As grandes metrópoles vivem uma epidemia de roubos e furtos de celulares. Além de sofrer perda material, a população alimenta uma sensação de insegurança e medo ainda maior, com os recentes relatos de sequestros-relâmpagos e de contas em bancos sendo limpas pelos criminosos.
Segundo dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, entre 2018 e 2021, cerca de 3,7 milhões de celulares foram roubados ou furtados no Brasil.
Dados segmentados do ano passado mostram que um aparelho foi roubado ou furtado por minuto em território nacional. Essas informações evidenciam que grupos criminosos migraram a execução de crimes contra o patrimônio para os ambientes digitais.
Um exemplo disso, já citado acima, foi o da explosão de casos de sequestros-relâmpagos em São Paulo, feitos pela “quadrilha do Pix”.
“(A quadrilha do Pix) virou modinha(sic) entre os criminosos e o que acaba acontecendo é que esse crime ganhou uma escala por conta dessa questão do Pix”, afirma Diógenes Lucca, fundador do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) da Polícia Militar de São Paulo e especialista em segurança pública.
“A minha melhor recomendação é que as pessoas tenham um celular em casa para os aplicativos de banco, para não andarem com eles no celular que usam no cotidiano. Isso ajuda muito”, completa Diógenes.
A facilidade em fazer grandes transferências pelo celular das vítimas, e a violência em larga escala nos casos obrigaram o Banco Central a impor um limite de R$ 1.000 para transferências realizadas entre pessoas físicas das 20h às 6h. A medida passou a valer em outubro do ano passado.
Além dessa modalidade de crime, viralizaram nas redes sociais relatos de clientes de bancos digitais e de outras instituições financeiras que sofreram perdas financeiras quase irreparáveis após assaltos em que criminosos conseguiam acessar a tela inicial do aparelho, e em seguida, realizar transferências e empréstimos bancários.
Fabio Assolini, diretor da Equipe Global de Pesquisa e Análise da Kaspersky para a América Latina, dá dicas de ações preventivas, para evitar prejuízos maiores, além do roubo, e imediatas, em caso de assalto.
O que fazer após ter o celular roubado?
“Antes de tudo, é importante tentar bloquear as contas. Ligue para o provedor de serviços móveis para pedir que a linha seja bloqueada. (…) Outro passo muito importante é, se você tem ou não o celular bloqueado, ligar para o banco para notificar que o telefone vinculado à conta foi roubado, para ajudá-lo a bloquear o acesso ao aplicativo e a protestar operações bancárias realizadas pelos criminosos”, afirma.
Apesar da insegurança, a digitalização dos serviços e a praticidade no uso torna quase impensável que as pessoas deixem de usar aplicativos bancários no celular no dia a dia. Por isso, se tornam cada vez mais importantes as ações de prevenção, para minimizar as chances de prejuízo financeiro.
Quais medidas preventivas o dono do celular pode tomar para dificultar as ações dos criminosos, em caso de roubo?
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Nos aplicativos de banco, Fabio diz que “o cenário ideal seria usar autenticação biométrica nos apps”, além da instalação de um software antirroubo no celular, que conta com uma série de funcionalidades para bloquear acessos privados no aparelho.
“O software antirroubo possui funcionalidades específicas para esse tipo de situação, como, por exemplo, o apagamento remoto, o bloqueio de apps críticos (como os de banco), exigindo uma autenticação biométrica ao abri-lo, função que impede a desinstalação do app antirroubo e o bloqueio de acesso às configurações do aparelho, além das funções de rastreamento via GPS, possibilidade de fotografar o ladrão usando a câmera frontal, função de bloqueio automático do aparelho quando o SIM card é removido, entre outras funções importantes”, explica o especialista.
Nessas modalidades de roubo, os criminosos durante a abordagem costumam pedir que o dono desbloqueie o aparelho, mas segundo Fabio, uma senha de números simples, como datas de aniversário, são mais fáceis de serem descobertas.
“É mais seguro usar um gerenciador de senhas, que cria senhas complexas, as preenche no momento do acesso, sem que a pessoa precise se lembrar delas. Além disso, o acesso ao gerenciador de senhas é feito por autenticação biométrica — forma mais segura do que deixar as senhas anotadas num bloco de notas”, explica.
O que não fazer com o telefone em prol da própria segurança?
Assolini também revela ações que os donos de celular cometem que prejudicam a própria segurança, e que por desatenção podem causar uma enorme dor de cabeça em caso de furto ou roubo.
Um exemplo é de pessoas que anotam a senha eletrônica de bancos no bloco de notas ou em conversas em aplicativos de mensagem no aparelho. “Péssima prática de segurança”, classifica.
Fonte: Com informações da Agência Estado