Petróleo dispara 5% após Biden afirmar que discute ataques a instalações iranianas; entenda papel do Irã no mercado

por Redação

O preço do petróleo dispara cerca de 5% nesta quinta-feira (3) e a cotação do barril se aproxima dos US$ 80, depois do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falar sobre a possibilidade de Israel atacar refinarias de petróleo do Irã.

Em rápida conversa com repórteres, Biden foi questionado se apoiaria um ataque israelense às instalações petrolíferas iranianas. “Estamos discutindo isso. Acho que seria um pouco…”, respondeu.

Após a fala do presidente, o preço do barril de petróleo, que já estava em alta, passou a subir ainda mais. Às 14h30, o petróleo tipo Brent avançava 4,47% e o barril era negociado a US$ 77,20.

Desde a última sexta-feira (27), a commodity já disparou cerca de 8%, com a intensificação dos conflitos.

Entenda, abaixo, mais detalhes sobre a participação do Irã no mercado de petróleo e porque o conflito faz o preço da commodity subir.

Qual o tamanho e o papel do Irã no mercado de petróleo?
O novo capítulo da guerra no Oriente Médio, com o Irã atacando Israel, fez com que uma preocupação para além da tragédia humanitária também tomasse conta do mundo: a produção e o preço do petróleo.

O petróleo subiu 3,85% após o Irã disparar centenas de mísseis contra o território israelense na terça-feira (1°). O preço continua avançando nesta quarta-feira (2), conforme seguem as ameaças de retaliação que chegam de Israel e dos Estados Unidos, seu maior aliado.

O Oriente Médio é uma das regiões mais importantes para a produção da commodity no mundo. Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, o Irã era o sétimo maior produtor de petróleo no mundo em 2023, com uma produção de 3,9 milhões de barris por dia.

Com esse número, o país respondeu por quase 5% de toda a produção mundial, que foi de 82,8 milhões de barris por dia.

Embora sozinho pareça não ter tanta relevância na produção mundial, o Irã tem um papel-chave como membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+). Esse é o cartel de petróleo mais importante do mundo, e é quem determina na prática os rumos do preço da commodity.

Entre os países membros e aliados da Opep+ estão Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Venezuela e Rússia, por exemplo.

Como membro da Opep+, o Irã pode influenciar e receber o apoio dos demais países do grupo caso a guerra escale ainda mais, explica Celso Grisi, professor especialista em macroeconomia da FIA Business School.

O cartel pode escolher reduzir sua produção diária de barris de petróleo para diminuir a oferta da commodity no mundo. Se a opção for pela redução, os preços do barril de petróleo no mercado internacional podem subir ainda mais.

O Irã também tem como trunfo uma das maiores reservas de petróleo do mundo, responsável por 10% de toda a disponibilidade global conhecida até aqui.

Cristian Pelizza, economista-chefe da Nippur, explica que o poder de barganha dos países do Oriente Médio vem do excedente de petróleo que produzem. Como são economias pequenas em relação aos gigantes como EUA e China, podem reduzir a produção sem medo de desabastecimento.

Economias desenvolvidas consomem muito petróleo, mesmo que também sejam grandes produtores. Assim, ainda dependem de importação para completar a demanda, em especial por combustíveis.

Outro ponto sensível é se forem aplicadas novas sanções econômicas aos países da região, como já aconteceu outras vezes. Os especialistas ouvidos pelo g1 concordam que isso poderia ser um fator de piora expressiva do preço do petróleo, por problemas de distribuição.

Estreito de Ormuz
Um aspecto final que faz do Irã uma região estratégica para o mercado de petróleo é sua localização. O Estreito de Ormuz, uma passagem que liga o Golfo Pérsico ao Oceano Índico, é uma das principais rotas do petróleo do Oriente Médio para o resto do mundo.

Pelo Estreito de Ormuz passam cerca de 20 a 30 milhões de barris de petróleo todos os dias, comenta Roberto Ardenghy, presidente do IBP.

Em outras oportunidades, como nas tensões entre Israel e Irã ocorridas em abril, o país árabe ameaçou fechar o estreito, impedindo a circulação da commodity. As ameaças nunca se concretizaram, principalmente porque colocariam o Irã em uma posição vulnerável também com os países aliados da Opep+.

O que o Irã pode fazer — e já fez — é interceptar embarcações específicas de países inimigos. De todo modo, Ardenghy destaca que essa é “uma região crítica para o escoamento do produto e qualquer tipo de problema no acesso a ao estreito pode causar problema de abastecimento global”.

Fonte: G1

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