Filipe Luís mal assumiu o time principal do Flamengo e já estreia nesta quarta-feira contra o Corinthians, às 21h45 (de Brasília) no Maracanã, pelo jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil. São apenas dois dias para a primeira partida e cerca de dois meses até o fim da temporada. O ex-lateral terá pouco tempo, mas muito trabalho a fazer.
O ge levantou os cinco primeiros desafios que o novo treinador terá nesse período, desde recuperar jogadores a ajustes no time. Veja abaixo:
1) Resgatar DNA rubro-negro
O Flamengo na “Era Tite” teve a menor média de gols feitos dos últimos 10 técnicos rubro-negros, com 1,58 marcado por partida. Com um modelo de jogo ofensivo, Filipe Luís terá a missão de melhorar esses números e achar variações táticas para ter diferentes formas de jogar, algo que seu antecessor só teve durante a Copa América, período em que estava desfalcado de seus principais jogadores e precisou se reinventar.
- Com certeza o meu modelo de jogo é de muito ataque. Às vezes eu peco por não ter medo, por atacar demais. Mas esse time já está bem treinado, tem uma estabilidade e uma organização defensiva muito boa. Claro que eu vou colocar a minha ideia em prática, que é diferente, para ver o time atacando como eu quero. Espero ver muitos gols e muitas chances de gol – declarou o técnico em entrevista à FlaTV, canal oficial do clube no YouTube.
2) Recuperar Arrascaeta e De la Cruz
A dupla uruguaia representou grande parte da empolgação dos rubro-negros no primeiro semestre. Ao lado de Pulgar e Gerson, eles chegaram a ser considerados por muitos como o melhor meio de campo do futebol brasileiro. Porém, ambos vêm sofrendo bastante com problemas físicos e tiveram uma queda brusca de rendimento desde a Copa América. Na eliminação rubro-negra na Libertadores diante do Peñarol, eles foram os piores em campo.
Recuperar essas duas peças significa por si só aumentar o poder de criação do time, devido à qualidade técnica da dupla. Arrascaeta jogou com Filipe Luís por quase cinco anos no Flamengo, e o técnico já o conhece bem:
- Quando eu estava no Atlético de Madri, acompanhava o Flamengo sempre e vi que o clube havia contratado o Arrascaeta, mas ainda não o conhecia. Vi alguns jogos e lances no Cruzeiro, mas quando veio para o Flamengo ele não jogava, e eu não entendi muito bem o porquê. E até duvidei, achei que ele não era tudo isso que o pessoal falava – declarou Filipe Luís em 2022 ao canal “Conmebol Libertadores”, no YouTube, complementando:
- Quando cheguei aqui, ele já estava jogando, e eu comecei a treinar com ele. E assim, eu sempre falo de química, e você encontra essa química dentro de campo. Com ele isso aconteceu no primeiro jogo. Eu já senti, sabia que ele era diferente, muito craque, mas que era subestimado. Ele tem nível para estar na Europa, e o tempo me deu razão. E está cada vez mais difícil, porque cada vez mais os adversários estão gastando jogadores para marcá-lo. Mas, é um jogador que faz a diferença
3) Dar novo ânimo a Gabigol
Filipe Luís tem bom relacionamento com os medalhões do elenco e conta com o respeito de cada um. Entre eles Gabigol. Mais do que a missão de recuperar o ídolo rubro-negro, em baixa no clube há mais de um ano, a chegada de Filipe Luís representa um novo ânimo ao camisa 99, que vinha sendo preterido e chegou a ir para o fim da fila dos centroavantes com Tite.
E o ex-lateral viu de perto os dois melhores anos de Gabigol no Flamengo: em 2019 com Jorge Jesus, quando formava uma dupla de ataque de maior mobilidade com Bruno Henrique, e em 2022 com Dorival Júnior, quando fazia a função de segundo atacante para jogar ao lado de Pedro. Em seu reencontro com o camisa 99 na última segunda-feira, Filipe Luís já viu um semblante mais alegre:
- Tudo bem, Mister? – brincou o atacante, usando o termo com que os jogadores chamavam Jorge Jesus entre 2019 e 2020.
4) Aproveitar melhor a base
A base vinha tendo pouco espaço com Tite nos jogos, exceto quando o treinador rodava o elenco e usava uma escalação alternativa, como aconteceu contra o Grêmio por exemplo. Ex-técnico do sub-17 e sub-20 do Flamengo, Filipe Luís também aprendeu a lidar com a garotada e conhece muitos jovens do elenco e o potencial de cada um.
Uma joia que perdeu prestígio com a comissão técnica anterior por exemplo é Lorran. O novo treinador terá o desafio de recuperar o grande destaque na base rubro-negra. Matheus Gonçalves é outro que já vem pedindo passagem nos últimos jogos, e na base foi dirigido por Filipe Luís no título mundial sub-20 sobre o Olympiacos.
Evertton Araújo talvez tenha sido o jovem que Tite melhor aproveitou no meio de campo. Mas há outros que subiram sem espaço e Filipe Luís conhece bem e pode aproveitar, como o zagueiro Iago, o volante Rayan Lucas, o meia Caio Garcia e os atacantes Shola e Wallace Yan.
5) Encontrar solidez defensiva
Ao mesmo tempo em que o técnico terá a missão de evoluir o time ofensivamente, não dá para largar de mão a “cozinha” que já vinha mal com Tite. Depois de bater o recorde de melhor defesa da história do Campeonato Carioca, sendo vazado apenas uma vez, o Flamengo ultimamente vem sofrendo muitos gols: foram 16 nos últimos 15 jogos.
Por ter sido lateral a carreira toda, Filipe Luís conhece bem os atalhos e necessidades da última linha de marcação. Especialmente pela longa passagem no Atlético de Madrid com Diego Simeone, técnico que tem um estilo de jogo mais reativo e prioriza a defesa. O novo comandante rubro-negro vai precisar buscar o tão desejado equilíbrio que Tite tanto procurou e não encontrou.
Fonte: GE