Uma jovem, de 21 anos, afirma ter sido perseguida e importunada sexualmente por um motorista de aplicativo após uma corrida em Santos (SP). A moradora de Guarujá, que preferiu não se identificar, contou ao g1, nesta sexta-feira (12), que o homem passou a elogiá-la em uma rede social e a mandar um vídeo se masturbando, o que a motivou a denunciar o caso à polícia.
A perseguição, de acordo com a mulher, que trabalha como professora, começou após a corrida por aplicativo realizada na manhã de 8 de dezembro. Na ocasião, a jovem saiu da Ponta da Praia com destino à Avenida Conselheiro Nébias e, durante o trajeto, o motorista foi simpático.
O motorista a perguntou o que gostava de fazer e ela foi respondendo, pois não havia percebido maldade. Ainda na conversa, o homem teria contado que tinha sido traído pela ex-namorada e que estava desanimado.
A jovem contou que, na ocasião, indicou um terreiro diferente do que ela costuma ir, mas que sabia que era um bom local, pois é frequentado pela tia dela. “Ele pediu o meu Instagram para que eu passasse o endereço [do terreiro] para ele”.
A professora contou que tinha chegado em frente ao trabalho dela e estava pronta para descer do carro, mas que o motorista não parava de falar e puxar assunto. “Eu estava incomodada. Não sabia como cortar sem ser mal educada”.
No mesmo dia, à noite, o motorista encaminhou uma mensagem no Instagram da jovem a elogiando e dizendo que era o fã ‘número 1’ da mulher. Ela contou que só no dia seguinte agradeceu o elogio e mandou o endereço do terreiro que havia comentado.
Depois disso se tornaram frequentes as reações dele nos stories da jovem e até mesmo comentários em publicações antigas, mas ela disse que ignorava tudo e não respondeu mais nenhuma mensagem enviada por ele. “Permaneci quieta. Estava me incomodando, mas não respondi para não dar brecha”.
Na última segunda-feira (8), ao acordar, a professora viu que havia recebido uma mensagem do motorista no Instagram durante a madrugada. “Quando vi não acreditei no que li. Ele dizia que via minhas fotos, sentia tesão em ver e que acabava se masturbando quando via minhas coisas”.
Além da mensagem, o motorista enviou um vídeo se masturbando para a jovem, que não o respondeu e contou a situação para o namorado. O rapaz pegou o celular da vítima e respondeu o homem. Em seguida, ela fez uma denúncia no 180 — Central de Atendimento à Mulher.
Como a corrida no aplicativo havia ocorrido em dezembro, a jovem não conseguiu ter acesso à placa do motorista pelo aplicativo da Uber, mas enviou uma denúncia à empresa e foi até a delegacia registrar o caso.
“Fiquei sentindo nojo e pensando se eu estava fazendo alguma coisa, se dei liberdade a esse ponto, sendo que nenhuma das mensagens dele eu respondi. Às vezes, a gente acaba se culpando por essas atitudes sendo que não é nossa culpa”, afirmou.
A professora ficou mais assustada após uma amiga da prima dizer que o mesmo motorista já havia perseguido a filha e namorada dela há um tempo. “Fiquei com esse receio, o que poderia ter acontecido comigo?”.
Ela disse que não aceitou ir ao terreiro com o homem, mas algumas mulheres são ingênuas e acabam aceitando. “Para onde ele iria me levar? O que ele iria fazer? Porque isso me deixou com medo, tem gente que não fala, tem gente que é muito inocente, tem gente que aceita e não vê a maldade”.
Respostas
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) confirmou o registro do caso como perseguir e importunação sexual na Delegacia do Guarujá, mas afirmou que detalhes serão preservados devido à natureza da ocorrência.
Em nota, a Uber disse que considera inaceitável qualquer comportamento abusivo contra mulheres e acredita na importância de combater e denunciar casos de assédio e violência. O motorista teve a conta desativada da plataforma.
A empresa disse, ainda, que se coloca disposição para colaborar com as autoridades no curso das investigações, nos termos da lei, e que conta com um canal de suporte psicológico, em parceria com o MeToo, que foi disponibilizado à usuária após o incidente ter sido relatado.
Fonte: G1