O sertanejo Bruno, da dupla com Marrone, deverá prestar depoimento na tarde desta sexta-feira (15) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), em São Paulo, no inquérito que investiga uma fala transfóbica e invasiva direcionada a uma repórter transexual em maio de 2023. Em maio do ano passado, o artista publicou um vídeo se desculpando.
Na época, o pedido de desculpas foi divulgado três dias depois da fala, que ocorreu em evento sertanejo. A jornalista Lisa Gomes, da Rede TV!, se preparava para entrevistar o cantor quando ele perguntou sobre a genitália dela usando um termo popular. “Você tem p**?”, perguntou Bruno.
Constrangida, Lisa questionou: “Como assim?”. E Bruno respondeu repetindo em voz alta o termo: “P. P“. No vídeo que postou em suas redes depois, o cantor disse ter sido “infantil” e “inconsequente”.
Em 14 de setembro de 2023, a Polícia Civil encaminhou o inquérito para o Ministério Público analisar, depois que a investigação considerou que não havia mais o que ser apurado. O investigado não chegou a ser ouvido. O setor da polícia chegou a fazer um relatório com transcrição da gravação.
Por meio do advogado, em resposta à polícia, Bruno negou e afirmou que a situação ocorreu momentos antes do início da entrevista, em conversa informal entre as partes, e disse que se desculpou com a vítima.
Destacou que a fala foi inapropriada, “mas sem configurar ilícito penal, protestando pelo arquivamento deste procedimento”, escreveu a polícia no relatório. Em dezembro, o MP pediu para que o investigado fosse ouvido na delegacia e a vítima apresentasse testemunhas.
Em nota, a defesa do cantor confirmou o depoimento e disse que o cantor irá “reafirmar que fez somente uma indagação à jornalista, sem qualquer intenção de constrangê-la ou discriminá-la em razão de sua condição de transgênero”.
‘Me senti invadida’
“Esse processo de transição é um processo muito doloroso, muito difícil, porque eu nunca soube lidar muito bem com essa questão da aceitação do corpo, tudo isso que vocês já conhecem em relação às mulheres trans”, disse a repórter, na época. “De uma forma mais clara, porque a gente nasce no corpo errado.”
Lisa comentou que teve seus direitos violados e que precisou “tomar calmantes no dia do ocorrido.”
Fonte: G1