Vice de Nunes é alvo de protesto de moradores do Jardim Pantanal, na Zona Leste, e se refugia em escola do bairro

por Redação

O vice-prefeito de São Paulo, Mello Araújo (PL), foi alvo de um protesto na manhã desta segunda-feira (3) no Jardim Pantanal, Zona Leste da capital, que enfrenta o 3° dia seguido de alagamentos na região (veja vídeo acima).

Ex-PM da Rota e indicado ao posto pela família de Jair Bolsonaro, Mello Araújo foi ao bairro em nome do prefeito Ricardo Nunes (MDB) para acompanhar os trabalhos da prefeitura na ajuda à comunidade que está embaixo d’água, mas encontrou pela frente uma população revoltada com os alagamentos.

A principal reclamação é em relação a uma barragem no Rio Tietê, que está, segundo eles, parcialmente fechada desde as chuvas de sexta-feira (31), impedindo a escoagem rápida da água no bairro.

O ex-vereador do PT Adriano Santos fez imagens com um drone da chamada Barragem da Penha, dentro do Rio, que mostra a água supostamente represada.

As imagens registradas no domingo (2) percorreram o bairro e deixaram a população enfurecida.

Segundo o ex-vereador petista, o controle da barragem é feito pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que cuida do fluxo de água do Tietê.

Segundo ele, “precisa fazer o fluxo da água para a cidade não alagar completamente e a Marginal do Tietê alagada não parar a cidade completamente. Mas agora que o fluxo do rio baixou, o governo Tarcísio precisa elevar a vazão pra ajudar a população do Pantanal e do Jardim Helena”.

O que diz a gestão Tarcísio
O g1 entrou em contato com a Secretaria estadual de Meio Ambiente (SEMIL), responsável pelo Rio Tietê dentro do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A pasta disse que não existe bloqueio das comportas da barragem da Penha no momento e que o fluxo de água na região não tem nenhuma relação com os alagamentos na área.

“A SP Águas, vinculada à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, informa que a Barragem da Penha está em pleno funcionamento, com todas as seis comportas operando normalmente. O fechamento das comportas não tem nenhuma relação com alagamentos em bairros como Jardim Pantanal e Jardim Helena nem em Itaquaquecetuba. Isso porque esses bairros e cidades ficam acima do nível máximo que o Tietê atinge mesmo com as comportas fechadas”, disse.

“Quando elas são fechadas, o remanso do Tietê chega a 5 km, alcançando as proximidades da entrada da USP Leste e o Parque Ecológico do Tietê. O parque, inclusive, foi construído para exercer o papel de proteção à várzea do rio – quando chove forte, o Tietê ocupa a área do parque”, completou.

E emendou: “As regras operacionais determinam que as comportas fiquem abertas até o momento em que o nível do rio na capital (ou seja, abaixo da barragem) chegar a 720 metros de altitude. A partir desse momento, as comportas permanecem fechadas, e a água passa por cima delas quando o nível chega a 723 metros. A abertura ocorre quando o nível do Tietê após a barragem volta para 718 metros acima do nível do mar”, disse a pasta.

Ajuda municipal
Mais cedo, Mello Araújo tinha postado um vídeo nas redes sociais anunciando a presença no bairro para distribuição de ajuda e comentou que as comportas do Tietê não seriam abertas.

3° dia de alagamentos
O distrito do Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo, amanheceu nesta segunda novamente alagado em virtude das chuvas que caem na cidade desde o início do fim de semana.

É o terceiro dia seguido de inundações no bairro, que sofre há décadas com os problemas das enchentes. A área com cerca de nove bairros fica numa área de várzea do rio Tietê, bem no nível do rio, e é muito suscetível às inundações.

A construção de um pôlder (área de terreno mais baixo e alagável) para tentar minimizar as enchentes na região foi prometida em 2023 pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas até o momento não foi entregue (leia mais abaixo).

Ao visitar o local, o vice-prefeito de São Paulo afirmou que a prefeitura vai levar todo o atendimento necessário para as famílias.

A gestão municipal diz que realiza na região ações como a distribuição de água, refeições, colchões, artigos de higiene, cestas básicas, além da entrega de Cartões Emergenciais no valor de R$1.000.

Segundo a Secretaria Municipal das Subprefeituras, somente no último sábado (1) foram entregues 1.550 almoços, 2050 jantares, cerca de 1.600 colchões, 570 cestas básicas entre outros itens.

Promessa de pôlder
Conforme o g1 e o SP2 mostraram, o Jardim Pantanal sofre desde os anos 80 com os alagamentos.

Em 2023, Nunes prometeu construir um pôlder na região para tentar minimizar as enchentes na área do Jardim Seabra – que faz parte do distrito, mas a obra até o momento não foi entregue pela gestão municipal.

Um pôlder é uma porção de terrenos baixos e planos, usados como áreas alagáveis para que a água não invada regiões habitadas ou de plantio na agricultura.

Comuns na Holanda, que é um país conhecido por estar no nível do mar, o pôlder é geralmente seguido por alguns diques, que impedem a passagem da água em situações de grande volume de chuvas.

O que diz a Prefeitura
Por meio de nota, a Secretaria Municipal das Subprefeituras informou que fez outras melhorias na margem do principal córrego do bairro que já estão em operação, mas que o pôlder só entrará em operação em 45 dias.

“A Secretaria Municipal das Subprefeituras informa que a contenção da margem do córrego ao longo da rua Serra do Grão Mogol está pronta. Além disso, a construção de um pôlder, na mesma região está em fase final de implantação, com previsão de início da operação em 45 dias. O valor inicial das obras não sofreu alteração”, disse a pasta.

Além dessa intervenção, a gestão Nunes disse que assinou um contrato para aumentar a capacidade de drenagem da Vila Seabra, Jardim São Martinho e Jardim Helena, onde está situado o Jardim Pantanal, com a construção de novas galerias de águas pluviais e a execução de nova pavimentação em quase 100 ruas.

“As obras devem ser concluídas em até 12 meses, após assinatura da ordem de serviço, prevista para ainda para janeiro. Vale destacar que a região está próxima da lâmina d’água do Rio Tietê e, portanto, as redes de drenagem não conseguem funcionar plenamente quando chove, levando ao retorno da água pela própria rede”.

“Desde julho de 2024, a gestão municipal acompanha as ações de urbanização na região e o processo de regularização fundiária. No total, 4.000 famílias serão atendidas. Destas, 900 recebem o título de regularização ainda neste ano. Somente em 2024, 36 toneladas de detritos foram retirados dos córregos da região. Somente no ano passado foram limpos 440.373 metros quadrados de margens de córregos, 4.291 metros de extensão de córregos foram limpos, resultando em 33.090,01 toneladas de detritos retirados”, afirmou.

Por meio de mensagem de What’sApp, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que a obra está pronta e só depende de uma ligação da Enel.

Fonte: G1

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