O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o Irã é responsável pelos ataques dos Houthis em um post na rede social Truth Social, nesta segunda-feira (17).
Trump que, assim que assumiu seu segundo mandato na Casa Branca, restaurou a política de pressão máxima contra o governo iraniano e vem pressionando por um acordo nuclear, ainda acusou Teerã de se colocar como “vítima inocente”.
O Irã vem negando, repetidamente, que esteja produzindo armas nucleares e afirma que o apelo do presidente americano por negociações é apenas uma “enganação”.
Ataque dos EUA aos Houthis
Os Estados Unidos realizaram novos ataques aéreos contra os Houthis no Iêmen nesta segunda-feira (17), informou a TV Al Masirah, ligada ao grupo rebelde.
O ataque desta segunda faz parte de um ataque em larga escala contra os Houthis ordenado no sábado (15) pelo presidente dos EUA, Donald Trump. O número de mortes causadas pelos bombardeios americanos subiu para 53 nesta segunda-feira.
A investida é a maior operação militar dos EUA no Oriente Médio desde o retorno de Trump à Casa Branca, e aumenta a pressão sobre o grupo aliado ao Irã para a interrupção de ataques a navios cargueiros no Mar Vermelho.
O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou no domingo (16) em entrevista à TV “Fox News” que a ação militar contra os Houthis será “implacável” e vai acabar apenas quando o grupo rebelde se desmobilizar completamente.
Os ataques dos EUA no Iêmen podem continuar por semanas, segundo um oficial americano ouvido pela agência de notícias Reuters. A ação ocorre em um momento em que Washington intensifica sanções contra o Irã para tentar pressionar o país a negociar seu programa nuclear.
O gabinete político dos Houthis descreveu os ataques dos Estados Unidos contra o grupo como um “crime de guerra” e disse que as forças armadas do Iêmen estão “totalmente preparadas para responder à escalada com escalada”.
Um porta-voz dos Houthis, Yahya Sarea, afirmou nesta segunda-feira que o grupo realizou um segundo ataque contra o porta-aviões americano Harry Truman com mísseis balísticos e de cruzeiro, que teria forçado caças americanos a recuarem. No entanto, Sarea não forneceu comprovação do ataque. O Exército americano não reportou ataque iemenita contra suas forças.
Os ataques a embarcações pelos Houthis estão entre as justificativas utilizadas por Trump para iniciar os bombardeios.
Em outubro de 2023, após o início da guerra entre o Hamas e Israel, o grupo rebelde começou a atacar navios militares e comerciais em um dos corredores de navegação mais movimentados do mundo. Os alvos eram embarcações de Israel e de seus aliados — em especial os Estados Unidos e o Reino Unido —, alegando solidariedade aos palestinos.
Desde então, mais de 100 ataques foram realizados contra navios mercantes e militares. Dois deles afundaram, e quatro marinheiros foram mortos. As ofensivas foram interrompidas com o atual cessar-fogo em Gaza, que entrou em vigor em janeiro.
Mas, na quarta-feira (12), os Houthis anunciaram que voltariam a abrir fogo, depois de Israel interromper a ajuda humanitária a Gaza para pressionar o Hamas durante as negociações do cessar-fogo.
Quem são os Houthis?
Os Houthis pertencem ao chamado “Eixo de Resistência”, uma rede de organizações simpáticas ao Irã e hostis ao Estado de Israel, que inclui o Hezbollah libanês, o Hamas e o regime sírio deposto de Bashar al Assad.
A organização surgiu em 1990 para combater o governo do então presidente Ali Abdullah Saleh. Liderados por Houssein al Houthi, os primeiros integrantes do grupo eram do norte do Iêmen e faziam parte de uma minoria muçulmana xiita do país, os zaiditas.
Os Houthis ganharam força ao longo dos anos, principalmente após a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos em 2003. Clamando frases como “Morte aos Estados Unidos”, “Morte a Israel”, “Maldição sobre os judeus” e “Vitória ao Islã”, o grupo não demorou para se declarar parte do “eixo da resistência” liderado pelo Irã contra Israel e o Ocidente.
Fonte: G1