Moradores do Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo, afirmam que foram surpreendidos com o anúncio da Prefeitura de São Paulo sobre a remoção de mais de 4.300 casas na região até 2029.
As primeiras demolições, previstas para julho, devem atingir cerca de mil imóveis. Segundo os relatos, a maioria das famílias não foi avisada com antecedência e ainda não sabe para onde será realocada.
O plano de remoção foi anunciado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) em 7 de maio. A região é conhecida por sofrer com alagamentos e enchentes em épocas de chuvas há mais de 30 anos. O anúncio foi feito após reunião com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o CEO da Sabesp, Carlos Piani, e secretários.
A medida faz parte de um projeto para tentar conter os impactos das inundações na área, que fica na várzea do Rio Tietê. A proposta da prefeitura é construir uma barreira de 1 metro de altura e quase 4 km de extensão ao longo de seis comunidades do bairro. O custo estimado da obra é de R$ 32 milhões.
A maior parte das remoções acontecerá na região do Jardim São Martinho, onde estão previstas 2.600 demolições. Muitas casas abrigam várias famílias ao mesmo tempo.
“Na minha casa moram oito famílias. Meu genro, minha filha, minhas netas, meus filhos, meu esposo”, disse Jordânia Marques da Silva, moradora da região.
Ela só soube que sua residência está no mapa das remoções um dia antes de a reportagem ser gravada.
Lideranças comunitárias e organizações que atuam na área afirmam que não foram chamadas para discutir o plano e que a prefeitura não deixou claro se haverá realocação com moradias definitivas ou apenas auxílio-aluguel.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirmou que “é descabida a afirmação de desconhecimento sobre a proposta”, e que o prefeito já havia mencionado a possibilidade de remoções em fevereiro deste ano.
A gestão prometeu ainda realizar audiências públicas com lideranças e moradores para discutir o plano e receber sugestões da comunidade.
Projeto de remoção
Segundo o prefeito, a operação está prevista para começar em julho e deve seguir até o final de 2029. A primeira fase prevê a retirada de mil imóveis localizados à beira do Rio Tietê, em uma faixa que chega a dois metros de altura e é considerada de risco extremo para enchentes e deslizamentos.
Esse gabião — uma estrutura de contenção com pedras e telas metálicas — será instalado ao longo de 4.200 metros margeando o Jardim Pantanal e bairros vizinhos, servindo como uma barreira física para impedir novas ocupações e construções irregulares.
Além disso, viaturas da Guarda Civil Metropolitana Ambiental, da Polícia Militar Ambiental e da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) vão reforçar a fiscalização no local para coibir reocupações e o descarte irregular de entulho na região.
O projeto de remoção está dividido em três fases:
Fase 1 (julho de 2025 a outubro de 2026): remoção de mil imóveis e construção do gabião.
Fase 2 (novembro de 2026 a junho de 2028): retirada de mais mil imóveis.
Fase 3 (julho de 2028 a dezembro de 2029): remoção de 2.344 imóveis restantes.
No total, serão 4.344 imóveis desocupados ao longo dos próximos quatro anos.
Fonte: G1