Um passageiro é roubado ou furtado a cada 36 minutos em ônibus, trens e metrôs em SP

Um passageiro foi furtado ou roubado, em média, a cada 36 minutos no metrô, nos trens e nos ônibus no estado de São Paulo. Somente entre janeiro e abril deste ano, 5.373 aparelhos foram levados. Os dados são do levantamento do R7, realizado a partir das informações dos boletins de ocorrência disponibilizados pela SSPSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo).

Os números não refletem a realidade com precisão e podem ser maiores, pois muitas vítimas não registram boletins de ocorrência. Além disso, os crimes se referem à quantidade de furtos e roubos, e não ao número total de celulares levados.

Para a delegada e diretora da Adepol (Associação dos Delegados de Polícia) do Brasil, Raquel Gallinati, a aproximação física e a aglomeração de passageiros no transporte público favorecem a oportunidade para o furto. Esse tipo de crime acontece de forma dissimulada, sem que a vítima perceba.

Além disso, o celular é um dos objetos mais cobiçados pelo mundo do crime, já que o aparelho armazena diversas informações pessoais, principalmente bancárias. “Hoje, o telefone e outros bens, como cartões bancários, têm um valor agregado muito alto”, afirma a delegada.

De acordo com o levantamento, o centro da capital é a região do estado de São Paulo onde as pessoas estão mais suscetíveis a esses crimes. Nos quatro primeiros meses do ano, foram registrados 1.842 furtos e roubos de celulares no metrô, nos trens e nos ônibus.

Concentram cerca de 34% do total de casos do estado os bairros: Bela Vista, Belém, Brás, Bom Retiro, Cambuci, Campos Elíseos, Canindé, centro histórico de São Paulo, Cerqueira César, Consolação, Higienópolis, Liberdade, Luz, Pari, República, Santa Cecília, Santa Ifigênia e Sé.

Celular furtado na aglomeração do metrô
Os roubos dizem respeito às subtrações de itens feitas com violência ou ameaça, enquanto os furtos ocorrem, normalmente, sem que a vítima perceba.

No mês passado, a analista de produtos digitais Maura Ramos, de 33 anos, sofreu um furto justamente na zona central, durante a baldeação da estação Paulista, na Linha 4-Amarela, para a Consolação, na Linha 2-Verde. À reportagem, ela contou que o ladrão se aproveitou da aglomeração para levar o seu aparelho, que estava no bolso do casaco.

“Eu desci do vagão e subi pela escada rolante. Nesse dia, o metrô estava muito cheio. O lado esquerdo, que costuma ficar livre, não estava nem andando. A pessoa puxou [o celular] devagarinho, e eu senti o peso do casaco diminuir. Foi quando percebi o que tinha acontecido”, relatou Maura.

Mesmo após o furto, para a analista de produtos digitais o ambiente do transporte público é mais controlado em comparação com a rua, em razão das câmeras de monitoramento e da presença dos seguranças. “Agora estou mais atenta e coloco o celular dentro da calça. Também pretendo comprar um seguro”, finaliza.

A esteticista Priscila Santana, de 38 anos, não tem uma visão tão otimista sobre o transporte público. Acompanhada de uma amiga, ela foi assaltada, também no mês de maio, por dois homens armados no túnel que dá acesso à estação Lapa, da Linha 8-Diamante.

Durante a ação, eles levaram o celular de Priscila e a bolsa da amiga, com diversos pertences. Apesar do susto, os assaltantes não conseguiram acessar os aplicativos do aparelho, como de redes sociais e de banco.

“É um sentimento de revolta e impotência. A gente fica mais atento [depois do crime], mas infelizmente estamos vulneráveis a esse tipo de situação. A segurança na rua e no transporte público é muito escassa”, critica a esteticista.

Cuidados
Confira algumas dicas da delegada Raquel Gallinati para impedir possíveis furtos no transporte público:

  • bolsas, mochilas e outros bens devem ser carregados próximos ao corpo, preferencialmente na parte frontal;
  • é importante notar se existe alguma pessoa observando você e se atentar aos bens de valor;
  • os pertences pessoais não devem ficar visíveis enquanto estiver andando na rua ou em locais que reúnam muitas pessoas, como no transporte público.

Empresas
A ViaMobilidade e a ViaQuatro informaram que as estações e os trens contam com a presença de agentes de segurança e com um sistema de monitoramento por câmeras que ajudam a inibir esses crimes. As concessionárias administram as linhas 4-Amarela, 5-Lilás, 8-Diamante e 9-Esmeralda.

“No entanto, é importante as pessoas manterem a atenção aos seus pertences, principalmente a telefones celulares, dentro de trens, nas plataformas, nas escadas e nos acessos das estações. Vale destacar que o uso de celular, além de despertar a atenção de criminosos, pode causar distrações e acidentes”, alerta a empresa.

A STM (Secretaria de Transportes Metropolitanos) afirmou que “a CPTM conta com a Central de Monitoramento da Segurança Patrimonial e adquiriu 160 bodycams neste ano, além da parceria com a Polícia Militar (desde 2019) para a atuação da Dejem em trens e estações. Também reforça o patrulhamento ostensivo e preventivo nos trens, faz rondas 24 horas por dia em todo o sistema e conta com a participação das polícias Civil e Militar”.

“Já o Metrô possui mais de mil agentes de segurança, apoiados por um sistema de câmeras que está sendo modernizado com a instalação de equipamentos com inteligência artificial. Além disso, os passageiros devem comunicar qualquer ocorrência aos funcionários do Metrô ou por meio de SMS (11 973332252), ou ainda pelo aplicativo Metroconecta”, disse a STM em nota.

Fonte: r7

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