O presidente do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP), Domingos Dissei, enviou na última sexta-feira (10) um ofício à Prefeitura de SP cobrando explicações e providências sobre a enchente registrada no estádio do Pacaembu durante a final da Taça das Favelas, no último dia 21 de dezembro.
Conforme noticiado pelo ge, a partida final masculina da Taça das Favelas Brasil foi cancelada por causa das fortes chuvas que atingiram a nova Arena Pacaembu e geraram um enorme alagamento no dia 21.
Na ocasião, a água invadiu até o gramado e impossibilitou que as equipes de São Paulo e Espírito Santo decidissem a competição. As duas equipes acabaram sendo consideradas campeãs, em virtude dos problemas no estádio.
Os alagamentos também aconteceram no dia 25 de dezembro, dia de Natal, segundo relatório de vistoria da própria Allegra Pacaembu ao qual o g1 teve acesso (veja vídeo acima).
No ofício enviado à Secretaria de Esportes, Domingos Dissei pediu que a pasta responde em até cinco dias úteis as causas do alagamento, os prejuízos contabilizados nas obras obrigatórias do Programa de Intervenções e quais as providências foram tomadas para evitar futuros alagamentos no local.
A preocupação do TCM, segundo o ofício, é com a realização da final da 55ª Copa São Paulo de Futebol Júnior, que acontecerá no local no próximo dia 25 de janeiro.
O custo total da obra da obra de reforma é de R$ 800 milhões, segundo a própria concessionária Allegra, mas ainda não foi oficialmente entregue.
Por meio de nota, a Prefeitura de São Paulo informou que os dois alagamentos no Pacaembu em dezembro ocorreram por conta de “uma tubulação que se rompeu, devido à pressão das águas e os reparos necessários já estão em fase adiantada”.
O g1 procurou a Allegra Pacaembu para comentar o assunto e a empresa disso, também por nota, “o alagamento de parte do gramado ocorreu depois do rompimento de uma tubulação de águas pluviais que recebe contribuição dos bairros vizinhos e passa pelo estádio, em direção ao piscinão da Praça Charles Miller”.
Segundo a concessionária, “o incidente foi causado pelo forte volume de detritos e entulho trazidos pelas tempestades que começaram no dia 21 de dezembro, causando múltiplos transtornos por toda a cidade de São Paulo, e se estenderam pelo fim do ano”.
Em documento enviado à Secretaria Municipal de Esportes no dia 27 de dezembro, a empresa afirmou que ocorreu um colapso da rede de esgotos de 1,30mx1,30m, provavelmente causado por alguma obra próximo ao local.
“O trecho colapsado deverá ser recomposto por galeria de concreto armado moldado in loco de 2,00 x 2,00 ou túnel linear (tubo Armco) nas mesmas dimensões”, declarou o documento.
Atrasos e eventos adiados
No ano passado, por causa dos atrasos na obra da concessionária Allegra Pacaembu, a final da Copinha foi transferida pela Federação Paulista de Futebol (FPF) para a NeoQuímica Arena, estádio do Corinthians.
Em março daquele mesmo ano, o CEO Allegra Pacaembu admitiu que a empresa falhou ao prometer a entrega do estádio para a final da Copinha de 2024.
O novo Pacaembu já deveria estar pronto. Quando o site da prefeitura anunciou o começo das obras, em junho de 2021, a entrega estava prevista para outubro de 2023.
Em março do ano passado, o SP2 visitou o local, e Eduardo Barella, presidente da Allegra, garantiu que tudo estava no prazo.
“Nós estamos cumprindo à risca tudo aquilo que é preconizado dentro do contrato de concessão. Esses planos já foram entregues para a prefeitura”, disse Barella.
Porém, em julho, uma vistoria feita por técnico da Prefeitura de SP apontou diversos problemas na execução da obra e encaminhou uma multa contra a Allegra Pacaembu, por causa dos constantes atrasos (veja o vídeo acima).
“Já estão caracterizados os atrasos e as respectivas sanções, conforme o contrato de concessão, serão aplicadas após o aceite definitivo das obras obrigatórias”, disse a gestão Ricardo Nunes (MDB) em nota.
“É importante destacar que a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer é responsável pela fiscalização do contrato de concessão e mantém diálogo constante com a concessionária para assegurar o bom andamento das obras e do contrato. Uma nova vistoria foi realizada no dia 9 de dezembro, e o relatório técnico está sendo elaborado. Outras vistorias poderão ser realizadas”, afirmou a Secretaria Municipal de Esportes (SME) neste domingo (12).
Os problemas na finalização e entrega da 1ª etapa da obra também geraram o cancelamento de um show de Roberto Carlos no mês de abril, que marcaria a retomada da Arena Pacaembu, aque teve o naming rights vendido para a empresa Mercado Livre por mais de R$ 1 bilhão.
Apesar dos problemas enfrentados pelo estádio ainda em reforma, o presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, confirmou que a final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha, será mesmo no Pacaembu.
Em entrevista ao programa Mesa Redonda, da TV Gazeta, afirmou que o evento em 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo, terá capacidade para 26 mil torcedores.
ÍNTEGRA DA NOTA DA PREFEITURA DE SP:
“A Prefeitura de São Paulo informa que já estão caracterizados os atrasos e as respectivas sanções, conforme o contrato de concessão, serão aplicadas após o aceite definitivo das obras obrigatórias. É importante destacar que a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer é responsável pela fiscalização do contrato de concessão e mantém diálogo constante com a concessionária para assegurar o bom andamento das obras e do contrato. Uma nova vistoria foi realizada no dia 9 de dezembro, e o relatório técnico está sendo elaborado. Outras vistorias poderão ser realizadas.
Em relação ao episódio mencionado pela reportagem, uma tubulação se rompeu devido à pressão das águas e os reparos necessários já estão em fase adiantada. Vale ressaltar que, além das obras obrigatórias dos equipamentos esportivos, o complexo incluirá novos empreendimentos, como um prédio multiuso com hotel, centro de convenções, lojas, restaurantes, hub de inovações e centro de reabilitação esportiva. Todo o investimento realizado no Pacaembu é de responsabilidade da concessionária, sem custos para o município”.
ÍNTEGRA DA NOTA DA ALLEGRA PACAEMBU:
“O alagamento de parte do gramado ocorreu depois do rompimento de uma tubulação de águas pluviais que recebe contribuição dos bairros vizinhos e passa pelo estádio, em direção ao piscinão da Praça Charles Miller. O incidente foi causado pelo forte volume de detritos e entulho trazidos pelas tempestades que começaram no dia 21 de dezembro, causando múltiplos transtornos por toda a cidade de São Paulo, e se estenderam pelo fim do ano.
Os órgãos da prefeitura foram informados do incidente desde o primeiro momento e, tão logo as chuvas do fim do ano permitiram, a Concessionária retirou os detritos e executou os reparos. A finalização dessa intervenção ocorreu em poucos dias, e o local passa hoje por ajustes externos à tubulação, na alameda Leste do Estádio, tudo dentro de um cronograma seguro para a realização da final da Copinha de 2025″.
Fonte: G1