Foragido da Justiça, Silvio Luiz Ferreira, 44, o Cebola, um dos principais integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) ainda em liberdade, é apontado pela polícia como dono de ao menos 56 ônibus da UPBUS Qualidade em Transportes S/A, sediada no bairro do Limoeiro, na zona leste paulistana. A companhia, alvo de mandado de busca e apreensão judicial na semana passada, é originária de uma cooperativa de transporte complementar. Foi no mesmo endereço que Cebola foi flagrado por policiais militares com quase meia tonelada de maconha no início de junho de 2012
A UPBUS foi alvo de uma operação do Denarc (Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcótico) de São Paulo, na última quinta-feira. Segundo a Polícia Civil, a empresa era de Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, um dos maiores fornecedores de drogas e armas do PCC, e de outros comparsas dele, todos integrantes da facção criminosa. Cara Preta foi assassinado a tiros em dezembro do ano passado, no Tatuapé, zona leste paulistana, junto com o sócio e motorista Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. Noé Alves Schaum, 42, acusado de matar ambos, foi assassinado no mês seguinte pelo “tribunal do crime” do PCC.
Mais sócios do PCC Dias depois foi assassinado na Vila Matilde, zona leste, Cláudio Marcos de Almeida, 50, o Django. Segundo o Denarc, Django, Cebola, Cara Preta, e Décio Gouveia Luiz, 53, o Décio Português, recolhido em presídio federal, todos do alto escalão do PCC, além de seus respectivos parentes, aparecem como acionistas da UPBUS. Investigações conduzidas pelo delegado Fernando Santiago, do Denarc, apontam que Cara Preta adquiriu cotas da UPBUS em nome do pai, da irmã e de um primo dele. Parentes dos demais sócios integrantes do PCC têm ações milionárias. O capital inicial era de R$ 1 milhão e passou para R$ 20 milhões. Django investiu em nome dele R$ 1.236.000,00 em ações da UPBUs. Parentes de Décio Português investiram R$ 618 mil; familiares de Cebola, R$ 247 mil e outro sócio identificado como Alexandre Salles Brito, 41, o Xandi ou Buiu, processado por tráfico de drogas, R$ 123 mil e uma parente dele mais R$ 247 mil
A empresa opera 13 linhas de ônibus na zona leste e fechou contrato com a Prefeitura Municipal de São Paulo, através de licitação pública, no valor de R$ 574 milhões por ano. Os sócios e acionistas da empresa são investigados por lavagem de dinheiro. Fontes policiais disseram à coluna que apenas Cebola é dono de 56 ônibus da empresa. Ele usava os nomes falsos de Rodrigo Martins Santana e Márcio Barbosa Santos. A Polícia Civil não sabe quantos veículos os demais sócios do PCC possuem na UPBUS. A companhia tem mais de 200 ônibus.
A UPBUS fica no mesmo local onde funcionava, em meados da década passada, a Cooperativa de Ônibus Associação Paulistana dos Condutores de Transporte Complementar. Cebola acabou preso lá em 2 de junho de 2012 com 480 kg de maconha e R$ 150 mil em espécie. A garagem 2 da Associação Paulistana deu origem à Qualibus, que hoje se chama UPBUS. O Denarc já sabe que Cara Preta, Cebola, Django e Décio Português eram sócios dessas empresas, constituídas em nomes de laranjas, desde a década passada. Todos eles também eram apontados como donos do tráfico de drogas na Favela Caixa D’Água, na zona leste.
Fonte Com informações da Agência Estado