Aos 12 anos, o menino Luiz Fellipe Darulis, de Monte Mor (SP), morreu após ser submetido pelo padrasto a uma sessão de castigos físicos com agressões usando uma ripa de madeira. Veja, abaixo, o que se sabe e o que falta saber sobre o caso.
O padrasto, Cirilo Abel Barreto, foi preso em flagrante e admitiu ter dado “um corretivo” no adolescente. A Polícia Civil investiga a hipótese de o crime ter sido motivado por homofobia, uma vez que Luiz Fellipe tinha o hábito de brincar com bonecas.
Como a morte aconteceu?
De acordo com a Polícia Civil, a mãe, ao chegar na residência, viu o filho machucado após ser agredido durante a sessão de castigos físicos e buscou ajuda no Hospital Beneficente Sagrado Coração de Jesus, mas o adolescente chegou na unidade morto.
“Segundo o médico que atendeu a criança, o menino passou mal em casa, com falta de ar e fraqueza. O menino de 12 anos já estava em óbito quando chegou ao hospital, segundo o médico que acionou a GCM”, destacou a prefeitura.
Segundo a prefeitura de Monte Mor, após a constatação do óbito, o corpo do adolescente foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Americana (SP) para realização o exame necroscópico.
Alguém foi preso?
Após a chegada da Guarda ao hospital, o padrasto do menino, de 46 anos, foi preso em flagrante. O homem foi levado para a delegacia para registro de ocorrência, e depois passou por audiência de custódia, onde teve a prisão mantida. Ele foi encaminhado à cadeia de Sumaré (SP).
Segundo a Secretaria de Segurança do município, o padrasto teria confirmado que “deu um corretivo na criança”, obrigando o adolescente a fazer agachamentos e agredindo-o com uma ripa de madeira mais de uma vez.
Quem era Luiz Fellipe?
Luiz Fellipe foi enterrado nesta segunda-feira (29), no Cemitério Municipal, e o sepultamento foi acompanhado por familiares e amigos. À EPTV, afiliada da TV Globo, um professor disse que o adolescente tinha o hábito de brincar com bonecas.
Ainda de acordo com o professor, Luiz Fellipe já havia manifestado preocupação com as punições aplicadas pelo padrasto. “Ele tinha seu melhor amigo e, às vezes, a gente como professor escutava a frase que o padrasto não gostava dele, que ele sofria puxadas de orelha, que se alguma coisa acontecesse na escola e chegasse ao ouvido do padrasto ele ia sofrer algumas broncas”, diz.
Havia denúncias anteriores?
Em nota, a prefeitura informou que, no ano passado, a Escola Municipal San Remo, onde Luiz Fellipe estudava, formalizou uma solicitação ao Setor de Apoio Especializado da Secretaria de Educação por conta de suspeita de maus-tratos contra o adolescente.
“Os profissionais que receberam a solicitação deram, junto com a Unidade Escolar e com a mãe (responsável pela criança), todo o encaminhamento necessário, seguindo sempre o protocolo de atendimento, e, depois de avaliação técnica, em junho de 2023, encaminhou a questão em específico – também de forma protocolar – ao Conselho Tutelar de Monte Mor”, pontua o texto.
A administração municipal diz ver a morte do estudante com “profunda tristeza e certo desalento”, e que haverá “total colaboração” da prefeitura em relação à investigação.
Quais são os próximos passos?
Segundo o delegado Fernando Bueno, que investiga o caso, a mãe de Luiz Fellipe foi ouvida e, agora, a Polícia Civil aguarda o resultado dos exames necroscópicos para determinar a causa da morte e extensão das lesões provocadas pelo padrasto.
Além disso, os investigadores devem ouvir pessoas próximas à família para entender a relação entre o suspeito e o enteado. Durante o depoimento, a mãe do adolescente afirmou que essa foi a primeira vez em que o menino foi agredido.
Fonte: G1