Acredite se quiser: controle de tráfego aéreo dos EUA ainda usa disquetes e Windows 95

por Redação

Ao pensar no sistema de controle de tráfego aéreo dos Estados Unidos, é natural imaginar um cenário dominado por tecnologias de ponta e equipamentos de última geração. No entanto, a realidade surpreende: os controladores ainda dependem de disquetes para transferir dados, utilizam tiras de papel para monitorar os voos e computadores que rodam o Windows 95, sistema operacional lançado pela Microsoft há três décadas.

Mas a Administração Federal de Aviação (FAA) está se movimentando para deixar a tecnologia obsoleta no passado e entrar, enfim, no século XXI. “A ideia é substituir o sistema”, disse Chris Rocheleau, administrador interino da FAA, durante audiência realizada no Comitê de Dotações da Câmara para discutir uma solicitação de orçamento. “Chega de disquetes ou tiras de papel.”

A proposta surge em meio a crescentes preocupações sobre a segurança e a eficiência de um setor vital para a economia norte-americana. Para se ter uma ideia da gravidade do problema, uma avaliação da própria Administração, feita em 2023, revelou que mais de um terço dos sistemas de controle de tráfego aéreo dos Estados Unidos são insustentáveis, e alguns estão começando a falhar.

Isso tornou-se flagrantemente, por exemplo, em maio, quando interrupções no radar e na comunicação levaram a centenas de atrasos e cancelamentos de voos no Aeroporto Internacional Newark Liberty, em Nova Jersey.

Em uma coletiva de imprensa realizada no aeroporto, Sean Duffy, secretário dos Transportes dos EUA, afirmou que modernizar o sistema “é o projeto de infraestrutura mais importante do país em décadas”. E acrescentou: “Todos concordam, isso é apartidário. Todos sabem que temos que fazer isso”.

Apoio da indústria da aviação
Segundo reportagem da NPR, toda a indústria da aviação – desde o sindicato que representa os controladores de tráfego aéreo até grupos comerciais de companhias aéreas e fabricantes – apoia a concretização desse objetivo. Para isso, foi até criada uma coalização chamada Modern Skies.

No momento, o Departamento de Transportes está solicitando a empresas privadas suas ideias sobre como implementar um novo sistema. E a FAA publicou, na semana passada, uma Solicitação de Informações de um “integrador” que poderia liderar a construção do novo sistema, e está convidando empresas a apresentarem suas “melhores e mais brilhantes ideias e novas tecnologias”.

O governo americano não informou quanto custará um novo sistema de tráfego aéreo, mas Duffy estima que serão dezenas de bilhões de dólares. E sua meta é concluir o trabalho em quatro anos.

Contudo, não será uma tarefa fácil. O portal Tom’s Hardware explica que uma das razões é que alguns sistemas nunca podem ser desligados, pois isso é crucial para a segurança. Então, não dá para simplesmente desligar os equipamentos antigos e trocá-los por novos.

Além disso, as atualizações dessa infraestrutura crítica devem ser resistentes a hackers e outras vulnerabilidades, pois mesmo uma única violação pode prejudicar o país, custando tempo, dinheiro e vidas.

Outra questão, acrescenta a NPR, é o que fazer com as 21 instalações de controle de tráfego aéreo que gerenciam o tráfego em grandes altitudes – muitas das quais estão caindo aos pedaços. O Departamento de Transportes (DOT) propôs a construção de apenas seis novas instalações, deixando incerto o que exatamente aconteceria com as demais, enquanto sugere que a FAA talvez queira “consolidar” essas instalações para economizar dinheiro.

“Acredito que a consolidação é algo que precisa fazer parte deste plano”, avaliou Michael Huerta, ex-administrador da FAA no governo de Barack Obama. “Todos que conhecem o sistema de tráfego aéreo reconhecem que provavelmente não precisamos do número de instalações que foram construídas numa época em que a tecnologia era muito diferente, mas que podemos sobreviver com um número menor.”

Mas segundo ele, a política em torno da consolidação provavelmente será “brutal”, com membros do Congresso lutando para proteger instalações em seus próprios distritos.

Isso sem contar que muitos no setor não acreditam que todo o trabalho poderá ser feito em apenas quatro anos. “Não há como eles concluírem tudo isso em quatro anos”, salientou David Grizzle, ex-diretor de operações da FAA. “Mas se eles pudessem simplesmente começar em cada um dos elementos e começar a correr, seria ótimo.”

Fonte: epocanegocios

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