Apesar das ruas lotadas e dos trios elétricos com som alto animando os foliões pelas cidades capixabas durante o feriado de carnaval, foi um pequeno pontinho azul nas areias de Guriri, em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, que despertou a atenção da população. É a Porpita porpita, popularmente conhecida como “botão-azul”.
Esse animal marinho diferente apareceu no balneário em meio a vários casos de queimaduras provocadas por águas-vivas, o que levou moradores e turistas a levantar dúvidas sobre se a espécie em questão oferecia riscos à saúde humana.
O animal apareceu na última terça-feira (4). Um dia antes, pelo menos 20 pessoas em Linhares foram atendidas devido ao contato com água-viva. Já em Guriri, outros 15 banhistas relataram ferimentos também causados pelo animal. Por causa disso, o aparecimento do botão-azul fez aumentar os cuidados.
Em entrevista ao Gazeta Meio Dia, da TV Gazeta, o biólogo Elber Tesch explicou que o botão-azul, apesar de pequeno, também tem o poder de injetar substâncias urticárias nos humanos, causando irritações na pele. A orientação, segundo o especialista, é não tocar no animal.
Entretanto, caso seja registrado o contato com a pele, o ideal, assim como no caso das águas-vivas, é buscar unidades de saúde para verificar a necessidade de cuidados médicos.
Especialistas vão investigar aparecimento do animal
Em busca de entender o aparecimento curioso — e inédito — do botão-azul nas areias de São Mateus, especialistas vão investigar o motivo do surgimento da espécie na praia capixaba.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do município, uma possível explicação para o registro pode ser o aumento da população de organismos marinhos.
“Com a temperatura alta, a reprodução aumenta e fica mais rápida. Com o ecossistema dos dois rios que temos aqui, o Rio Doce e o Rio São Mateus, muita matéria orgânica vem [até o mar] com as chuvas, se junta com as altas temperaturas e aumenta a população de animais, como as águas-vivas e as porpitas”, explicou Wellington Sencundino, secretário de Meio Ambiente de São Mateus.
A ideia é compartilhada pelo biólogo Elber Tesch que, ainda assim, salientou que só uma análise mais profunda vai justificar o aparecimento do botão-azul no Litoral Norte capixaba.
“A natureza é muito complexa, dinâmica e instável. […] O que afirmo é que pode ser um efeito cíclico. A natureza, às vezes, tem fenômenos que acontecem a cada dez, 50 ou 100 anos. Ou pode ser, também, algo local, por uma grande descarga por poluente ou efluentes sanitários, que traz muitos nutrientes, causando uma grande proliferação de organismos primários da cadeia alimentar”, pontuou.
Ainda segundo Tesch, o botão-azul é da família das águas-vivas e, por isso, o cuidado deve ser o mesmo: não tocar no animal e deixar com que a própria maré leve o organismo marinho de volta ao mar.
Banhistas em alerta
Caminhando nas areias de Guriri, o engenheiro Pedro Loureiro contou à reportagem que não chegou a ver nenhuma água-viva ou botão-azul durante o momento de descanso. Mesmo assim, tem atenção redobrada com os animais, já que presenciou casos de queimaduras em outras praias.
Por outro lado, apesar das recomendações contrárias, há quem não tenha medo desses animais e dos riscos à pele, como a aposentada Vitória Barcelos.
Fonte: G1