Os cães policiais que atuam no estado de São Paulo impediram a venda de mais de 31 toneladas de drogas entre 2019 e 25 de abril de 2023, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
O dado foi obtido pelo R7 via Lei de Acesso à Informação. E revela a importância do trabalho dos cães na polícia, segundo especialistas
A maconha foi a droga mais encontrada pelos animais no período, com mais de 10 toneladas apreendidas. Na sequência vem a cocaína, com 4 toneladas, e o crack, com quase 684 kg. As outras 16 toneladas são de drogas não especificadas pela corporação e podem incluir a K9 e a metanfetamina, entre outros entorpecentes.
Para o tenente Febrônio, que está à frente do trabalho no canil da Polícia Militar de São Paulo, o cão é a principal ferramenta na patrulha de pontos de drogas. “Quando o cachorro muda seu comportamento, se senta ou deita em determinado local, a gente já sabe: pode procurar ali que vai achar droga”, conta.
O trabalho feito com a ajuda do faro canino tem o objetivo principal de combater o tráfico de drogas, mas os animais também auxiliam na localização de corpos, na busca por pessoas desaparecidas e até mesmo na proteção. Além disso, os cães podem participar de operações no trânsito e em aeroportos.
“A tecnologia avança e o que a gente percebe é que não há nenhuma ferramenta com a habilidade de um cachorro”, pondera o tenente.
Treinamento feito para o encontro das drogas
Os cachorros passam dois anos praticando para finalmente irem trabalhar nas ruas e auxiliar o trabalho da PM. Durante esse tempo, os treinadores, que são os próprios policiais condutores dos animais, testam o faro dos cães a partir de amostras de drogas.
Se os animais encontram e indicam o local em que o entorpecente está escondido, são recompensados com um brinquedo. “É como se fosse uma presa para eles”, afirma o tenente Febrônio.
Ainda segundo o oficial, a reação do cão ao encontrar drogas ou artefatos explosivos é a mesma: eles se sentam ou deitam no local.
A equipe de reportagem acompanhou um dos cães filhotes em treinamento. Os agentes instalam um painel com cerca de 15 buracos. E a droga está escondida em um deles. Quando o cachorro indica ao seu condutor a localização do entorpecente, recebe o brinquedo.
É importante ressaltar que a vida do cachorro policial não é só trabalho. No canil da PMSP (Polícia Militar de São Paulo), os animais têm uma vasta área para correr e brincar e podem até fazer uso das piscinas do local.
Além disso, muitos policiais têm uma relação afetiva com o cachorro. Algumas vezes, os agentes abrem mão de suas folgas para ir até o canil e levá-los para passear.
Qualquer raça pode trabalhar como cão policial?
De acordo com o tenente Febrônio, qualquer raça de cachorro pode trabalhar na polícia, mas há algumas mais adaptadas. No canil da PM de São Paulo, por exemplo, trabalham cachorros das raças pastor-belga malinois, pastor-alemão, labrador e holandês.
“Hoje em dia o trabalho do cão policial não está atrelado à raça. Desde que esteja adequado à função, pode ser até um vira-lata”, explica.
No entanto, o policial militar Arruda, que atua também como veterinário do canil da polícia, conta que nem todos os cachorros que passam pelo treinamento da corporação têm o que é preciso para o trabalho.
“É como nas provas que precisamos fazer para entrar na polícia. Nem todos se adaptam a alguns serviços da função. E com os cachorros é a mesma coisa. Quando isso ocorre, o policial que começou a treinar o animal pode adotá-lo ou ele vai para a adoção. Se [o animal] chegou aqui por meio de doação, ele volta para a pessoa responsável”, ressalta.
Durante a visita do R7 ao canil, o policial veterinário evidenciou o cuidado com a saúde dos animais. Segundo Arruda, os cachorros passam por avaliação médica todos os dias antes de irem para as ruas.
Cada cão só pode trabalhar seis horas por dia. E todos os animais sempre se aposentam aos 10 anos de idade. Ainda de acordo com o veterinário, ao completar 6 anos de idade, os cachorros policiais também passam a fazer exames mais específicos, já que, nessa faixa etária, animais de porte grande, como os que trabalham no canil, passam a ser considerados idosos.
Veja a quantidade de drogas apreendidas pelos cães policiais da PMSP desde 2019:
2019
- Maconha: 1.418,78 kg
- Cocaína: 2.675,76 kg
- Crack: 201,19 kg
- Outros: 62,82 kg
2020
- Maconha: 2.225,23 kg
- Cocaína: 512,61 kg
- Crack: 317,9 kg
- Outros: 33,9 kg
2021
- Maconha: 1.728,7 kg
- Cocaína: 497,35 kg
- Crack: 70,60 kg
- Outros: 37,73 kg
2022
- Maconha: 3.804,52 kg
- Cocaína: 395 kg
- Crack: 85,30 kg
- Outros: 16.156,8 kg
2023 – até 25 de abril
- Maconha: 925,10 kg
- Cocaína: 61,13 kg
- Crack: 9 kg
- Outros: 142,32 Kg
Fonte: r7