A Cinemateca Brasileira catalogou e recuperou cerca de 1.900 filmes de sua coleção. Alguns dos títulos já estão disponíveis de graça, no site do instituto. O restante do acervo será disponibilizado a partir do dia 15 de junho.
O projeto, que demorou dois anos para ser concluído e foi documentado em livro, é parte da iniciativa “Viva a Cinemateca”, que tem o objetivo de restaurar e modernizar o espaço.
De acordo com Luisa Malzoni, que trabalhou no processo de restauração como técnica, entre os títulos estão filmagens feitas profissionalmente e de forma caseira.
“Tem tudo. Tem longa, média, curta, filme publicitário, filme doméstico, filme preto e branco, filme colorido”, conta. “É um acervo plural”.
O título mais antigo do acervo recuperado é um documentário de 1909, chamado “Festa da Igreja em Santa Maria”. Um outro destaque é a comédia “Apuros de Genésio”, de 1940, que mostra um raro registro de Genésio Arruda, astro do primeiro longa com som do cinema brasileiro.
Luísa explica, também, que há dificuldades no tratamento de gravações feitas a base do nitrato de celulose.
“Tem maneiras da gente cuidar para que ele [o filme] não entre em autocombustão”, afirma. “O mais importante de tudo é que esses materiais respirem, então eles têm anualmente uma análise desses materiais pra eles respirarem, para os gases saírem e verificar o nível de deterioração”.
Aqueles que estão em um pior estado, segundo ela, são separados dos demais para receberam uma atenção especial e serem arejados.
Problemas na Cinemateca
O acervo da Cinemateca Brasileira já foi alvo de cinco incêndios – o mais recente em 2021 – e um alagamento. Nas ocasiões, foram destruídos roteiros, documentos, cópias de filmes e equipamentos antigos – alguns com mais de 100 anos de história.
Além dos acidentes, a instituição também sofreu com uma crise administrativa. Em julho de 2020, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) entrou com uma ação na Justiça contra o Governo Federal – por abandono do espaço. Na época o presidente da República era Jair Bolsonaro.
Em 2021, a gestão foi transferida para a sociedade Amigos da Cinemateca – que, agora, é responsável pelo maior acervo de filmes da América do Sul.
Fonte: G1