A operadora de caixa Mirian Lira, que perdeu os dois filhos após comerem um ovo de Páscoa supostamente envenenado, deixou o hospital nesta quarta-feira (23). Em entrevista à TV Mirante na casa onde mora, em Imperatriz, no sudoeste do Maranhão, ela diz não saber como vai ser a própria vida daqui para frente.
A filha de Mirian, Evely Fernanda, de 13 anos, morreu nesta terça-feira (22), cinco dias após o irmão, Luís Fernando, de 7 anos. Os três passaram mal após comerem o chocolate. A suspeita de ter enviado o ovo à família, Jordélia Pereira Barbosa, está presa. Ela nega envolvimento.
Na conversa com a repórter Leiliane de Araújo, Miriam declarou também que nunca imaginaria que o ovo de Páscoa enviado para sua casa poderia ter algum veneno, que é a principal suspeita da polícia até o momento. O laudo que pode confirmar a suspeita ainda não foi concluído.
“Quando chegou a embalagem, me ligaram, né? Me perguntam se eu tinha recebido. Só que na minha cabeça, eu achei que fosse o povo da Cacau Show confirmando se eu tinha recebido a embalagem. Eu só apenas falei que tinha recebido e não procurei investigar mais de onde que vinha”, afirmou.
Sobre a ordem de quem comeu primeiro o ovo, a operadora de caixa relatou que só lembra que todos estavam na cozinha e provaram o chocolate praticamente juntos, cada um um pouco.
“Nunca imaginei [que poderia estar envenenado] Só passando por isso. (…) Estou tentando digerir aos poucos, ainda. É muita informação ainda. Estou tentando digerir devagarzinho”, declarou.
Após ficar internada em uma UTI e ser entubada por passar mal depois de comer o ovo de Páscoa, Mirian foi, aos poucos, se recuperando no hospital. Nesta terça (22), ela foi liberada para estar presente no velório e enterro da filha, nesta quarta (23).
Polícia suspeita de crime por motivos de vingança
Segundo as investigações, Mirian Lira estava namorando há cerca de três meses, a distância, com o ex-marido de Jordélia Pereira Barbosa, que está presa suspeita de ter colocado veneno no chocolate. Ela nega que tenha envenenado.
Segundo a polícia, Mirian e o atual namorado já tinham se relacionado durante a adolescência, na cidade de Santa Inês, onde a vítima morava. O namoro entre eles acabou e Mirian se mudou para Imperatriz, local onde conheceu o pai de seus filhos, ficando com ele até dezembro do ano passado, quando o relacionamento chegou ao fim.
Já o ex-namorado de Mirian continuou morando em Santa Inês, onde se casou com Jordélia e teve dois filhos com ela. Há dois anos o casal se separou.
Em janeiro deste ano, o ex-marido de Jordélia e Mirian voltaram a namorar. Por causa da distância, eles se falavam por telefone. As investigações apontam que o último contato pessoal entre Mirian e o atual namorado foi há mais de um mês.
O relacionamento entre Mirian e o ex-marido de Jordélia teria sido a motivação para o crime. Segundo a Polícia Civil do Maranhão, a suspeita tinha ciúmes e queria se vingar do ex-companheiro.
Quem é a suspeita presa
Jordélia Pereira Barbosa, de 35 anos, presa suspeita de envenenar ovo de Páscoa no interior do Maranhão e enviar para uma família, é mãe de um casal de filhos, uma criança e um adolescente, que teve com o ex-marido, atual companheiro de uma das vítimas.
O g1 não conseguiu localizar a defesa da suspeita até a publicação desta reportagem.
Moradora do Centro de Santa Inês, no Vale do Pindaré, Jordélia Pereira era conhecida no ramo da beleza e possui um estúdio de estética em casa.
Em um perfil em uma rede social, Jordélia afirma ser esteticista, atuando com estética facial e corporal, além de ser embaixadora de uma linha de cosméticos e instrutora em uma instituição de ensino profissionalizante no curso de estética, desde 2019.
Com 12,5 mil seguidores em uma rede social, Jordélia Pereira compartilha o trabalho que realiza como esteticista, além de publicar mensagens de superação e motivação.
A suspeita de envenenar a família também frequentava uma igreja evangélica quando estava casada, segundo relatos de alguns fiéis, que disseram que o casal era problemático e vivia brigando, inclusive na porta da instituição religiosa.
Para os vizinhos, que conheciam Jordélia há décadas, ela era uma mulher trabalhadora e de boa índole.
Fonte: G1