Ex-policial do Bope cobrava R$ 1.500 por hora para treinar traficantes

por Redação

Preso no início do ano passado, o ex-policial militar do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Ronny Pessanha de Oliveira, de 33 anos, cobrava até R$ 1.500 por hora para treinar chefes do tráfico no Rio, aponta a Polícia Civil. Os treinos mesclavam esforço físico com tiro ao alvo, segundo o RJ2, da TV Globo.

Segundo as investigações da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), Ronny atuava em parceria com o Comando Vermelho (CV), e teria entrado para o crime após praticar, com uma quadrilha, extorsões e grilagem de terrenos na Zona Oeste do Rio. Esses desdobramentos fazem parte da Operação Contenção da Polícia Civil, cujo objetivo é desarticular as quadrilhas que disputam territórios na região.

— Ele inicialmente ingressa na milícia da Zona Oeste, nas comunidades de Rio das Pedras e Muzema, no sentido de fazer extorsão e grilagem de terrenos — afirmou Jefferson Teixeira, titular DRF, em entrevista ao RJ2 — Temos informações de que cada treinamento de uma hora gira em torno de R$ 1 mil e R$ 1,5 mil por hora.

Os investigadores identificaram mensagens e áudios nos quais Ronny detalha sessões de treinamento com traficantes como William Sousa Guedes, o Corolla, preso em 2023, e Manoel Cinquine Pereira, o Paulista, líder do tráfico no Complexo da Penha e atualmente foragido. Em um dos áudios, o ex-integrante do Bope reclama do cansaço após um treino com Corolla, que apareceu em vídeos da polícia correndo em uma esteira, usando colete à prova de balas e portando fuzis.

— Hoje fui na casa do Corolla. Porr*, cheguei lá em cima (do morro) morto, cara, morto. Isso não pode acontecer, não. Vai que preciso incursionar, fazer algum bagulho, eu vou morrer. Sou referência nessa questão de combate — dizia.

Preso com arma em carro de luxo

Em março de 2024, o ex-agente da tropa de elite foi preso durante uma abordagem do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes, na Estrada do Itanhangá, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Em 2021, ele foi acusado pelo Ministério Público do Rio de cobrar taxas de construtores na favela. Mas antes, já tinha passado pouco mais de um ano na cadeia.

Da última vez, apesar de ter sido preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, o ‘Caveira’ ou ‘Neguinho do Bope’, como era conhecido, pagou R$ 8 mil de fiança e foi liberado. Ele irá responder em liberdade. A arma foi encontrada dentro do carro dele, uma Mercedes Benz, avaliada em aproximadamente R$ 220 mil. Além da arma, os PMs também encontraram uma identidade falsa de policial militar.

À época, a Polícia Civil disse que Ronny passou a dar treinamento aos traficantes do Comando Vermelho para auxiliar a facção na invasão de territórios da milícia e de outras facções criminosas rivais. Enquanto o Ministério Público acusa o ex-integrante do Bope de ser aliado de Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa, um dos chefes da milícia de Rio das Pedras. E se valia da amizade com o criminoso para organizar eventos, como shows e festas, na favela.

Ronny já foi lotado no 9º BPM (Rocha Miranda), no Batalhão de Operações Especial (Bope) e também no 41º BPM (Irajá), até ser expulso da corporação em setembro de 2023. De acordo com o MP, ele comandava a segurança do grupo paramilitar. Ele também é apontado como o dono de um dos prédios demolidos durante operação conjunta com a prefeitura na Muzema, em 2021.

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