Após uma semana do apagão, moradores e comerciantes de alguns pontos do Centro de São Paulo ainda sofriam com a falta de energia elétrica na noite desta segunda-feira (25). Para amenizar a situação, geradores foram providenciados pela Enel, que ainda não informou um prazo para normalização.
Um dos endereços afetados pela queda de energia é a rua Paim, na região da Bela Vista. Segundo apuração do SP2, cinco geradores foram instalados no local, porém são uma solução temporária. O equipamento não é o suficiente para garantir o funcionamento de elevadores e bombas de água dos prédios residenciais.
Em entrevista ao SP2, a moradora Carolina contou que há uma semana está tomando banho com água mineral. “Agora a gente tem luz, mas a gente não sabe até quando. As bombas dos prédios são desligadas, porque não tem energia, senão queimam. A gente não sabe quanto tempo isso vai durar”, criticou.
Por telefone, a Enel afirmou que não tem previsão para normalizar o fornecimento de energia pela rede subterrânea. Entretanto, por nota, a empresa declarou que “o atendimento está normalizado seja por acesso à rede ou alimentação por geradores. Ou seja, todos os clientes da Rua Paim estão com energia”.
Diretora da Enel culpa calor pelas quedas de energia
A diretora de rede de alta tensão e subterrâneo da Enel, Karine Torres, afirmou que as frequentes interrupções de energia elétrica em São Paulo foram provocadas pelo calor excessivo. As declarações foram feitas durante entrevista exclusiva ao SP2, na última sexta-feira (22).
“Esse sequenciamento de dias com alta temperatura provoca um stress térmico em todo o nosso ativo, seja ele cabos ou equipamentos instalados na rede subterrânea. Aliado a isso, o aumento de carga, muitas delas à revelia ou por ligações clandestinas. Esse aumento de carga, aliado ao calor, realmente provoca um estresse dos equipamentos e que ocasionou o desligamento ontem”, justificou Karine.
Questionada sobre a capacidade da estrutura da Enel em atender a alta demanda, a diretora da concessionária disse que a rede está estruturada, porém ligações clandestinas em alguns pontos da cidade – como na região da 25 de Março – e a falta de comunicação da população sobre o aumento do consumo de energia atrapalham a prestação de serviço da empresa.
“O que acontece é que muitas vezes as pessoas têm expansão do consumo de energia e essa expansão de consumo de energia nem sempre é reportada para os nossos canais. A gente não tem o conhecimento do que as pessoas estão realmente consumindo de energia”, complementou Torres.
Rescisão do contrato
A Prefeitura de São Paulo pediu novamente ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a rescisão da concessão de energia elétrica à Enel na capital paulista. A ação ocorre após os inúmeros e frequentes problemas de falta de energia na cidade.
Ofício assinado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB)e encaminhado na sexta-feira (22) à Aneel, agência responsável pela fiscalização dos serviços prestados pela Enel, afirma que, “por serem, assim, tão graves as falhas ocorridas e a renitência da concessionária em admiti-las e corrigir sua conduta, o município de São Paulo, mais uma vez, busca que essa agência instaure procedimento com visitas à rescisão da concessão, única medida que se vislumbra capaz de garantir a continuidade de serviço público essencial à vida na maior cidade do país”.
Multa não paga
Multada pela Aneel em R$ 165,8 milhões após o apagão que deixou boa parte da cidade de São Paulo no escuro no ano passado por uma semana, a Enel ainda não quitou a dívida com a agência.A multa foi aplicada no início de fevereiro deste ano e tinha dez dias para ser paga ou contestada pela companhia, segundo a Aneel.
Passado mais de um mês do fim do prazo, a concessionária de energia ainda não liquidou a dívida e, de acordo com a agência, há um recurso administrativo interposto pela concessionária em fase de análise.
A Enel afirma que estratégia no período de 2024-2026 é investir quase US$ 3 bilhões em distribuição de energia nas três áreas de concessão onde atua (RJ, SP e Ceará), “principalmente para aumentar a qualidade e a resiliência da rede elétrica e melhorar o serviço prestado aos clientes”.
“Muitas iniciativas já estão em curso, como a modernização da estrutura da rede, a digitalização do sistema, o aperfeiçoamento dos canais de comunicação com os clientes, além da elevação dos graus de criticidade nos planos de contingência e a mobilização de mais equipes em campo”, declarou a companhia.
Fonte: G1