A defesa do ex-jogador de futebol Daniel Alves voltou a pedir sua liberdade provisória perante o Tribunal de Barcelona, sob a alegação de que a mudança de seus filhos para a capital catalã exclui o risco de fuga, mas o advogado da vítima o descreveu como “um projeto de vida fictício”.
O Tribunal de Barcelona realizou nesta sexta-feira (9) uma audiência com todas as partes — a defesa de Alves, o Ministério Público e o advogado da vítima — para reavaliar a situação de detenção provisória do jogador depois que ele solicitou sua soltura pela última vez, em abril, e o tribunal de investigação negou o pedido em maio.
A defesa do jogador de futebol apresentou um recurso ao tribunal, que intimou as partes a expor seus argumentos antes de tomar uma decisão.
Na audiência, que durou cerca de uma hora, o advogado do jogador, Cristóbal Martell, recorreu a vários argumentos para demonstrar que não existe risco de fuga que justifique a prisão preventiva, centrando-se no fato de que os filhos vão se mudar para Barcelona, o que atestaria sua disposição de permanecer na capital catalã até o julgamento.
Martell também se referiu às imagens gravadas pelas câmeras de segurança da boate, que em sua opinião mostram uma relação normal entre os dois antes de entrar no banheiro, e ao último depoimento que seu cliente prestou ao juiz, em abril, no qual admitiu que houve relações entre ele e a vítima, mas assegurando que foram consentidas.
A defesa de Alves, que está preso desde 20 de janeiro deste ano pelo estupro na boate Sutton, em Barcelona, na noite de 30 de dezembro de 2022, também diz que o jogador tem uma empresa em Barcelona que administra seus bens e direitos audiovisuais, ao mesmo tempo em que apresentou a documentação que comprova que quatro de suas empresas no Brasil foram dissolvidas.
O advogado também sublinhou perante o tribunal que o seu cliente não vai fugir porque “tem defesa” e porque “é e sente-se do Barcelona”.
Por outro lado, advogada da vítima, Ester Vallès, questionou o argumento de que Alves não vai fugir devido à instalação dos filhos em Barcelona, alegando que o documento de registo não é prova efetiva de residência.
A advogada disse ao tribunal que é “fictício” o projeto de vida do jogador com os filhos em Barcelona. Para corroborar a afirmação, acrescentou que, se fosse verdade, já o teria comentado em seu primeiro depoimento ao entrar na prisão, em 16 de fevereiro, mas ele não disse nada sobre o assunto.
Vallès afirmou que o fato de o registro das crianças ter sido processado em maio, enquanto sua defesa preparava o novo pedido de liberdade, é oportunista e mostra que é uma jogada feita para usá-lo em sua defesa.
A advogada ressaltou que o fato de poder mudar sua família do Brasil para Barcelona em tão pouco tempo demonstra uma capacidade econômica que ele poderia usar para escapar se o tribunal o liberasse em liberdade provisória.
Da mesma forma, segundo ela, a soltura de Alves seria imprudente, considerando-se que a investigação está quase concluída, e o julgamento, próximo.
Agora, o Tribunal de Barcelona deve avaliar os argumentos das partes e decidir se confirma a ordem do tribunal de instrução que negou o pedido de liberdade provisória do ex-jogador de futebol ou se o altera e permite que ele saia da prisão.
Fonte: r7