A morte de uma menina de apenas 7 anos, que se afogou em um parque aquático na Grande São Paulo, na terça-feira (25), chama atenção para o risco de crianças frequentarem espaços com piscinas, lagos ou qualquer outro meio no qual um afogamento seja possível.
Emanuele dos Santos era autista e estudava em uma escola municipal de Cotia, que realizou uma excursão ao parque Thermas da Mata, na mesma cidade. A mãe acompanhou a garota, mas, durante as brincadeiras, a menina acabou se afogando. As circunstâncias da morte ainda são investigadas.
Especialistas afirmam que alguns cuidados são obrigatórios quando se trata de uma criança perto de um local onde possa se afogar. Segundo a médica Luci Yara Pfeiffer, presidente do Departamento Científico de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria, as causas de mortes por afogamento são “evitáveis” e são necessários cuidados básicos. “Um deles é que crianças com idade até 10 anos precisam de um acompanhante próximo, na distância de até um braço.”
Ela explica que pequenos de até 4 anos que ficam no colo de adultos não precisam de uma proteção extra. Mas, se forem ficar na água, é importante que vistam um colete salva-vidas, especialmente se for um lugar onde não der pé, explica a especialista. O ideal, no entanto, é que as crianças permaneçam onde consigam firmar os pés no fundo com segurança.
Em relação à proteção a ser usada, ela descarta o uso das boias tradicionais. “Elas não protegem. No caso das redondas, a criança pode escapar pelo meio, ou a boia pode virar. As de braço também não dão garantia. O recomendável por todas as associações de pediatria é o uso de coletes”, diz.
Luci Pfeiffer alerta para a possível distração dos adultos quando as crianças estão na piscina. “Se está cuidando da criança, não pode ficar no celular”, afirma. A médica explica que qualquer distração é perigosa. “Em até dois minutos a criança inspira água e em quatro perde a consciência”, afirma.
Crianças com mais de 10 anos e que sabem nadar podem não usar o colete, mas precisam de supervisão, explica a médica. Ela avalia que o ideal é que haja um adulto para cada grupo de até cinco crianças, e lembra que piscinas de uso coletivo demandam a presença de um salva-vidas.
Paralelamente aos cuidados, é importante que as crianças, se possível, façam curso de natação com pessoas que saibam ensinar. “Se vão a piscinas e outros ambientes com água com frequência, é recomendável que os pais aprendam a nadar também”, avalia.
Cuidados em relação às instalações
A especialista afirma que algumas medidas devem ser tomadas por quem disponibiliza os espaços para crianças, como a instalação de uma proteção — grades, vidro ou parede, por exemplo — para impedir a entrada dos pequenos sem supervisão. Há padrões previstos em lei.
Outros ambientes
Luci Pfeiffer afirma que crianças de até 4 anos têm o peso da cabeça proporcionalmente superior ao do resto do corpo e têm dificuldade para se levantar se tombam com a cabeça para baixo. Por isso, “crianças não podem entrar sozinhas em ambientes com água”, defende. Bacias, baldes, vasos sanitários e até máquinas de lavar roupa podem representar riscos. “Às vezes, um local com 3 cm de água é suficiente para uma criança se afogar. O instinto vai fazê-la respirar, e ela pode acabar se afogando com a entrada de água nos pulmões”, explica.
Para crianças maiores, que já praticam esportes, como caiaque, ou frequentam outros ambientes relacionados a rios ou mares, como embarcações, o uso de colete salva-vidas também é fundamental.
Autismo
Em relação ao autismo de Emanuela dos Santos, Pfeiffer diz ser difícil avaliar o possível risco envolvido no uso de piscinas em função desse quadro. Ela lembra que o espectro autista possui diferentes graus de classificação e não seria possível mensurar se a garota teria dificuldades a mais por isso em atividades na água.
Fonte: Com informações da Agência Estado