Após júri anulado, Paulo Cupertino vai a novo julgamento nesta quinta; réu é acusado de matar o ator Rafael Miguel e os pais dele

por Redação

Após conseguir anular seu julgamento no final do ano passado, o empresário Paulo Cupertino, acusado de matar a tiros o ator Rafael Miguel e os pais dele em 2019, vai a novo júri nesta quinta-feira (29) no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo.

Além de Cupertino, que está preso, dois amigos dele também são réus no mesmo processo. Ambos são acusados de tê-lo ajudado a fugir e se esconder após o crime. Eles respondem em liberdade (saiba mais abaixo quem são). A previsão é a de que julgamento dos três comece entre 9h e 10h, de acordo com o Tribunal de Justiça (TJ).

Segundo o Ministério Público (MP), Cupertino matou o artista e a família da vítima por não aceitar o namoro do rapaz com a sua filha, Isabela Tibcherani, que tinha 18 anos à época. Rafael estava com 22.

Em outras ocasiões, Cupertino alegou inocência e disse que os disparos foram feitos por outra pessoa não identificada, que, assim como ele, também fugiu após o crime. O g1 tenta contato com a nova defesa dele, que assumiu o caso, para comentar o assunto.

Como foi o primeiro julgamento

O julgamento anterior do réu, em 10 de outubro de 2024, nem chegou a terminar porque Cupertino demitiu o seu advogado alegando não confiar mais nele para fazer a sua defesa. A decisão do réu ocorreu após os depoimentos da ex-esposa, Vanessa Tibcherani, e da filha deles, Isabela.

O acusado acompanhou o depoimento de Vanessa, mas não pôde assistir o que Isabela disse, a pedido dela, o que o deixou “irritado”, nas palavras do seu então advogado.

Como o processo tem inúmeras páginas e não haveria tempo hábil de constituir uma nova defesa, o juiz Antonio Carlos Pontes de Souza dissolveu o Conselho de Sentença à época. Em outras palavras, o júri foi anulado.

Novo júri terá dois dias

Com o novo julgamento, sete novos jurados serão escolhidos. A previsão é de que a nova audiência dure até dois dias, terminando na sexta-feira (30).

Mesmo com o fato de os depoimentos de Vanessa e Isabela terem sido gravados no júri anterior, mãe e filha terão de ser ouvidas novamente no novo julgamento porque o outro foi anulado, segundo informaram o Tribunal de Justiça e o Ministério Público.

O g1 teve acesso as filmagens dos que as duas testemunhas disseram no júri anterior. Nas imagens, Vanessa e Isabela se emocionaram e choraram durante mais de duas horas no total.

Outras testemunhas também serão chamadas a depor. No total, serão nove testemunhas, segundo o TJ. Mas de acordo com o MP são 12 as testemunhas arroladas. O número exato, no entanto, só será conhecido momentos antes do novo julgamento.

Ex e filha depuseram contra réu

Vanessa foi a primeira a depor em outubro do ano passado, e contou que o ex-marido era agressivo e batia nela. Isabela falou depois e lembrou que também apanhava do pai, principalmente quando ele descobriu que a filha estava namorando Rafael. Ele chegou ao ponto, segundo Isabela, de mantê-la presa dentro de casa durante oito meses.

De acordo com ela, Cupertino ainda zombava da situação, dizendo que a filha só iria namorar depois dos 30 anos e apenas se ele deixasse.

O crime
Segundo o Ministério Público, em 9 de junho de 2019, Cupertino matou com 13 tiros Rafael e o casal João Miguel, de 52, e Miriam, 50.

Isabela e Vanessa não viram como Rafael, Miriam e João foram baleados, mas disseram na audiência anterior que quem os matou foi Cupertino. Elas moravam numa residência na Estrada do Alvarenga, no bairro Pedreira, na Zona Sul. Câmeras de segurança gravaram o crime e a fuga de Cupertino.

Antes do julgamento de 2024, a defesa anterior de Cupertino chegou a dizer à imprensa que seu cliente alegou que não foi ele quem atirou nas três vítimas, mas uma outra pessoa não identificada, que, assim como o empresário, também fugiu após o crime.

A ex o chamou de mentiroso e misógino durante o seu depoimento.

Em seguida, o réu, bastante irritado com a situação, destituiu no intervalo o seu advogado, Alexander Lopes. A nova defesa de Cupertino chegou a ser feita pela Defensoria Pública durante a fase processual, mas a 15 dias do novo júri, ele constituiu uma advogada para defendê-lo. O g1 tenta contato com ela para comentar o assunto.

Cupertino responde por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.

Amigos de Cupertino

Além de Cupertino, os amigos dele, Eduardo Machado, de 45 anos, e Wanderley Senhora, de 59, são réus no mesmo processo e serão julgados nesse novo júri. Eles são acusados de favorecimento pessoal por terem ajudado o empresário a fugir e se esconder após o crime.

Ambos respondem em liberdade e, segundo as suas defesas, também negam as acusações.

Após matar o ator e os pais dele, Cupertino se escondeu em outros estados e países. Ele só foi preso quase três anos depois do crime, em 17 de maio de 2022. Foi quando a Polícia Civil o encontrou escondido e disfarçado, com identidade falsa e nome de outra pessoa num hotel em São Paulo.

Cupertino chegou a dizer a jornalistas que acompanharam sua prisão que ele é “inocente” e não matou “ninguém”. Apesar disso, ficou em silêncio quando foi interrogado na delegacia e ainda não falou nada à Justiça sobre os assassinatos e sua fuga.

No julgamento desta quinta, os três réus serão interrogados. E os jurados votarão para decidir se condenam ou absolvem os acusados. A sentença será dada pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza. O promotor do caso é Thiago Marin.

Cupertino está preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo.

Fonte: G1

Leia também

Assine nossa Newsletter

* obrigatório