Vai ter greve no Metrô de São Paulo e na CPTM?

Os funcionários do Metrô de São Paulo realizaram assembleia na noite de quarta-feira (22) para discutir a realização de uma greve unificada na próxima terça (28).

Segundo a categoria, a votação virtual tem duração de 24 horas e o resultado deve ser divulgado às 19h desta quinta (23).

A paralisação conjunta, se aprovada, pode ter a aprovação de trabalhadores do Metrô, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e da Companhia Paulista dos Trens Metropolitanos (CPTM). A categoria afirma ser contra privatizações, terceirizações, demissões e supostos cortes de verba pelo governo.

Em outra assembleia realizada na noite de quarta, os funcionários da CPTM, representados pelo Sindicato dos Trabalhadores da Central do Brasil, responsável pelas linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade, aprovaram uma paralisação por tempo indeterminado a partir da próxima terça.

Os ferroviários das linhas 7-Rubi e 10-Turquesa também devem debater no decorrer desta quinta se aprovam ou não a paralisação.

Nesta semana, o plano de privatização da estatal de água e saneamento avançou na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Em outubro, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) reafirmou a intenção de privatizar as linhas remanescentes da CPTM e as linhas do Metrô administradas diretamente pela empresa pública.

Segundo Tarcísio, o objetivo deve ser cumprido até o fim do mandato, em 2025. Outra possibilidade é uma sociedade com o setor privado pela gestão da empresa.

O modelo de gestão privada não é inédito no estado de São Paulo. Duas linhas do metrô já nasceram privatizadas, a 4-Amarela e a 5-Lilás. E estão sob concessão duas linhas da CPTM: 8-Diamante e 9-Esmeralda.

Também há duas linhas, ainda em obras, que terão gestão privada: a 6-Laranja e a 17-Ouro, do monotrilho do Aeroporto de Congonhas. Procurados, o Palácio dos Bandeirantes, o Metrô, a CPTM e a Sabesp ainda não se pronunciaram.

Os funcionários do Metrô já fizeram greve três vezes em 2023. Uma em março, por reivindicações trabalhistas, e duas em outubro (uma delas sem aviso), contra o plano de privatizações do estado. Ao longo de 2023, também houve duas ameaças de interromper as atividades.

Na última paralisação de metroviários e funcionários da CPTM, em outubro, a Justiça do Trabalho determinou 100% de operação nos horários de pico, mas as categorias descumpriram a decisão.

O governador classificou o movimento como “político”, “ilegal” e “abusivo”. Também tem argumentado que o plano de privatização foi uma de suas principais plataformas na campanha de 2022 e tem sido amplamente discutido com a população.

Em outubro, especialistas em Direito do Trabalho ouvidos pelo Estadão afirmaram que a paralisação, por não ser motivada por reivindicações diretamente ligadas a condições de trabalho, poderia ser vista como abusiva.

Privatização da Sabesp avança na Assembleia
O Congresso de Comissões da Alesp aprovou, na quarta, o relatório do deputado estadual Barros Munhoz (PSDB) sobre o projeto de lei que prevê a privatização da Sabesp. O relatório recebeu 27 votos favoráveis e 8 contrários, e o tema segue agora para plenário.

No esforço do governo do estado para acelerar a tramitação do projeto, além do regime de urgência, sua passagem pelas comissões na Assembleia ocorreu em um congresso dos colegiados, em vez de passar separadamente em cada um deles.

Esse congresso inclui, entre outras, as comissões de Constituição, Justiça e Redação e a de Finanças, Orçamento e Planejamento.

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