A Procuradoria-Geral da República afirma que os oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) trataram as informações sobre a dimensão dos atos extremistas de 8 de janeiro com “deboche e risos”. Segundo o órgão, a cúpula da corporação estava em diversos grupos de mensagens e recebia informações de infiltrados nos acampamentos montados em frente ao Quartel-General do Exército e da inteligência da PMDF.
Em uma das mensagens, um dos informantes diz que os extremistas estavam “preparados para a guerra mesmo” e que não iriam “ceder de forma alguma”. “As coisas tá [sic] mais séria do que muitos brasileiros estão imaginando.”
A informação foi repassada para dois alvos da operação: coronel Marcelo Casimiro e coronel Klepter Rosa, atual comandante-geral da PMDF. Ao receber a mensagem, Casimiro responde: “Vai dar certo.”
O relatório conclui que os órgãos de inteligência da PMDF emitiram “dezenas de alertas que chegaram ao conhecimento de todos os oficiais de alta patente denunciados”.
Os grupos
A PGR também verificou que os integrantes da cúpula trocavam informações em grupos de mensagens. Segundo a denúncia, a partir do dia 7 de janeiro, informações sobre o fluxo de ônibus e pessoas em Brasília eram “monitoradas de forma constante, com sucessivos informes e alertas no grupo ‘ÁGUIA 1º CPR'”.
Outro grupo era o chamado “ADI/DOP”, formado por policiais militares que se dedicam à produção de informações de inteligência e pelas autoridades máximas do Departamento de Operações: os coronéis Jorge Naime e Paulo José Ferreira, alvos da PF.
Na manhã do dia 7 de janeiro, o capitão da PMDF Wesley Eufrásio enviou ao grupo informações que confirmam que agentes de inteligência estavam infiltrados nos acampamentos e ressaltou “riscos de invasão aos prédios públicos e de atentados por ‘lobos solitários'”.
Grupos mais radicais e exaltados mencionam saber dos Anexos das Casas do Congresso e acham que uma tentativa de invasão seria mais fácil por eles.
DENÚNCIA DA PGR
Além disso, Fábio Augusto Vieira, Klepter Rosa, Jorge Naime, Paulo José Ferreira e Marcelo Casimiro ainda faziam parte de outro grupo, chamado Prioridade 1. Ali, o evento de 8 de janeiro era identificado como “Tomada pelo Povo”.
Nota-se que a inteligência da PMDF/DOP já tratava o ato como ‘Tomada pelo Povo’, a demonstrar que a Polícia Militar já reconhecia as intenções explícitas do evento.
DENÚNCIA DA PGR
A operação
A Polícia Federal realiza na manhã desta sexta-feira (18) uma operação contra integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal por suspeita de omissão nos atos extremistas de 8 de janeiro. Cinco oficiais da alta cúpula da PMDF foram presos. Outros dois alvos já estavam detidos. Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Fonte: r7