a Polícia Federal, ele continuou faturando, exportando drogas e operando sua rede logística, que usava aviões, caminhões, carros e navios e tinha uma rede de colaboradores em vários estados do país para fazer a droga entrar no Brasil, atravessar o país e, daqui, seguir pelo ar e pelo mar para países da Europa, África e Oriente Médio.

Durante sua fuga, as equipes de investigação chegaram a rastrear passagens de Sérgio Roberto de Carvalho por vários países, sempre com identidades falsas. Chegou a utilizar pelo menos cinco no período. Havia registros de que ele tinha passado, por exemplo, por países como Ucrânia, França, Bélgica, Turquia e Hungria.

Foi justamente em Budapeste, capital da Hungria, que a caçada terminou. Em 22 de junho, 576 dias depois da Operação Enterprise, que deflagrou sua caçada.

Em um típico dia de verão europeu, em meio a milhares de turistas circulando por Budapeste e a uma ação de cooperação internacional entre a Polícia Federal do Brasil, a Polícia Judiciária de Portugal, a Interpol e a Europol, Sérgio Roberto de Carvalho foi capturado e preso pela equipe de combate ao terrorismo e ao crime organizado da polícia de Budapeste, na Hungria.

Com sua prisão, conexões e novas operações da Polícia Federal têm dado detalhes e revelado as entranhas da operação liderada pelo major Carvalho no tráfico internacional de drogas.

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