Médicos, cozinheiras, funcionários de limpeza e ascensoristas do Vaticano também tiveram que prestar um juramento de segredo para trabalhar no conclave, que escolherá o sucessor do papa Francisco. Esses e outros funcionários da Igreja Católica fizeram o voto de silêncio nesta segunda-feira (5).
Os cardeais ficarão hospedados em dois edifícios, a Casa Santa Marta e outro chamado de “Santa Marta Velha”, durante o conclave. Já os funcionários de apoio (veja a lista abaixo) podem deixar a Capela Sistina ao final dos respectivos turnos.
Segundo o Vaticano, o juramento dos funcionários, chamados de “oficiais e assistentes do conclave”, ocorreu às 15h (10h no horário de Brasília) desta segunda-feira. Os cardeais e demais religiosos da alta cúpula da Igreja ocorrerá às 16h30 no horário local (11h30 de Brasília) de quarta-feira, dia do início oficial do conclave.
O juramento está previsto no Ordo Rituum Conclavis, texto oficial da Igreja que dispõe das normas e processos do conclave.
Segundo o Vaticano, os “oficiais e assistentes do conclave” são “todos aqueles que forem designados para colaborar no conclave, tanto eclesiásticos quanto leigos, e aprovados pelo cardeal camerlengo Kevin Joseph Farrell e por seus três assistentes”. Entre eles estão:
Médicos e enfermeiros;
Sediários pontifícios;
Eclesiásticos assistentes do camerlengo Farrell;
Religiosos encarregados da Sacristia Pontifícia e que farão serviços de confissão;
Responsáveis pelos elevadores do Palácio Apostólico, além de funcionários da cozinha, da limpeza, da floricultura e dos serviços técnicos do Vaticano;
Encarregados do transporte dos cardeais eleitores (entre a Casa de Santa Marta ao Palácio Apostólico);
Coronel e major da Guarda Suíça Pontifícia, chefes da segurança papal e do conclave;
Diretor da segurança e da proteção civil do Vaticano, com alguns colaboradores.
Segundo o Ordo Rituum Conclavis, os 133 cardeais que votarão no conclave também terão que jurar observar “fiel e escrupulosamente” a Constituição apostólica escrita pelo papa João Paulo II, chamada de Universi Dominici Gregis, além de jurar empenhar em realizar fielmente a missão de escolher o novo papa, respeitando “o munus Petrinum, os direitos espirituais e temporais e a liberdade da Santa Sé”.
O conclave
O Vaticano anunciou na segunda-feira (28) que o conclave terá início no dia 7 de maio. Também na segunda, a Capela Sistina foi fechada para o público para o início dos preparativos da votação. As decisões foram tomadas durante uma reunião a portas fechadas de cardeais, que têm acontecido desde a morte do papa Francisco.
O conclave começará após o final da Novendiales, período de luto de nove dias por conta da morte do papa Francisco que teve início no sábado após seu sepultamento.
Segundo o Vaticano, o conclave terá início já na manhã do dia 7, com uma missa chamada “Pro Eligendo Romano Pontifice (“Pela eleição do Pontífice Romano”, em português), na Basílica de São Pedro. À tarde, os cardeais entrarão na Capela Sistina para iniciar a votação.
Os dois conclaves anteriores, realizados em 2005 e 2013, por exemplo, duraram apenas dois dias. No entanto, outras votações levaram mais tempo, e a mais longa durou dois anos. Leia mais sobre o conclave aqui.
Durante os dias do Conclave, os cardeais eleitores ficam fechados dentro do Vaticano, em uma área conhecida como “zona de conclave”. Eles também fazem um juramento de segredo absoluto sobre o processo. As votações acontecem dentro da Capela Sistina.
Um total de 133 cardeais votarão no conclave, que será mais “global” do que o anterior. Sete cardeais brasileiros participarão da votação. Veja a seguir quem são eles:
Sérgio da Rocha, Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, 65 anos.
Jaime Spengler, presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, 64 anos.
Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, 75 anos.
Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, 74 anos.
Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, 57 anos.
João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília, 77 anos.
Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, 74 anos.
Quantos votos são necessários?
Para ser eleito, um cardeal precisa receber dois terços dos votos, que são secretos e queimados após a contagem. Caso o próximo Conclave realmente reúna 133 cardeais, serão necessários ao menos 89 votos.
Ao todo, até quatro votações podem ser realizadas por dia — duas pela manhã e duas à tarde.
Se, depois do terceiro dia de Conclave, a Igreja continuar sem papa, uma pausa de 24 horas é feita para orações.
Outra pausa pode ser convocada após mais sete votações sem um eleito.
Caso haja 34 votações sem consenso, os dois mais votados da última rodada disputarão uma espécie de “segundo turno”. Ainda assim, será necessário atingir dois terços dos votos para que um deles seja eleito.
Quanto tempo pode durar a votação?
Os Conclaves que elegeram Francisco, em 2013, e Bento XVI, em 2005, foram concluídos em apenas dois dias. De modo geral, as eleições dos últimos 100 anos foram rapidamente resolvidas.
Na história da Igreja como um todo, porém, já houve eleições que duraram semanas — incluindo um episódio no século 13 em que um Conclave demorou mais de dois anos para ser concluído e terminou com a eleição de Gregório X.
No caso do Conclave deste ano, a Santa Sé prorrogou até 31 de maio as credenciais temporárias de jornalistas que cobrem o Vaticano.
O calendário de imprensa da Santa Sé também indica como período de funeral e Conclave as datas entre 21 de abril e 11 de maio. No entanto, essas datas são simbólicas, voltadas à organização da cobertura mundial, e não indicam diretamente o dia em que a eleição será concluída.
Fonte: G1