As empresas responsáveis pelas carretas carregadas com ácido sulfúrico e agrotóxicos, que caíram no Rio Tocantins após colapso da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, foram notificadas para organizarem a retirada dos veículos da água. A informação foi divulgada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) durante reunião da sala de crise que tratou sobre a qualidade da água e impactos do acidente.
O acidente aconteceu na tarde de domingo (22) e deixou pessoas mortas e desaparecidas. A ponte separa os estados pelos municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), na BR-226. De quatro carretas que caíram na água, duas carregavam 76 toneladas de ácido sulfúrico, outra 22 mil litros de defensivos agrícolas.
A primeira reunião da sala de crise foi realizada na tarde desta quinta-feira (26) pela Agência Nacional de Águas (ANA). De forma online, contou com a participação de representantes de diversos órgãos municipais, estaduais e federais. Foram apresentadas providências já tomadas com relação ao que o desabamento da ponte causou no rio e o que cada agente público ainda vai dar andamento nos próximos dias.
O representante do Ibama, Marcelo Neiva de Amorim, três empresas transportadoras já foram notificadas que serão as responsáveis por procederem com a retiradas das carretas e das cargas consideradas perigosas do fundo do rio.
“Na notificação nós solicitamos que seja apresentado um plano de retirada do produto. Para isso, [será preciso] a contratação de empresa especializada. Duas delas já responderam que não têm e vai passar o plano em um futuro próximo, mas que no momento eles não podem nem entrar na água para se trabalhar essa variação de qual será a melhor metodologia de se retirar”, explicou Marcelo.
Segundo o representante do Ibama complementou em sua fala durante a reunião, ainda não há data para esse planejamento porque a atenção dos agentes que atuam na região está voltada à localização das pessoas desaparecidas após o acidente.
“Nós não vamos imputar nenhuma pressa para isso porque, demore o tempo que for necessário, o importante é tirar os produtos de forma intacta ou que pelo menos não causem danos ao meio ambiente. Isso é o mais importante”, reforçou, destacando que a previsão é que isso não ocorra antes de 15 a 30 dias”.
Qualidade da água
Com relação à qualidade da água, que chegou a ser orientada para que não fosse utilizada logo após o acidente pelo risco de possível contaminação, durante a reunião, os representantes da ANA comentaram que a situação ainda que está sendo avaliada por meio de testagens mais complexas.
Conforme análises feitas com base no ph, temperatura e condutividade elétrica, parâmetros básicos, a princípio a ANA não identificou vazamentos de grande importância dos conteúdos.
Como parte da carga que caiu na água é de defensivos agrícolas, amostras foram enviadas para laboratórios em São Paulo e da Embrapa para análises mais detalhadas. Os resultados devem sair entre sexta-feira (27) e segunda-feira (30).
A Agência informou ainda na quarta-feira (25) que a coleta de amostras de qualidade da água do rio Tocantins ocorreu em cinco pontos, desde a barragem da usina hidrelétrica de Estreito (TO/MA) até o município de Imperatriz (MA).
Também foi citado na reunião da Sala de Crise da ANA que enquanto os materiais estiverem no fundo do rio, haverá o monitoramento constante da situação da água do rio Tocantins.
Imagens submersas
Nesta quinta-feira, a Marinha divulgou imagens feitas no fundo do rio Tocantins e que mostram escombros da ponte misturadas à carenagens de veículos. Também ainda estão espalhados no fundo do rio frascos dos materiais tóxicos que eram transportados pelas carretas.
Também nesta quinta-feira mais dois corpos de vítimas foram localizadas por mergulhadores da força-tarefa formada por bombeiros, Marinha e outras forças e segurança. A profundidade aproximada é de 30 metros.
Desabamento
A ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira desabou na BR-226, entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA). Nas imagens feitas com um drone e divulgadas nas redes sociais é possível ver o estrago causado com o desabamento. A Polícia Federal apurar as responsabilidades pela queda da estrutura.
O momento em que estrutura cedeu foi registrado pelo vereador de Aguiarnópolis, Elias Junior (Republicanos). Em entrevista ao g1, ele contou que está em choque e que estava no local para gravar imagens sobre as condições precárias do local.
Uma força-tarefa foi criada identificar os corpos das vítimas encontrados pelas equipes de buscas. Conforme a Secretaria de Segurança Pública, os trabalhos são realizados por um perito oficial médico, peritos criminais, agentes de necrotomia e papiloscopista.
A ponte foi inaugurada em 1960 e servia de travessia entre os estado do Tocantins e Maranhão para atender o corredor Belém-Brasília, passou por reparos no final dos anos 90 e precisava de novas obras.
O DNIT informou que entre novembro de 2021 e novembro de 2023 manteve um contrato de manutenção das vigas, laje, passeios e pilares de estrutura no valor de R$ 3,5 milhões. Já outro contrato que tem vigência até julho de 2026 “prevê a execução de serviços para melhorar a trafegabilidade e dar mais segurança”. O departamento disse que em maio de 2024 lançou um edital de quase R$ 13 milhões para contratação de empresa para obras de reabilitação da ponte, mas nenhuma empresa venceu o certame.
O Ministro dos Transportes Renan Filho anunciou a reconstrução da ponte no prazo de um ano, com investimento entre R$ 100 a R$ 150 milhões. Também foi decretada situação de emergência para facilitar os trâmites burocráticos para a atuação das equipes, incluindo a demolição da estrutura existente.
Fonte: G1