A passageira da moto que foi atingida por um motorista de carro de luxo na avenida Rio Negro, em Barueri, Grande São Paulo, afirmou nesta sexta-feira (24) que se recupera bem.
O acidente foi registrado na noite de segunda-feira (20). Maria Graciete Alves de Araujo, de 36 anos, estava na garupa da moto e teve a perna amputada após ser atingida pelo carro. O motociclista Arlison da Silva Correia, de 32 anos, chegou a ser levado ao hospital, mas não se feriu gravemente.
O motorista Carlos André Pedroni fugiu sem prestar socorro e se apresentou à polícia na quarta-feira. Nesta quinta-feira (23), a polícia o indiciou por lesão corporal com dolo eventual (quando se assume o risco de ferir alguém), omissão de socorro e fuga do local do acidente. A polícia investiga ainda se ele participava de um racha com seu Mercedes.
‘Vi o carro longe e, em pouco tempo, senti a pancada’
Arlison da Silva Correia, de 32 anos, o motociclista que foi atingido por Carlos, afirmou que é um milagre estar vivo diante do forte impacto da colisão e que acredita que o condutor estava em alta velocidade, devido à rapidez com que ele seguiu pela avenida e o atingiu.
“Foi um milagre eu sair vivo. Vendo as imagens, eu lembrei do momento da batida. A gente toma um baque, e foi terrível, violento. Eu caí e vi a perna dela [passageira] no chão. Eu lembro somente que vi um carro preto vindo longe, lá atrás e, em pouco tempo, senti uma pancada. Para mim só comprova que ele estava correndo, porque ela estava longe e depois, rapidamente, eu fui atingido”, afirmou Arlison.
Conforme o motociclista, ver a passageira ferida e agonizando foi “como um filme de terror”.
E complementa: “Eu sinto muito o que aconteceu com a Maria Graciete. Espero que ela se recupere logo. Eu sei que não vai voltar a ser como era antes, mas é fundamental que ela se recupere bem. Hoje temos muitos recursos. Ela vai conseguir”.
Habilitação
Segundo a TV Globo apurou, a carteira de habilitação de Pedroni está regular, mas a Mercedes que ele dirigia no momento da batida tem duas multas graves:
dirigir o veículo ameaçando outros veículos, de 15/3/2023;
dirigir acima da velocidade permitida na Rodovia dos Imigrantes, de 2/5/2024.
O condutor do outro veículo de luxo, o dentista Roberto Viotto, está atualmente com o direito de dirigir suspenso. A carteira de habilitação dele havia sido cassada em 2018, porém ele conseguiu reavê-la com uma decisão judicial. Em 2023, foi suspensa novamente. Seu prontuário tem mais de 1.200 pontos.
À TV Globo, ele afirmou que a CNH está liberada desde 23 de abril. No entanto, Viotto ainda não fez o curso de reciclagem para concluir o processo de liberação, por isso continua sem o direito de dirigir.
Investigação
O motorista que atropelou o motociclista se apresentou à polícia na quarta-feira (22) e disse em depoimento que não estava alcoolizado e que não parou para socorrer as vítimas por ter medo de se tratar de um sequestro.
Uma câmera de segurança registrou o momento em que dois carros de luxo passaram em alta velocidade pela avenida momentos antes de um deles bater na traseira da moto. Ele negou a suspeita de que estaria disputando racha.
Carlos André foi até a delegacia acompanhado da namorada, que também estava no veículo no momento do acidente. Os dois prestaram depoimento e ficaram na delegacia por cerca de 5 horas.
Carro deixado em estacionamento de igreja
Um vídeo obtido pela TV Globo, mostra o momento em que Carlos chega com o carro ao estacionamento de uma igreja, a quase 3 km do local do acidente. Pelas imagens, é possível ver a frente do carro parcialmente destruída.
Outros vídeos também mostram o momento em que Pedroni chega em casa, após deixar o carro no estacionamento de uma igreja (veja acima).
Viotto, condutor do outro veículo de luxo, prestou depoimento à polícia na madrugada desta quarta.
Ele admitiu que passava pelo local em alta velocidade, negou participar de um racha e afirmou não ter visto o acidente. Nas redes sociais, o profissional se apresenta como “referência mundial” em lentes de contato dental.
O caso foi registrado na delegacia central de Barueri como disputa de racha, lesão corporal agravada pela omissão de socorro e fuga do local do acidente.
Fonte: G1