O STF (Supremo Tribunal Federal) ouve nesta quinta-feira (26) outras testemunhas de acusação e defesa no processo envolvendo a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A ação apura a conduta da parlamentar e do hacker Walter Delgatti por invadirem o sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e inserirem um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes e 11 alvarás de soltura também falsos.
As testemunhas ouvidas serão Thiago Eliezer Martins dos Santos, que já foi condenado com Delgatti no caso da invasão de celulares de autoridades que ficou conhecido como “Vaza-Jato”, e Rosfran Lins Borges, servidor do CNJ.
Na última segunda-feira (23), a primeira a depor foi Cristiane de Brum, ex-coordenadora de campanha de Carla Zambelli. Ela disse que a parlamentar conheceu Delgatti na porta de um hotel.
“Na companhia da deputada, como amiga, encontramos Delgatti, na saída de um hotel, em Ribeirão Preto. Não conhecia, não sabia quem era. Ele a abordou na saída do hotel, pediu para tirar uma foto. Depois ele se apresentou. Ele se ofereceu para trabalhar com ela dizendo que tinha invadido o telefone do senador Sergio Moro. Senti que estava se gabando um pouco, só uma impressão minha. A deputada encaminhou o contato dele, falei por mensagem. O serviço prestado seria de integração das redes sociais dela com o site e outros candidatos”, disse.
Cristiane disse que à época, segundo relatou a Zambelli, Delgatti estava desempregado e ofereceu esse tipo de serviço com excelência. “Ele disse que já fazia esse tipo de serviço e com excelência. Ele pediu uma oportunidade para deputada. Nunca recebi ordem de Zambelli para depositar dinheiro. Carla nunca pediu para Walter fazer algum crime a mando dela. A Carla é criteriosa no que diz respeito a campanha, inclusive da parte de criação. Tudo passava pelo crivo dela. Qualquer vírgula fora do lugar era corrigida. Nunca postar nada sem estar revisado”, afirmou.
O segundo a prestar depoimento foi o ex-assessor da parlamentar Jean Hernani Guimarães Vilela. Foi ele quem conversou com Delgatti sobre valores e disse que “não costuma pedir ficha criminal de quem contrata”.
Em maio, a Primeira Turma do STF aceitou a denúncia feita pela PGR (Procuradoria Geral da República) e os dois se tornaram réus. A denúncia é pela prática de 10 crimes, sendo sete previstos no Código Penal sobre invasão de dispositivo informático e três crimes ligados à falsidade ideológica. A reportagem entrou em contato com a defesa de Zambelli e aguarda manifestação.
Segundo a PGR, Zambelli, “de maneira livre, consciente e voluntária, comandou a invasão a sistemas institucionais utilizados pelo Poder Judiciário, mediante planejamento, arregimentação e comando de pessoa com aptidão técnica e meios necessários ao cumprimento de tal mister, com o fim de adulterar informações, sem autorização expressa ou tácita de quem de direito”.
A parlamentar também foi indiciada pela PF. Na representação ao qual a reportagem teve acesso, a Polícia Federal afirma que Carla Zambelli cometeu os crimes de invasão de dispositivo informático qualificado e falsidade ideológica. Delgatti foi indiciado por crimes de invasão de dispositivo informático qualificado, falsidade ideológica, falsa identidade e denunciação caluniosa.
Em nota à época, a defesa de Zambelli classificou a conclusão da PF como “arbitrária”. “A interpretação deduzida pela autoridade policial asseverando que a deputada tenha recebido eventualmente documentos não evidencia adesão ou qualquer tipo de colaboração, ainda mais que ficou demonstrado que não houve qualquer encaminhamento a terceiros, bem como ficou igualmente comprovado que incorreram repasses de valores como aleivosamente sugestionado por aquele”, afirmou.
Fonte: r7