Surto de sarna é identificado em afegãos abrigados no Aeroporto de Guarulhos

por Redação

Ao menos 20 refugiados afegãos que estão abrigados no Aeroporto Internacional de Guarulhos foram detectados com escabiose, doença popularmente conhecida como sarna. O surto foi identificado na quinta-feira (22) por médicos da Prefeitura de Guarulhos e confirmado neste domingo (25) por médicos de ONGs que atuam no auxílio das famílias recém-chegadas ao Brasil.

A sarna é uma doença contagiosa transmitida pelo contato direto entre as pessoas ou por meio de objetos, como roupas, cobertores e travesseiros compartilhados, explica o infectologista do Instituto Emílio Ribas Jamal Suleiman.

“As condições adversas de habitação e de higiene facilitam substancialmente o aparecimento dessa doença”, afirma o médico.

Por isso, entre as medidas necessárias para conter o surto, estão os banhos, a constante higienização dos bancos das áreas comuns do aeroporto e a troca de roupa dos doentes. As vestimentas devem ser lavadas e passadas, uma vez que temperaturas altas são necessárias para acabar com os ovos do parasita.

As organizações Coletivo Frente Afegã, Afghanistan Refugee Recue Organization e Projeto Abarcar — que auxiliam os refugiados recém-chegados ao país — pedem que o aeroporto libere os banheiros para higienização pessoal dos afegãos. Segundo essas organizações, desde agosto de 2022, o aeroporto liberou apenas três vezes a utilização dos vestiários com chuveiros para essa população.

Além das medidas de higiene, o tratamento medicamentoso é fundamental para curar a doença.

Os principais sintomas da sarna são coceira intensa e lesões na pele. “Em crianças, isso é extremamente desgastante. Ao coçar, você lesa a sua pele e pode contrair uma infecção secundária, e é aí que está o perigo”, afirma o infectologista Suleiman.

A Prefeitura de Guarulhos informou por meio de nota que a Secretaria de Saúde do município forneceu atendimento médico aos doentes no próprio aeroporto, com a prescrição de medicamentos para o tratamento, e que os remédios foram fornecidos pela própria municipalidade.

A nota ainda afirma que “apesar de não ser uma questão de responsabilidade da Prefeitura de Guarulhos, a administração municipal segue acompanhando a situação dos afegãos acampados no aeroporto” e que “são realizadas ações de saúde no aeroporto semanalmente, como vacinação tendo em vista a otimização do bloqueio de doenças imunopreviníveis e investigação epidemiológica, consultas médicas no local e orientações de saúde”.

A reportagem também entrou em contato com a GRU Airport, responsável pela administração do Aeroporto Internacional de Guarulhos, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Na última contagem, realizada neste domingo (25), 208 refugiados afegãos estão abrigados no aeroporto. Ao todo, existem 1.059 vagas destinadas a imigrantes e refugiados em centros de acolhida em São Paulo e em Guarulhos, incluindo equipamentos gerenciados pelas prefeituras e pelo governo do estado. Mas, no momento, 100% dessas vagas estão ocupadas.

Nota da Prefeitura de Guarulhos
“Apesar de não ser uma questão de responsabilidade da Prefeitura de Guarulhos, a administração municipal segue acompanhando a situação dos afegãos acampados no aeroporto de Guarulhos. De acordo com a última atualização, realizada na noite deste domingo (25), são 208 pessoas.

A Secretaria de Saúde de Guarulhos informa que os afegãos com escabiose (sarna) receberam atendimento médico no próprio local, com a prescrição de medicamentos para o tratamento. Os remédios são fornecidos pela municipalidade. Além disso, são realizadas ações de saúde no aeroporto semanalmente, como vacinação tendo em vista a otimização do bloqueio de doenças imunopreviníveis e investigação epidemiológica, consultas médicas no local e orientações de saúde.

Guarulhos possui atualmente 177 vagas para acolhimento de migrante e refugiados, sendo 127 geridas pela municipalidade e outras 50 pelo governo estadual. No momento, todas estão lotadas. A Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social está em contato com os governos estadual e federal e também com instituições parceiras buscando vagas para acolhimento, mas no momento, não há previsão. Enquanto isso, todos os afegãos no aeroporto recebem três refeições diárias da Prefeitura, além de água e cobertores.

O prefeito Guti protocolou na última terça-feira (13) mais um ofício junto ao Ministério de Portos e Aeroportos solicitando apoio para as demandas criadas pela crise humanitária em Guarulhos. A intenção é reforçar a solicitação de reconhecimento da cidade como fronteira do Brasil e de um maior apoio financeiro para a alimentação daqueles que permanecem no aeroporto aguardando acolhimento.”

Fonte: G1

Leia também

Assine nossa Newsletter

* obrigatório